ADAPTAÇÃO

‘Cidades de papel’ fala do mundo dos nerds e do rito de passagem para a vida adulta

Dirigido por Jake Schreier, longa adaptado do livro de John Green tem pequenas mudanças no roteiro

A partir de um enfoque pesado na idealização da pessoa amada, o protagonista do novo filme inspirado em livro do fenômeno John Green é um garoto de carne e osso, com incertezas e testosterona em ebulição. Com o mesmo diretor de Frank e o robô no comando do longa, Jake Schreier, Cidades de papel vem para ocupar nicho diminuído a zero, ultimamente: filmes sobre a saudável comunhão de jovens, integrados em grupos e favorecidos por envolvimento sadio.
Mas nem tudo preenche um mundo perfeitinho: por sorte, eles cometem pequenos delitos, como matar aula, e se arriscam fora da zona de conforto, alargando horizontes, como prenunciado pela cortejada e misteriosa Margo (Cara Delevigne). Como em qualquer obra de formação, os jovens se arvoram em cravar marcos definitivos: a primeira festa (pra valer), a viagem dos sonhos e o amor precipitado. Lembrando demais a jovem Brooke Shields dos anos 1970, Cara Delevigne – a protagonista feminina – faz gato e sapato de Q (simpático e crível tipo interpretado por Nat Wolf).
Cidades de papel trata de estereótipos juvenis, com a vantagem de desbaratá-los. Entram em cena a percepção crítica do lado nocivo da introspecção dos rapazinhos, o risco de categorizar as pessoas (quem mais sofre é Lacey, notada só pela beleza) e a construção totalizante de padrões sociais, no qual a história dos Papais Noéis negros é um achado.
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Na trama, que acomoda boatos e desconstrói a seletiva mirada daqueles que “veem o que querem ver”, não há apenas reflexão embutida na literatura de John Green. Com clima à la Conta comigo (1986), memórias inesquecíveis são construídas, na companhia de personagens como o ridículo Ben (Austin Abrams) e o gaiato Radar (Justice Smith).

Entre reflexões, como a do mundo das aparências, há boas referências que alcançam Walt Whitman e o folk Woody Gothrie; vale saber que há peso desmedido para o baile de formatura dos meninos.
Ah! Para quem sentir saudades de A culpa é das estrelas (do mesmo Green, e com os mesmos roteiristas), há uma breve surpresa, na trama de amadurecimento de Cidades de papel.
Duas perguntas // Nat Wolff
Em que aspecto você se empenhou mais, durante o processo do filme?
A única pressão que senti foi a de estar à altura do que havia encontrado no livro. Corresponder à esperança, à energia e aos temas.
No Brasil, a internet tem tendência a gerar polaridade. Isso se repete entre os norte-americanos?
Acredito que esse comportamento das dualidades se repete nos Estados Unidos. Mas o maravilhoso é que, de fato, ela conecta as pessoas. Quanto ao uso, percebo a internet como algo relativamente novo. Não há uso único e nada pode ser tomado como muito definitivo, ainda.
Confira o trailer de Cidades de Papel:
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