A quantidade de títulos novos no mercado editorial diminuiu em 8,5% em 2014, enquanto a tiragem cresceu em 9,3%. Os dados representam uma pequena retração do mercado que, para alguns editores, pode ser visto como um sintoma da crise econômica que chegou com mais intensidade este ano. O momento é de dúvida e de prudência, o que pode ter como consequência reduções no investimento. Encomendada pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) e pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) à Fundação Instituto de Pesquisa Econômica, a pesquisa Painel de Vendas faz um retrato do mercado editorial e do consumo de livros em 2014.
Para Marcos da Veiga Pereira, presidente do Snel, a diminuição na quantidade de títulos novos ainda não é um reflexo imediato da crise. “Acredito que a diminuição do número de título novos tem sua raiz na concentração do mercado livreiro. A crise econômica que estamos vivendo em 2015 certamente está refletida no mercado, mas os números recentes do Painel de Vendas mostram crescimento de 6,3% nas vendas nas primeiras 20 semanas do ano”, garante.
Um dos maiores impactos da crise foi a diminuição das compras de livros por parte dos governo. Se for considerada apenas a venda no mercado normal, a queda foi de 0,81%, mas se incluídas as vendas ao governo, esse índice sobre para 9,23%. Em 2014, o livro ficou mais caro e o preço teve um aumento real de 1,7%. Também foram editados menos livros de ficção que em 2013. A boa notícia é que, mesmo com um aumento real no ano passado, no geral, se contados os últimos 10 anos, o preço do livro teve uma redução de 40%.
De acordo com Sérgio Machado, editor da Record, os dados não apresentam surpresa, mas preocupam. Eles já seriam um indicativo de que a crise econômica bate à porta do mercado editorial. “Os editores ficam numa guerra muito grande para adquirir os livros porque é uma tentativa de ganhar mercado um sobre o outro, mas não há um aumento de leitor, somos um país de poucos leitores, é uma característica da sociedade brasileira. E, finalmente, piorou porque o governo tem diminuído suas compras. Este ano, praticamente parou”, diz Machado. “O setor sente uma crise e tem tentado se ajustar a ela, daí a redução no número de lançamentos.”