CADEIA PRODUTIVA

Mercado de arte em tempos de crise exige criatividade

Painel com especialistas discute aspectos do mercado brasileiro

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A crise econômica afetou o mercado de arte no Brasil este ano, mas a última década foi de prosperidade para o setor. É sobre o panorama atual que Baixo Ribeiro, da Galeria Choque Cultural , Fernanda Feitosa, da SP Arte, e Mônica Novaes, do Latitude, falam hoje em painel de palestras organizado como parte da programação da mostra Onde anda a onde, em cartaz no Museu Nacional da República. Amanhã, será a vez de os 17 galeristas de Brasília que participam da exposição se encontrarem antes de realizar um leilão de obras programado para o início da noite. A ideia é promover o debate sobre o mercado de arte no Brasil, em Brasília e no exterior e, ao mesmo tempo, estimular o contato entre os galeristas independentes da cidade.

Inovação é a palavra que guia as ações de Baixo Ribeiro na Choque Cultural, galeria independente de São Paulo cujo norte é apostar em novos públicos e novos espaços. “Os negócios que se desenvolvem nas bordas do mercado de arte são, muitas vezes, os responsáveis pelas inovações que dinamizam esse mesmo mercado”, acredita o galerista. para ele, a atual situação econômica não favorece novas experiências e o mercado se retraiu por causa da crise, além de os investidores estarem mais conservadores. “Nosso mercado é incipiente, um setor econômico pouco desenvolvido e ainda muito centralizado em São Paulo. O publico para a arte vem crescendo, pois as novas gerações são mais conectadas que as anteriores. Mas esse crescimento de público não se traduz imediatamente no investimento em inovação”, garante.
Mônica Novaes é consultora do Latitude, uma plataforma que reúne 49 galerias com o objetivo de promover a internacionalização do comércio de arte brasileira. Nascido em 2007 de uma parceria entre a Associação Brasileira de Arte Contemporânea (Abract) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), o Latitude conseguiu um volume de exportação de mais de US$ 51 mil em 2013. A maior parte desse volume foi de arte contemporânea. “Houve um grande salto nos últimos 10 anos em que as galerias no Brasil passaram a se reconhecer como um setor econômico. Isso levou a uma mudança de postura e maturidade do setor. Este processo ainda está em curso e trouxe uma onde de profissionalização para toda cadeia produtiva da arte”, explica Mônica.
 
Entrevista: Baixo Ribeiro
Qual o lugar de galerias alternativas, como a Choque Cultural, no mercado brasileiro de arte?
A Choque representa os projetos de arte que se focam em inovação e os novos espaços de arte que dialogam com novos públicos. Os negócios que se desenvolvem nas bordas do mercado de arte são, muitas vezes, os responsáveis pelas inovações que dinamizam esse mesmo mercado. É fundamental fomentar novos públicos e expandir o ecossistema da arte no Brasil, pois ainda temos um tamanho de mercado de arte que não condiz com a nossa riqueza, a oitava riqueza do mundo.
O momento atual é bom para o mercado e para as galerias? Por que?
A conjuntura econômica atual não favorece as novas experiências. O mercado se retraiu com a crise atual e, com isso, os investidores ficaram mais conservadores. Deveríamos ter uma política pública voltada a reequilibrar as forças econômicas para que os negócios nascentes e os negócios de cunho experimental pudessem se manter no mercado.
O mercado brasileiro tem uma característica específica, uma particularidade? Qual seria?
Nosso mercado é incipiente, um setor econômico pouco desenvolvido e ainda muito centralizado em São Paulo. O público para a arte vem crescendo, pois as novas gerações são mais conectadas que as anteriores. Mas esse crescimento de público não se traduz imediatamente no investimento em inovação, pois ainda não foram criados novos ambientes de investimento voltados para esse público. O colecionismo “clássico” não conversa com a juventude e os novos formatos, como o crowfunding, ainda não se consolidaram. Então, quem entra no mercado acaba seguindo a lógica do mercado financeiro, que privilegia a arte tradicional, material, patrimonial. Todos os projetos que visam novas experiências para o público, que lidam com novas mídias e novas tecnologias, que se dissociam do objeto ou exploram questões imateriais, acabam recebendo menos investimento, apesar de serem mais sintonizados com o futuro. Ou seja, sem um novo contrato social que enxergue e promova a inovação, estaremos sempre relegados a uma posição secundária no tabuleiro global.
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