MÚSICA

Em novo disco, cantora Maria Gadú aposta na poesia

Paulistana estreita relações com a guitarra em novo disco, que foge do conceito voz e violão a que estava acostumada

Entre os anos de 2009 e 2011, ela ficou conhecida por hits radiofônicos como Shimbalaiê, João de barro ou Linda rosa. Agora, lança o terceiro disco de inéditas, sai do comodismo e rende-se ao experimentalismo. O nome é Maria Gadú, e o disco, Guelã. Fugas como a dela, que sai da zona de conforto para oferecer um álbum com foco na canção, tem trazido um fôlego diferenciado ao que convencionou-se chamar de nova MPB, cena em que a intérprete e compositora se encaixa junto outros nomes como Silva, Mallu e Marcelo Jeneci, para citar alguns exemplos.
“Este CD foi feito com calma, ao longo de dois anos. Criei as músicas sozinha na minha casa. Só depois as registrei em estúdio”, comenta a cantora. “Os timbres de guitarra foram bem pensados, calculados”, completa a artista. A pegada mais soturna, no entanto, não a acompanha de hoje. São dois anos de dedicação ao projeto, que agora ganha corpo e turnê. O show chega a Brasília em dia 26 de junho, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, e traz a paulista acompanhada dos músicos Lancaster Pinto (baixo), Federico Puppi (cello) e Bianca Godói (bateria).
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Com timbres mais pesados, Guelã apresenta uma microesfera de Maria, a que algumas pessoas ainda não se habituaram. Canções como O bloco podem surpreender quem está acostumado a vê-la entre acordes solares de voz e violão. À primeira vista, tudo é novo na carreira da paulistana. O terceiro álbum da carreira surge quatro anos depois do último disco, Mais uma página. No novo projeto, deixou claro a intenção de oferecer ao público um produto mais poético e menos comercial.

É ela quem assina a produção, evidenciando o desejo de tomar as rédeas da carreira, assim como a maior parte das composições, feitas na sala de casa. Influência indireta do casamento com a produtora Lua Leça, realizado no ano passado. Múltiplas, as referências sonoras vão de sons étnicos africanos ao bom e velho Caetano Veloso, com quem Gadú mantém amizade desde o início da carreira, há seis anos. Na prática, ela estendeu as parcerias e compõe com Maíra Andrade, Maycon Ananias e o canadense James Brian. Todos são amigos que cultivou ao longo dos últimos anos, seja no Brasil ou seja nas importantes viagens ao exterior que renovaram a personalidade da paulistana.
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