ROBERTO RICCI

Cantor apresenta resgate de sotaques em CD

Músicas inéditas e canções de grandes cantadores foram cuidadosamente selecionadas para CD Sotaque sobre toadas vol. 10, do cantor e compositor Roberto Ricci

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Já está nas ruas o novo trabalho do cantor e compositor Roberto Ricci. O CD Sotaque sobre toadas vol. 10, com 11 faixas, é um resgate de toadas antigas e conhecidas do público, e uma mescla com músicas inéditas, reunindo canções de grandes cantadores e dos que estão iniciando na cantoria, mas que tem igual valor dentro da cultura popular.

Sempre trazendo algo novo para o cancioneiro maranhense, o cantor tem a preocupação de contribuir com o registro de toadas que fizeram história e de dar espaço para a produção de novos cantadores. Neste trabalho o cantor, que integra o cordão de cantadores do Boi de Maracanã abre o CD com uma faixa em homenagem a Humberto Macaranã, falecido no início deste ano. Saudades do Guriatã é uma composição inédita de Ricci. “Reflete bem o que ele deixou para a gente que é só saudade. Na faixa 10 também tem outra homenagem que é a música Ribeirão, Lendas e Mistérios. Essa música é de Humberto, cantada por ele e que nesse meu CD eu só reeditei. Está na voz dele mesmo”, conta Ricci.
Em outras faixas do disco Ricci mostra a habilidade nos sotaques de zabumba, Ilha e baixada. Na faixa O Bendito de São João, a ladainha tem as participações dos cantadores do Boi Itapera do Maracanã, Julinho e Jhone.
Em Nega Profecia (N. Senhora Aparecida), uma toada de João Chiador, Ricci homenageia o cantador reeditando a faixa que havia sido gravada no primeiro CD dele. “É uma forma de homenagear Chiador, que já deixou de cantar. Essa música ele canta comigo”.
Ricci destaca também a regravação da música Brincando Amei, de Manequinho, que foi gravada há algum tempo pelo Boi de Axixá, e a faixa Cabocla Incantada do Boi Estrela Maior de Paço do Lumiar. “É o que eu falei, uma mescla de músicas antigas com músicas não tão conhecidas”, comenta. Guerreiro Valente (É tchin, é tchan) é uma toada do sotaque de Pindaré (baixada) tocada no violão com participação especial de Zé Domingos, do Boi de Santa Fé. O CD também tem a participação do cantador Dedê, da nova safra de cantadores do Boi Sítio do Apicum.
“O que vale destacar também são os três sotaques que faço. O da Ilha (matraca) faço só no violão. Os outros sotaques tem harmonia com outros instrumentos”, ressalta. De fato, quem já assistiu a uma apresentação de Ricci sabe que o artista tira das cordas do violão sons que se assemelham aos das matracas e pandeirões, quase parecendo uma orquestra de percussão.
Há 28 anos o cantor e compositor Roberto Ricci encanta o público maranhense com suas composições, voz e versatilidade ao tocar o seu violão, fazendo dele um instrumento de percussão e não somente de cordas. Com uma carreira bem-sucedida como músico, nem mesmo a falta de visão desde que tinha um ano de idade foi algum limite para que ele conseguisse alcançar o que queria na carreira artística. “Cada CD que a gente consegue botar na rua é como se ganhasse o Oscar, porque não é fácil. Se o artista não tiver muita perseverança ele para. Porque existe a laranja boa para alguns e para outros, o bagaço. Além de tudo, não há união para mudarmos essa realidade da nossa cultura, e sem união não há força”, avalia Ricci.
Famoso por criar um jeito novo de tocar o instrumento, chamou a atenção dos públicos mais rigorosos, chegando a mostrar seu trabalho nos programas globais Domingão do Faustão e Programa do Jô.
Natural de São Luís começou a ter contato com a música com apenas sete anos de idade e desde então não parou mais. Autodidata, afirma não saber como nasceu todo o seu conhecimento musical, diz apenas que ele foi surgindo, o que ainda acontece até hoje.
Quatro perguntas//Roberto Ricci
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Como você define esse trabalho para o público?

“É um trabalho amadurecido. O que acho interessante destacar é a homenagem que estou fazendo a Humberto, a Chiador que já não está mais cantando. Tenho a sensatez de lembrar os cantadores de forma cuidadosa, lembrar as toadas, dar espaço para as novas. E eu gosto que o público avalie. Eu faço um trabalho técnico e deixo o público avaliar. O CD é do público. Depois que faço ele é da rua”.
Você fará um lançamento específico para o CD?
“Não costumo fazer. Em todos os shows que faço levo CD, mostro o repertório… Eu estarei dia 19 no batizado do Boi Brilho da Noite de Orquestra, da Liberdade; e no dia 23 é o batizado do Boi de Maracanã. Então nessas ocasiões eu levo CD”.
Como está a temporada junina para você?
“Tá como está para todo mundo. A nossa cultura tende a cair. Não sei o que acontece que ela não cresce, mas em sempre fui independente, e a gente se vira. Não se espera muito da nossa cultura. Até agora ninguém sabe como vai ser, o que vai acontecer. Eu vou acompanhar o Boi de Maracanã, do qual já faço parte como cantador há quase 7 anos e paralelamente tenho uma agenda com shows na capital e no interior até julho, período que acaba o São João para mim”.
E falando em Maracanã… e o Maracanã sem Humberto?
“A responsabilidade de todo mundo aumentou porque a gente está representando o ícone que fez um grande trabalho pela cultura. Levantar essa bandeira não é muito fácil, ainda que tenhamos a família dele e Teteco, Ribinha, Humberto Filho. Para mim é mais difícil que não sou da família, mas vamos tentar mostrar o que ele deixou fortalecendo o trabalho de tradição do Maracanã”.
Para adquirir o CD
O CD está à venda por 15 reais e pode ser adquirido com o próprio artista pelo telefone (98) 9 9971-4391.
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