TRADIÇÃO

Brincantes e grupos de bumba-boi se reúnem para festejar e receber as bênçãos de São Pedro (hoje) e São Marçal (amanhã)

  É festa para São Pedro e São Marçal. Os festejos juninos estão no fim e para coroar uma temporada bem sucedida em que alguns grupos passam boa parte do tempo se preparando para brilhar nos arraiais, a devoção a São Pedro, o pagamento de promessas, a renovação de outras e o agradecimento ao santo […]

São Marçal
 
É festa para São Pedro e São Marçal. Os festejos juninos estão no fim e para coroar uma temporada bem sucedida em que alguns grupos passam boa parte do tempo se preparando para brilhar nos arraiais, a devoção a São Pedro, o pagamento de promessas, a renovação de outras e o agradecimento ao santo dão o tom do dia de hoje em que desde as primeiras horas da manhã os grupos de bumba-boi se reúnem em volta da Capela de São Pedro, no Largo da Madre Deus, para receber as bênçãos do santo, considerado o padroeiro dos grupos de bumba meu boi. Após se apresentar nos arraiais da capital, dezenas de grupos de bumba-meu-boi enfrentam uma prova de resistência para manter a tradição cultural.
O encontro dos grupos de bumba meu boi, no Largo é uma tradição de mais 70 anos. Começou com um pequeno grupo de pescadores e hoje reúne uma multidão. Um espetáculo profano e ao mesmo tempo sagrado que revela a alma do povo maranhense. “O boi se batiza e fica pronto para a temporada e no final a gente agradece e pede para a próxima vir melhor”, afirma o brincante José Raimundo, do boi de zabumba Unidos Venceremos.
Quem observa a Capela da parte baixa do Largo percebe o sobe e desce dos grupos e brincantes por uma vaga na igreja, onde de joelhos agradecem a São Pedro. Misturados aos batalhões os admiradores se juntam para homenagear o padroeiro dos pescadores e dos ‘boeiros’.
Ainda na noite de hoje, a partir das 18h, se apresentam no Largo da Capela os grupos Boi de Santa Luzia (Baixada), Tambor de Crioula de Djalma, Boi Brilho de São João do João Paulo (Matraca), Boi de Dona Zeca (Zabumba), Boi Estrela Guia (Orquestra), Boi da Maiobinha (Matraca).
O último santo junino
As festividades de São Marçal marcam o último dia oficial das festividades juninas em São Luís. Dezenas de bois de matraca da capital se reunirão na avenida São Marçal, no João Paulo na 88ª Festa de São Marçal. De hoje para amanhã, 30, dificilmente brincantes e organizadores de grupos de bumba-meu-boi dormem. Quando muito, descansam.
A festa de São Marçal é uma tradição que independe, pelo menos para os grupos, de recursos financeiros. No dia de São Marçal, matracas e pandeirões dão o tom da festa. É uma celebração que atravessa o tempo e também testa a força, fé e resistência de brincantes, organizadores dos grupos e admiradores dos batalhões que ficam na rua desde a madrugada anterior.
Na edição deste ano, cerca de 37 batalhões de todo o Estado estão sendo esperados desde as primeiras horas do dia. Como o desfile dos grupos é por ordem de chegada, muitos deles já chegam à avenida na noite do dia anterior e deixam seus carros para garantir a vaga. A novidade deste ano, segundo informações de Raimundo Morais, presidente do Instituto São Marçal, é no horário. As apresentações começam à meia-noite de 29 para 30 e se estendem apenas até as 18h. “A prioridade será para os grupos do interior que precisam se deslocar ainda no mesmo dia para suas cidades de origem. Mas essa questão do horário não vai afetar a programação da festa”, afirma.
Seu Joaquim Silva, o seu Zuca, do boi de São José dos Índios, diz que sai da Capela de São Pedro direito para lá. “Para garantir a vaga, para que a gente não passe tão tarde. Não tem descanso, mas vale a pena”, diz ele.
Com 300 componentes e a tradição firme de homenagear São Marçal, cansaço, ou falta de recursos financeiros não são impedimento. “É nosso último dia de festejo junino, então temos que agradecer pela temporada. Embora seja muito caro sair nessa festa porque temos de alugar um carro de som, reforço que vale a pena manter a tradição” afirma.
A data significa mais do que uma festa para o santo, representa o final da temporada junina e uma forma dos bois do sotaque de matraca se despedirem das festividades em grande estilo, em um grande encontro. “É um momento em que os batalhões se esforçam para manter a tradição e a força da festa, em meio a tanta gente”, continua seu Zuca.
Para José Inaldo, presidente do boi da Maioba, 2 carros de som, a exemplo do ano passado, serão disponibilizados para a festa de São Marçal, além de milhares de brincantes. A questão do novo horário para ele é uma ótima ideia, pois os grupos sempre quiseram passar cedo para dar descanso aos brincantes. “O importante é que estejamos lá como sempre estivemos todos os anos e encerrar a temporada junina com chave de ouro”, garante José Inaldo.
Um dos maiores batalhões do estado, o Boi de Maracanã disse que vai levar para o local o batalhão que costuma se apresentar nos arraiais. A questão da organização é uma reivindicação antiga de todos os grupos que se apresentam No formato atual cada grupo tem que levar seu carro de som. “Uma festa que já existe há mais de 80 anos merecia um pouco mais de organização. Por exemplo, já era pra haver um som para todos os grupos, como há na Passarela do Samba. Todo mundo quer chegar lá, quer passar, quer botar seu som, e aí se torna desorganizado”, reclama Maria José, presidente do Boi de Maracanã. “Mas não podemos deixar de homenagear São Marçal, que é tradição do Maracanã também”, declara. O Maracanã que este ano homenageia Humberto de Maracanã, falecido no ínicio do ano, traz à frente da cantoria, Humberto Filho, Teteco e Ribinha, além de Roberto Ricci.
Estrutura
Segundo os organizadores, este ano, o circuito vai ter dois palcos, 100 banheiros e sistema de som com cinco locutores, que se revezarão a cada 6h nos microfones. A festa começa oficialmente às 00h da manhã e vai até as 18h. Cerca de 1000 pessoas estarão envolvidas em todo o processo do evento, desde a infraestrutura de trânsito até a segurança. Serão 600 policiais se revezando em três turnos.
Dia de feriado para o brincante
O Dia de São Marçal é também o Dia Municipal do Brincante de Bumba-meu-boi e ponto facultativo municipal decretado por meio de lei de 2006, mesmo ano em que a Prefeitura de São Luís, sancionou a lei que alterou o nome da Avenida João Pessoa para São Marçal, atribuindo à Festa de São Marçal o título de bem cultural e imaterial.
Nesse dia o bairro do João Paulo, reduto do encontro de bois, fica interditado para a festa e é um marco para os brincantes do bumba-meu-boi que são milhares. No ano passado pelo menos 200 mil pessoas, segundo a organização, se juntaram aos batalhões, e 27 grupos passaram pela avenida.
A concentração começa na Praça Ivar Saldanha. Até a dispersão, nas proximidades da farmácia Big Ben, o percurso é de 300 metros de extensão. Os grupos tem cerca de 25 minutos para permanecerem em frente ao palanque até a dispersão.
Durante todo o dia o 24º Batalhão de Caçadores faz a distribuição de água e caldo de feijão para os participantes, dando aquela ajuda para que todos aguentem a festa.
VER COMENTÁRIOS
Polícia
Concursos e Emprego
Esportes
Entretenimento e Cultura
Saúde
Negócios
Mais Notícias