Laerte Coutinho se tornou conhecida pelo trabalho como cartunista. Em 2004, ao se declarar transgênero, a quadrinista ganhou ainda mais repercussão. A partir de terça-feira, Laerte terá mais um motivo para se destacar ao estrear sob o comando do programa ‘Transando com Laerte’, no Canal Brasil.
A atração consiste em um programa de entrevistas, de formato descontraído, em que Laerte recebe em cada episódio em seu ateliê, em São Paulo, um convidado para debater um tema. “É uma conversa que eu tenho em torno do tema, que é um ponto de partida, não, necessariamente, é um debate só sobre aquilo. Muitas vezes surgem outros papos”, comenta a artista em entrevista.
O programa ainda conta com a participação do filho de Laerte, o quadrinista Rafael Coutinho, que também recebe outro convidado para elaborar trabalhos gráficos que tenham a ver com a temática do episódio no quadro Duelo de imagens.
Ideias culturais
Apesar de ser a estreia como apresentadora, Laerte tem um história antiga com a televisão brasileira em sua carreira. Ela atuou como roteirista em diversos programas da Rede Globo, nos humorísticos ‘TV Pirata’ e ‘Sai de baixo’, além da atração infantil TV Colosso. “Não quero me tornar alguém da tevê, nem entrar nela, porque eu já entrei quando trabalhei produzindo roteiros. Quero usá-la em função de um movimento do qual faço parte, um movimento de ideias culturais”, explica a quadrinista.
Mesmo assim, a primeira vez em frente das câmeras no comando de um programa próprio deixou Laerte ansiosa. “Fiquei supernervosa. Mas eu estava com uma equipe forte e tranquila e deu tudo certo”, define.
Duas perguntas para Laerte Coutinho
Como surgiu a ideia do nome ‘Transando com Laerte’?
A ideia é recuperar um sentido que a palavra transa já teve no passado, que era algo mais rico e mais complexo do que um ato sexual. Transa era uma transação entre pessoas, uma troca de ideias e de possibilidades. Queria trazer um pouco disso e usar “trans”, que é muito a minha cara, pois sou uma pessoa transgênero e a ideia é que transito e cruzo fronteiras.
Seu filho participa do programa com você. Como veio a ideia dessa parceria?
No programa, ao mesmo tempo que a pessoa é entrevistada tem outra fazendo um desenho. No princípio, eu tinha pensando em eu mesma desenhar. Mas os resultados desse tipo de proposta eram irregulares. Não sei se ia dar certo. Preferi convidar uma pessoa mais segura, que era ele.