COM REFLEXÃO

Animações de cinema têm enredo cada vez mais complexos

Filmes como ‘Divertida Mente’ reafirmam a identidade com adultos ou com crianças cada vez mais espertas

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No retorno da produção da Pixar em animações, passado ano de jejum, ‘Divertida mente’, que estreia na próxima quinta (18/6), trará mais do que um filme de crianças para os cinemas. Em um projeto que prima pela qualidade, o diretor Pete Docter (‘Monstros S.A.’ e ‘Up: Altas aventuras’) se esbalda no quesito originalidade e promove uma baderna mental parecida com o efeito causado no ótimo ‘Horton e o mundo dos quem!’ (2008).

Primeiro na dobradinha da Pixar (que, em novembro, trará ‘O bom dinossauro’, com adolescentes de duas espécies interagindo), ‘Divertida mente’ cria, pelo roteiro, uma narrativa repleta de conceitos, muito visuais, claro. Riley, na trama, é uma garota de 11 anos que, diante de inesperada mudança para São Francisco, sente na pele o borbulhar das emoções (raiva, tristeza, alegria e afins), tendo o espectador como privilegiado, já que assiste, de camarote, pretensões e emoções dos personagens que personificam cada sentimento.
‘Divertida mente’ estará acompanhado pela exibição do curta-metragem Larva, confirmando a superação da ideia de animação como nicho menor, voltado exclusivamente para público infantil. Numa concepção havaiana, o filme — todo musicado — mostra o poder de fogo dos vulcões na pegada do amor. Também com muito fogo, chega às telas, na quinta, o longa Dragon Ball Z — O renascimento de Freeza, que revira origens e celebra o potencial de um vilão, pronto para ser ressuscitado. Com participação crescente no longa Meu malvado favorito, personagens minúsculos ganharão autonomia (ladeados por perversos vilões), em ‘Minions’, previstos para estrear na próxima semana.
O grau de conceitos e o ilimitado teor de criatividade nas animações estão presentes inclusive em produções nacionais, como Até que a Sbórnia nos separe, recém-mostrado nas telas da cidade (leia entrevista com o codiretor Otto Guerra). Igualmente caótico, Asterix e o domínio dos deuses (2014) tem sessões em Brasília, antes da chegada ao circuito de exibição. Na fita, gauleses são arrebatados, temporiamente, pelos romanos, ao entrar em contato com avanços sociais. Confira, ao lado, outros títulos que — dependentes da computação e até do saudosismo dos marmanjos dos anos 1980 (caso de Pixels) — driblam o mero rótulo de filme infantil.
Vem aí
‘O pequeno príncipe’
Não é exatamente a transposição pura e simples do texto de Antoine de Saint-Exupéry, esse novo filme de Mark Osborne, conhecido por ‘Kung Fu Panda’, que teve produção francesa e estreará em 8 de outubro. Ao custo de US$ 81 milhões, e com as vozes de Jeff Bridges, James Franco e Marion Cotillard arregimentadas para dublagem, Osborne insere na trama uma garota que testemunha um acidente ocasionado pela hélice do exótico vizinho aviador. O velho repassará à menina, no filme feito com técnica quadro a quadro e exibido no Festival de Cannes, a trama do príncipe apegado a um asteroide e à rosa vermelha.
‘O conto da princesa Kaguya’
Com estreia em 16 de julho, ‘O conto da princesa Kaguya’ teve o raro feito de emplacar o produtor das fitas do renomado Hayao Miyazaki (‘O castelo no céu’ e ‘Nausicaä’), Isao Takahata, como concorrente ao Oscar. Perdeu para Operação ‘Big Hero’ e, mas, o quase octogenário diretor agigantou — pela vitrine da indústria de Hollywood — o público para a adaptação que fez do conto O corte do bambu. Na trama, vinda ao mundo como microbebê, a protagonista pode ser punida, ao se esquivar da obrigação de ceder às investidas de cinco pretendentes, entre os quais o próprio Imperador.
‘Canção do Oceano’
No passado, o mesmo diretor de ‘Uma viagem ao mundo das fábulas’, Tomm Moore, havia perdido o Oscar, com louvor, para ‘Up: Altas aventuras’, e agora, em 2015, voltou ao páreo, ao lado de ‘Como treinar o seu dragão 2’. Novamente derrotado, ele tem a nova fita na fila de espera por um distribuidor brasileiro. Indicado ao prêmio César, ‘Canção do Oceano’ mostra a luta da menina Saoirse, capaz de transmutar-se em foca, preocupada com o destino de criaturas mágicas, como ela, às vias de serem extintas.
‘Pixels’
Com as credenciais de ser roteirista de ‘Os Goonies’ e diretor de ‘Harry Potter e a câmara secreta’ (2002), para os mais jovens, o cineasta Chris Columbus tem à mão, para a investida em ‘Pixels’, os astros Peter Dinklage (‘Game of thrones’) e Adam Sandler. Na trama, com personagens de carne e osso, o presidente americano escala jogadores de clássicos videogames, a fim de derrubar ídolos do passado, saídos da telinha da tevê, como Pac Man, Donkey Kong e Space Invaders, todos chegados em versão alienígena para a Terra. O componente da animação para o lançamento de ‘Pixels’, inesperadamente, veio dos estúdios de Mauricio de Sousa: ao completar 50 anos, a icônica Mônica entrou — em versão pixelada — para um hotsite especial. O filme ‘Pixels’ chegará às telas de cinema no dia 23 de julho.
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