TELEVISÃO

Febre de reality shows toma conta da televisão

O gênero se tornou uma espécie de laboratório humano para observar a realidade

Foto: Reprodução da Internet.


Reprodução da Internet

'Elenco' do reality ''Keeping up with the Kardashians'

A vida de Truman Burbank era um programa de televisão. Em ‘O show de Truman’ (1998), os dramas e conflitos do personagem “real” atraíam bilhões de espectadores ao redor do mundo. A premissa do longa-metragem de Peter Weir retrata o interesse da indústria televisiva e do público diante da vida privada. Assim como na ficção, reality shows se tornaram uma espécie de “laboratório” humano para observar a realidade. A diversidade temática é extensa. Independentemente da proposta, o foco é constante no indivíduo. A ordem é captar a experiência em tempo real e transmiti-la ao telespectador. Na semana passada, o canal E! Entertainment anunciou um reality para exibir a mudança de sexo de Bruce Jenner, 65, patriarca do clã dos Kardashian, família cuja vivência já foi parar em um programa do tipo.

Pesquisadores associam a popularização do gênero ao custo mais barato do formato em relação às tramas ficcionais e um incremento da relação de intimidade com o telespectador. “A força vem de uma atenção para o sujeito. A estratégia para atrair audiência passa pela construção de uma linguagem que privilegia a ideia de flagrar a vida do outro”, analisa a pesquisadora Valéria Maria, da Universidade Federal da Bahia.
A intimidade é uma das sensações despertadas pelos reality shows no público. De acordo com Valéria, alguns elementos são incorporados em outros formatos televisivos, como o jornalismo. Programas como ‘A liga’ (Band) e ‘O infiltrado’ (History Channel) se concentram na experiência do repórter diante da notícia. Na ficção, a série ‘Modern family’ (Fox) aborda a intimidade da família Pritchett e é filmada como se fosse um documentário. “Há uma hibridização dos gêneros. A tevê contemporânea tem apelado para essa construção de intimidade com o espectador, a exemplo das mudanças recentes do Jornal nacional (Globo), que procura uma relação mais íntima com o telespectador”, complementa Valéria.
Ainda sobre a relação híbrida, os gêneros reality show e documentário se aproximam. “A fronteira entre documentário e reality é tênue. Acredito que se torna uma estratégia mais comercial. Série ‘documental’ ganha mais prestígio que reality show, que é algo mais popular”, pontua Bruno Campanella, da Universidade Federal Fluminense.
O primeiro reality da TV foi ‘An american family’, em 1973, que explorava os dramas familiares. De lá para cá, o formato se manifesta de diferentes maneiras. No Brasil, programas de competição são os mais comuns, sobretudo os gastronômicos, como ‘MasterChef’, ou de confinamento, como ‘Big brother’. “Mesmo nos programas de competição, as narrativas são centradas nas histórias pessoais dos participantes. O público não conhece o sabor do prato, por exemplo. E se identifica com o personagem criado para aquela trama, que chegou ali por conta da história pessoal”.
Realidades
Celebridades
Recentemente, o canal E! anunciou a série documentário sobre Bruce Jenner, que focará na mulher transexual. Ela ficou em evidência na entrevista em que comenta a mudança de sexo.Ainda não há previsão de estreia.
Já a atriz Lindsay Lohan, de 28 anos, costuma ser associada a “encrenca”. A vida privada da norte-americana virou tema do reality Lindsay, produzido por Oprah Winfrey, que estreou no ano passado. No Brasil, os oito episódios foram exibidos pelo canal TLC. Mostra depoimentos da atriz, após a reabilitação.
Família
Já na décima temporada, ‘Keeping up with the Kardashians’ prova o interesse do telespectador em vida particular. A rotina da família, os bastidores do casamento de Kim e Kayne West, o processo do divórcio de Kris e Bruce, as brigas e dúvidas familiares já renderam. A audiência média chega a 3,3 milhões de telespectadores.
‘The Osbournes’, exibido entre 2002 e 2005 na MTV, abordava a relação da família do roqueiro Ozzy Osbourne. No ano passado, a esposa do artista chegou a confirmar uma nova temporada para o canal.
Votos
Em ‘The sisterhood: Quase freiras’, cinco mulheres protagonizam o processo de decisão de fazer os votos religiosos e se tornar freiras. Em seis episódios, a atração é transmitida no Lifetime, às segundas, às 22h30. O programa acompanha a rotina em três conventos.
O reality brasileiro ‘Um show de noiva’, exibido no canal E!, retrata as dúvidas frequentes de mulheres à beira do altar: qual o vestido ideal para o dia D? O programa conta com dez estilistas, que atuam como consultores. As histórias por trás das escolhas movimentam a produção.
Mulheres
A cantora Tati Quebra Barraco atuará como mentora do reality ‘Lucky ladies’, que deve estrear no dia 25 de maio na Fox Life. MCs Sabrina, Carol, Mulher Filé, Karol K e Mary Silvestre participam da atração e vão conviver em uma cobertura em Copacabana.
Alguns brasileiros cultivam saudades do programa ‘Mulheres ricas’, que teve duas temporadas na Band. Ainda no foco em socialites, a versão norte-americana rende até hoje diferentes edições, como ‘The real housewives of Atlanta’, exibida às quintas-feiras, às 19h45, na Fox Life.
Romance
A versão brasileira do ‘Are you the one?’ é uma espécie de competição, mas sem desprezar escolhas pessoais. Dez homens e dez mulheres são confinados em uma casa com o propósito de encontrar o par ideal. O programa é exibido na MTV, aos domingos, às 21h30.
A adaptação brasileira do programa norte-americano ‘The bachelor’ – já teve 18 temporadas nos EUA – foi feita pela Rede TV! e estreou no ano passado. O italiano Gianluca Perino, que mora no Brasil há 10 anos, procurou o par ideal entre 25 candidatas confinadas em uma mansão.
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