TRADIÇÃO

Dona Jacy Gomes Serra realiza Oficina de Formação de Caxeiras no Laborarte

O ritmado toque das caixeiras, bem como onde tudo se originou e os cânticos das principais etapas da festa do Divino Espírito Santo no Maranhão serão o foco da Oficina de Formação de Caixeiras No Bater da Minha Caixa, por Dona Jacy Gomes Serra, caixeira régia da Casa das Minas, a partir de hoje até […]

Jacy

O ritmado toque das caixeiras, bem como onde tudo se originou e os cânticos das principais etapas da festa do Divino Espírito Santo no Maranhão serão o foco da Oficina de Formação de Caixeiras No Bater da Minha Caixa, por Dona Jacy Gomes Serra, caixeira régia da Casa das Minas, a partir de hoje até o dia 8 (sexta-feira), das 17h às 19h, no Laborarte (Centro).

A oficina é destinada a qualquer um que queira aprender: estudantes, universitários, estudiosos da festa do divino, artistas e ao público interessado no conhecimento do ritual da festa do divino no Maranhão.
Segundo dona Jacy, “se já tiver noção ótimo, mas se não tiver, se não souber nada, não tem problema. Embora o tempo seja curto, mas já dá para sair com bastante ensinamento. Já é um começo”, diz ela.
Os trabalhos começam com a parte teórica. Dona Jacy inicia uma conversa com os participantes para contar a história da festa, como surgiu, de onde, porque é cultuada. “Todo mundo tem conhecimento de que o Divino é de tradição portuguesa, veio dos Açores para o Brasil, depois para o Maranhão, se firmou em Alcântara e se espalhou para outros municípios. Então é importante dar essas informações para que a pessoa não toque apenas por tocar”, diz dona Jacy.
Em seguida dona Jacy mostra os cânticos. Os repentes são de improviso, um dom que a caixeira possui. As oficinas também são lugar para perceber quem nasceu para fazer os repentes. “Quem entra na festa parece que ganha o dom. E quem se interessa a gente já vai sondando”, comenta dona Jacy.
As oficinas são importantes, mas para dona Jacy, a coisa vai além de saber cantar e tocar. Para se formar caixeira régia é preciso abrir mão de muitas coisas. “Não é fácil. Tem as obrigações com as festas, com as casas. É muita responsabilidade que não se aprende de uma hora para outra, mas tudo que a gente faz pelo Divino Espírito Santo é feito com prazer. Se não houver prazer, devoção não funciona”, atesta a caixeira.
Dona Jacy tem 72 anos e é caixeira-régia há 40 anos, somente da Casa das Minas há 36, mas também toca em outras 32 casas. É trabalho o ano todo. “Não tem tempo para o tédio. É muito trabalho todo tempo”, comenta ela.
Nascida no bairro da Macaúba, a função na família dela vem passando de geração a geração. Primeiro a avó, depois a mãe e agora ela, que assumiu o compromisso de reger a festa. Mãe de 7 filhos, sendo todos evangélicos, apenas uma parece que vai seguir os passos de dona Jacy. “Ela me acompanha na Casa das Minas, vai às festas, toca caixa e fica lendo minhas coisas, estudando, se aprofundando. Está com 17 anos e acho que vai querer levar a sério”, conta dona Jacy, que é sobrinha/afilhada de Dona Celeste (já falecida), da Casa das Minas.
O objetivo dessas oficinas realizadas pelo Laborarte é exatamente formar caixeiras, pois hoje, segundo dona Jacy, os jovens não querem mais essa responsabilidade. “Antes as crianças iam nascendo e ocupando aquele espaço nas Casas, agora não. Tem festa que a gente vai que tem duas caixeiras. Hoje os nossos herdeiros são atraídos pelas festas, por outras coisas. Não tem mais interesse”, lamenta.
Ser caixeira
A caixeira-régia é a mais experiente dentro do ritual da festa do Divino Espírito Santo e exerce a função semelhante a de um maestro em uma orquestra regendo as demais caixeiras. Geralmente são devotas do Divino e já participam do terreiro há muito tempo. Elas têm autonomia sobre os cânticos, sabem todas as letras de cor e improvisam com naturalidade, se necessário. Possuem amplos poderes para interferir na Festa, conduzir o ritual e sabem de tudo na festa, dos preparativos, passando pela abertura da tribuna até o fechamento. São praticamente sacerdotisas.
Para essas senhoras, devotas do Divino Espírito Santo, ser caixeira é um dom de Deus, uma missão espiritual, mas assim com dona Jacy, a maioria enfatiza que qualquer pessoa pode se tornar caixeira do Espírito Santo, basta querer e ter a vontade de aprender. “Por isso essas oficinas são importantes porque fazemos a parte teórica e prática”, comenta dona Jacy.
Aprendizado – Para Deuzima Serra, integrante do Laborarte e filha da caixeira Cecé, o legado que essas senhoras deixam para estudantes, pesquisadores, é muito rico para a cultura popular e os cultos religiosos. “Elas tem muito o que ensinar para a gente. Passei a minha infância vendo a minha mãe tocando caixas e tenho um respeito muito grande por isso. Acho que existe uma nobreza muito grande nesse trabalho que elas desenvolvem e nessa vontade de manter a tradição da festa do Divino”, avalia a estudante.
Serviço
O quê? Oficina de Formação de Caixeiras “No Bater da Minha Caixa”
Quando? De 4 a 8 de maio, das 17h às 19h
Onde? Laborarte (Rua Jansen Muller, Centro)
Quanto? R$ 50,00
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