MÚSICA
Davi Moraes e Moraes Moreira lançam o disco ‘Nossa parceria’
Músico que estreou no palco ao lado do pai aos 11 anos, convidou o ‘novo baiano’ para dividir com ele seu terceiro álbum
Garoto ainda, Davi Moraes subia ao palco para imitar os músicos que acompanhavam seu pai, Moraes Moreira. Quando completou 7 anos se encantou pelo cavaquinho. O tamanho diminuto do instrumento caía como uma luva para a mão pequena do menino.
Já nessa época ele aprendeu a tocar ‘Brasileirinho’, o clássico dos clássicos do choro. E foi com a rapidez necessária para a música de Waldir Azevedo que Davi estreou efetivamente em show. Uma estreia e tanto, já que foi no Rock in Rio de 1985. Ele tinha, então, 11 anos.
‘Nossa parceria’, primeiro álbum de Davi Moraes e Moraes Moreira, vem documentar essa relação. A aproximação profissional ocorreu na última década, com show em duo que já rodou o país. Também foram vistos na turnê ‘Acabou chorare’, de Moraes Moreira, que está em final de temporada.
Quando estava preparando o repertório de seu terceiro álbum, Davi, mais velho dos quatro filhos de Moraes Moreira, viu que tinha algumas boas parcerias com o pai. A decisão foi rápida. Por que não fazer um disco inteiro?
As três músicas que serviram de base para o álbum são os choros instrumentais ‘Seu Chico’ e ‘Chorinho pra Noé’, além de ‘Quando acaba o carnaval’, com letra que remete ao fim da folia pernambucana. É a partir desse encontro que os dois Moraes – o mais velho violonista; o mais novo, guitarrista e bandolinista – desenvolvem o trabalho.
‘Nossa parceria’ traz 10 faixas, numa viagem pelo Brasil dos Moraes: a Bahia natal, o Rio onde vivem e Pernambuco, que sempre os tratou tão bem. Ou seja: música afro, choro e frevo.
Só que tudo vem junto, mostrando que, apesar da sonoridade bem característica dos três estados, a música brasileira é miscigenada. ‘Bossa e capoeira’ (do baiano Oscar da Penha, o Batatinha), que abre o álbum, traduz isso: o berimbau acompanha toda a cadência do samba, que tem início com Davi na voz. O canto é mais suave do que o de Moraes, que entra na segunda parte da canção, de maneira rascante.
‘Frevo capoeira’ é uma música típica do repertório de Moraes Moreira, cheia de referências à cultura popular de Pernambuco. “A ideia era contar a origem do frevo, que nasce do dobrado, do maxixe e da capoeira. (Numa apresentação de frevo) Os capoeiristas é que vêm na frente, protegendo a banda, que se apresenta atrás. Por isso escolhemos esse título”, conta Moraes Moreira.
‘Bahia oi Bahia’ (Vicente Paiva e Augusto Mesquita), interpretada por Moraes Moreira por sugestão de João Gilberto, tem uma levada de bossa nova, só que com o acréscimo do cavaquinho de Davi. ‘Coração a batucar’ (Davi e Alvinho Lancellotti) é outra bossa com sotaque de samba, só que com o Moraes mais novo no vocal.
Moraes deixou para o filho a função de arregimentar os instrumentistas que participaram do trabalho. “Só o Cesinha (baterista) que toca comigo há bastante tempo”, conta ele. Entre os convidados estão Daniel Jobim e Marcelinho Moreira (piano e percussão, respectivamente, em Coração a batucar); Alberto Continentino e Marlon Sette (baixo e trombone na canção-título).
Em show, ‘Nossa parceria’ estreia no final de junho, no Rio. Com banda, bem diferente do formato intimista com que Davi Moraes e Moraes Moreira têm rodado o país.
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