A frase do advogado Francisco de Sá Carneiro, remete a comunicação, que apesar de ser um tema recorrente, é importante e sempre atual para ser abordado, pois ocorre em todas as instâncias da sociedade. Pensar e fazer comunicação é algo que vai além do simples ato de se comunicar. A comunicação social é o estudo das causas, funcionamento e consequências da relação entre a sociedade e os meios de comunicação de massa – rádio, revista, jornal, televisão, teatro, cinema, propaganda, internet. Ela engloba os processos de informar, persuadir e entreter as pessoas.
Hoje, 31 de maio, comemora-se o “Dia Mundial das Comunicações Sociais”, instituído a partir do ‘Decreto Inter Mirifica’, a partir de maio de 1967, pela Igreja Católica em todo o mundo. Nessa data, deveriam os católicos pensar sobre a importância dos instrumentos de comunicação social, como a imprensa, a televisão, o rádio e o cinema, no relacionamento da Igreja com toda a sociedade.
No entanto, independentemente de sua conotação religiosa, o dia passou a ser também uma oportunidade de discutir a importância da comunicação como um todo e, principalmente, a evolução dessa comunicação.
“Não dá para apontar uma mudança pontual, visto que é uma área do conhecimento em constante mutação, especialmente em relação aos suportes onde é praticada. Assim, os impactos gerados, por exemplo, na adoção da prensa gráfica em relação aos manuscritos são, historicamente falando, tão relevantes quanto o uso das redes sociais como instrumentos de informação instantânea”, explica o jornalista e professor do curso de Comunicação Social da Universidade Estácio de Sá, Paulo Pellegrine.
Atuante na área há 21 anos, o jornalista exerce hoje duas importantes funções: a de fazer comunicação e a de formar comunicadores. Nesse contexto, ele observa: “A comunicação exerce um papel fundamental na sociedade contemporânea e os profissionais estão atentos a isso! Há uma troca de informações muito grande entre os mais novos e os mais experientes. Possivelmente, muitos dos mais novos sejam autodidatas em relação ao uso das tecnologias, mas ainda precisam da experiência dos mais antigos no tocante a questões práticas, como por exemplo, a melhor forma de abordar um fato, dicas de entrevista, qualidade textual, etc”, ele explica.
O jornalista político e diretor de redação de O Imparcial, Raimundo Borges, analisa que em meio a essas mudanças, estão as novas tecnologias como a mais pontual delas, no que engloba o jornalismo impresso. “Minha visão hoje é que a grande revolução no mundo da comunicação foram as novas tecnologias e a internet, principalmente para quem vivenciou um jornalismo feito praticamente de forma artesanal como era no começo da década de 70, onde fazíamos praticamente tudo manualmente, no sistema tipográfico”, pontua. Segundo ele, as mudanças naquela época aconteciam lentamente, diferente de como acontecem hoje. Até a década de 80, elas pouco alteraram a rotina das redações e, gradativamente, com o avanço da tecnologia, a informatização mudou toda a forma de fazer comunicação no impresso. “De lá para cá as mudanças foram sucessivas, em nosso jornal, por exemplo, logo que passou a ser usado o Off-Set, tivemos que reaprender toda a cadeia de produção, principalmente em termos de composição gráfica e tipográfica. O jornal ganhou uma dinâmica e o resultado da produção aparecia com muito mais relevância, o que naturalmente fez com o jornal passasse a ser uma leitura mais atraente e agradável. Anos depois, quando foi trocada a máquina de escrever pelo computador, tivemos um grande número de comunicadores que resistiram a essa tecnologia na redação. Mas os computadores nos abriram a porta para um mundo mil vezes mais dinâmico do que o que éramos acostumados”, ressalta o jornalista.
No impresso, no rádio, na televisão, e em todas as esferas, as tecnologias começaram a ser inerentes ao processo de comunicação, avançando a medida que a sociedade também ia evoluindo em suas exigências e necessidades de se informar e entreter. “Os comunicadores da atualidade se vem diante de um mercado amplo na área. O jornalista, portanto tem que se adaptar e ter preparo, pois esses espaços estão mais amplos, mas também mais exigentes. Há comunicação para todas as necessidades que o mercado está exigindo”, conclui Raimundo Borges.
Comunicar é preciso
Com dez anos de experiência na área, a jornalista Andressa Miranda, é uma apaixonada pelo o que faz. “Contar histórias e levar informação”, como ela mesmo define. Frente a responsabilidade de ser uma comunicadora que “entra na casa das pessoas” pelo aparelho de TV, ela entende que fazer comunicação é buscar interesse público em cada história. “Pra mim, comunicação social é ir além! Contar muitas vezes o que alguém não quer que seja contado. Construir a história, contá-la, conhecer personagens, ser os olhos e a boca de muita gente que não teria vez em certos papéis da sociedade. A comunicação social lida diretamente com a democracia, e isto é bônus, de certa forma, colaborar com atos democráticos”, ressalta a jornalista.
Conhecida por sua maneira ousada de fazer comunicação, Andressa ressalta que enxerga a Comunicação Social com olhos otimistas. Embora veja que a mesma ainda precisa galgar muitos passos, principalmente quando se trata da censura. “Muita gente quer ‘podar’ a imprensa. Quer impedir que verdades sejam ditas! O grande ônus é que jornalistas perdem a vida contando histórias, alguns se machucam, passam por situação difícil para ir bem mais afundo, para ver além do que a maioria vê”, ela explica. “A responsabilidade de um comunicador de TV é grande, temos que preservar a imagem de vítimas, ter cuidado para não expor ninguém, saber a hora de parar, respeitar a dor do outro… Existem registros que não gosto de fazer. Precisamos de imagens mas temos que preservar as pessoas. Um recorte mal feito ou uma imagem na hora errada e no contexto errado podem simplesmente destruir histórias inteiras e transformar vidas negativamente. Compromisso é garantir que estaremos sempre contando algo que vai ser bom para o coletivo, que vai de fato transformar algo”, ela conclui.
Recém formada em jornalismo, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luísa Pinheiro, de 23 anos, escolheu a área a partir do hábito de ler livros de não-ficção, muitas vezes escritos por jornalistas a partir de reportagens para jornais e revistas. “A minha formação é em Jornalismo, sem a denominação “Comunicação social”. Para mim, as características inerentes ao jornalista são a curiosidade e a objetividade, ainda que ela não exista totalmente na prática”, explica.
Atuante no jornal impresso, ela acredita que esse meio de comunicação leva aos leitores a informação de uma forma mais contextualizada. “Principalmente agora que a oferta de notícias é maior com a internet. O jornal impresso deveria ser uma referência, de credibilidade talvez, para que os leitores compreendam o que acontece e saibam a relação dos fatos com seu cotidiano”, afirma.
Toda forma de comunicação
Há seis anos nasceu na internet o blog “Desilusões Perdidas”, assinado pelo jornalista Duda Rangel, personagem criado pelos jornalistas de São Paulo, Anderson e Emerson Couto. Originado de um trocadilho com o livro “Ilusões Perdidas”, de Honoré de Balzac, que fala do jornalismo e do lado perverso do jornalismo, os irmãos quiseram ir além. Começaram a escrever de forma bem humorada sobre o jornalismo e o cotidiano da comunicação. O personagem “Duda”, tem características de seus criadores e de outros jornalistas. Pelo o seu bom humor e tino para contar histórias, desde a criação do blog, foram cerca de 630 posts e milhões de acessos, o que resultou na fama do Duda e no lançamento do livro: “A vida de jornalista como ela é”.
No início eles começaram a escrever para amigos. Com as redes sociais começaram a ter uma divulgação maior e contam que não esperavam que fossem crescer tanto. O livro foi um lançamento independente em outubro de 2012. Anderson e Emerson são formados há 20 anos, e avaliam o processe de transformação da comunicação. “Atualmente a comunicação passa por essas transformações e mudanças em relação ao mercado de trabalho. A mudança não é só no que diz respeito à tecnologia, mas até onde isso vai ainda não está claro. Antes os jornalistas se interessavam em trabalhar em uma grande empresa, mas hoje a redação não é a única porta de entrada para o mercado”, pontua Anderson Couto.
O jornalista da atualidade ser multiplataformas é outro ponto que ele destaca. “Com as redações cada vez mais enxutas é necessário mais competências técnicas e um novo perfil de profissional. Antes o repórter era só repórter, o editor só editor, e isso vem mudando! Sou jornalista independente há 15 anos, lido com interesses diversos, os interesses das empresas não é algo atual. O pessoal mais jovem, vivem essa coisa dinâmica, querem resultados imediatos, seja para um blog, ou carreira. Porém, construir uma carreira leva tempo. O jovem tem o perfil legal de ir atrás, e para o jornalismo isso é muito bom! Mas a ansiedade pode prejudicar esse processo”, completa.
A exposição do profissional da comunicação é outro resultado desses avanços. “Antigamente quem era repórter de impresso não tinha como saber se o leitor havia gostado ou não da sua matéria. Agora, a reação é imediata! Você fala algo agora e em 5 minutos, podem estar te criticando. O leitor é espectador, está menos passivo. O feedback é mais rápido e o jornalista tem que saber lidar com isso”, afirma o jornalista.
Responsável pela elaboração do “Guia do Maranhão”, o jornalista e editor de veículos alternativos, Raimundo Nonato Cordeiro Filho, é um legitimo contribuinte da comunicação do estado, uma vez que há 52 anos exerce seu oficio, com experiência em diferentes veículos de comunicação e, há 32 anos, dedica-se ao guia. “Em termos de Maranhão me considero uma peça que somou na modernização da nova mídia impressa. Fomos os pioneiros que introduziram nos veículos impressos em Off-Set os primeiros estagiários saindo da Fundação Universidade do Maranhão, hoje UFMA para se graduarem na época de O Jornal, quando o Reitor era Pedro Neiva de Santana, com ação continuada com o Conego Ribamar Carvalho”, conta Cordeiro Filho.
O Guia do Maranhão é um veículo de vitrine do Estado e de leitura didático num só livro. “Adotado em vários municípios maranhenses como sua ‘bíblia’ em termos de informações do e traduzido para três idiomas, o GM tem uma penetração no mundo com uma circulação em dois em dois anos para atualizar os Poderes, com uma tiragem de 80 mil exemplares”, completa. Comunicar essa história de maneira desvinculada a interesses políticos e mercadológicos, mostram que há de fato, diferentes maneiras de exercer Comunicação. Qual a linha seguir e, como se especializar, fica a cargo de quem escolhe dessa área, uma de suas missões de vida.