Cannes – O cineasta americano Woody Allen apresentou nesta sexta-feira seu novo filme “Irrational Man” (O Homem Irracional) no Festival de Cannes, fora da competição oficial, já que o diretor nova-iorquino se recusa a participar da mostra competitiva.
“O Homem Irracional”, que tem previsão de estreia em agosto no Brasil, conta a história de um professor de Filosofia, Abe Lucas, interpretado por Joaquim Phoenix, arrasado afetivamente e sem vontade de viver porque toda as causas que defende, da militância política ao ensino, não serviram para nada.
Pouco depois de chegar a uma universidade de uma pequena cidade americana, Lucas inicia dois relacionamentos, um com uma colega de trabalho, Rita Chichards (Parker Posey), que tenta superar um fracasso matrimonial, e outro com sua melhor aluna, Jill Pollard (Emma Stone), que vira a sua melhor amiga.
Na mesma linha de “Match Point”, o filme afirma que não existe filosofia, “esta masturbação verbal” segundo um personagem, nem filósofo que possa explicar o comportamento humano.
No longa-metragem de Woody Allen, a verdade, a mentira, a traição e as relações humanas voltam a integrar uma trama que flui de maneira natural, com destaque para as ótimas interpretações de Emma Stone e Joaquim Phoenix.
A exibição de “O Homem Irracional” era uma das mais aguardadas da 68º edição do Festival de Cannes, apesar do diretor artístico do evento, Thierry Frémaux, não ter conseguido convencer o cineasta americano a apresentar o filme na competição oficial pela Palma de Ouro.
A obra mais recente de Allen, o mais europeu dos diretores americanos, recorre mais uma vez a um tema que impregna boa parte de sua filmografia para tentar apresentar uma resposta às obsessões do autor: as relações entre homens e mulheres, em particular os instintos básicos que arrastam seus personagens para a depressão, o sentido da vida ou de justiça.
Woody Allen sempre admitiu que sua adolescência foi marcada pela obra do sueco Ingmar Bergman. “Seus filmes me fascinaram”, disse.
“Até então, não havia lido Nietzche ou Kierkegaard, que tanto marcaram o cineasta sueco, mas os temas que abordava provocaram um impacto”, reconheceu o diretor americano, que viu suas obsessões pessoais transformadas em objetos de estudo dos filósofos.
Aos 79 anos, o americano, que não aceita a inclusão de seus filmes na mostra competitiva e portanto não tem uma Palma de Ouro, principal prêmio de Cannes, recebeu em 2002 a “Palma das Palmas”, uma recompensa para sua prolífica trajetória e pelo conjunto de sua brilhante carreira.