Com Beto Ehongue, Marcos Magah, Santacruz, Luis Lima, Erivaldo Gomes, César Teixeira, Celso Borges (Poesia), Dinho Araújo (exposição) e Hugo Bodansky (discotecagem), a Noite Cultural MalDitos EmCantos propõe-se a ser uma celebração aos MalDitos maranhenses, segundo o produtor e idealizador Wagner Heineck. O evento acontece amanhã (30), às 21h, na Casa D’arte, no Centro de Cultura (Raposa).
O evento é inspirado no movimento dos escritores e “poetas malditos” franceses, reúne poetas da música, da escrita, da imagem, da oralidade, da sonoridade. São compositores de uma poesia marginalizada, transgressora, vanguardista, contracultura e maldita. Serão seis solos musicais, um recital de poesias, uma exposição/instalação fotográfica e discotecagem com músicas de “outros malditos”.
MalDitos EmCantos faz parte do Projeto no Caminho do Farol que é uma parceria entre o Casa d’Arte Centro de Cultura e o Instituto Maranhão Sustentável, no qual visa possibilitar um conjunto de atividades sociopedagógicas e culturais a serem realizadas simultaneamente em espaço de cultura na Região Metropolitana de São Luís, na Raposa, viabilizando-o como espaço permanente para produção, exposição e fruição de bens culturais e históricos do município e região, oferecendo à comunidade oportunidades de entretenimento e informação.
“O Projeto acontece desde agosto, mas o MalDitos EmCantos é a primeira edição. A ideia foi juntar esses “malditos” a partir do romantismo. Eu vi que esses artista tem essa proposta vanguardista, e que estão fora do circuito midiático. São pessoas com ideias diferentes, mas que na verdade fazem parte de um mesmo movimento transgressor, de vanguarda… Tem a mesma ideologia embora sejam em trabalhos diferenciados”, define Wagner Heineck.
O produtor enumera poetas malditos de diferentes épocas e nacionalidades, a exemplo de Arthur Rimbaud, Charles Baudelaire, Paul Verlaine, Stéphan Mallarné, William Blake, Allen Ginsberg, Jack Kerouac, Charles Bukowski, Sousândrade, Paulo Lemisnki, Alice Ruiz, Jorge Mautner, Ferreira Goulart, entre outros.
Segundo o artigo “Os poetas malditos e sua influência no século XX” de Florentina Vivas, “as duas grandes figuras deste movimento foram Arthur Rimbaud e Charles Baudelaire junto a um grupo de brilhantes poetas: Paul Verlaine, Stéphan Mallarmé, Tristán Corbière, Jules Laforgue e Charles Cros. Com eles, nasceu também o mito do artista boêmio, decadente e profundamente crítico em relação à sociedade de seu tempo, questionando os gostos sociais e a industrialização do momento. Foram Os Poetas Malditos. Esta expressão foi, na verdade, criada por Paul Verlaine; foi ele quem, em 1884, publicou uma série de esboços biográficos de um grupo de poetas simbolistas.
Sobre os MalDitos
Marcos Magah – Viagem ao centro da queda
Com dois discos lançados, Z de Vingança e Inventário dos Mortos ou Zebra Circular, Magah é visceral com o seu público. Performático, parece usar por vezes o próprio corpo, para dar ainda mais a Ade a sua poesia quase sempre sentida na alma e na carne, dada a sua escrita quase sempre autobiográfica. Na mistura, entra rock, country, psicodelia, ska, brega e carimbo.
Luis Lima – Favela
Gravou dois CDs: Palavrando (2007) e Expresso de Letras (2010), ambos com arranjos do maestro Henrique Duailibe; e um livro: Arrumador de palavras (2012). Sobre o autor, falando no seu “pretexto” no livro “Arrumador”… “sou filho do tempo e pelo tempo afora me debrucei na construção da minha coleção de letras. letra a palavra pela mente de giração… sou simplesmente lírico, amador poético, feitos em poesia somos todos nós. aprendi a fazer, desfazer e a refazer músicas, num instante tive medo de cantar… me descobri arrumador de palavras, o meu melhor oficio nesse tear chamado arte…”
Santacruz – Farinha do mesmo saco
Natural de Timbiras, interior do Maranhão, o Cantor e Compositor Santacruz começou sua carreira nos anos 80, tocando em bandas de bailes e bares. Tocou na Banda Mitos em Bacabal, Banda Mágica em São Domingos, e em 2000 começou sua carreira solo. Quando foi gravar seu primeiro disco de MPB, que não foi lançado, foi convencido a gravar reggae por seu estilo de voz e pelas letras de suas composições. Foi quando ele realmente percebeu que o reggae estava dentro dele e ele não sabia. Suas letras falam de coisas que viveu, presenciou e que o tocou. Com pés no chão suas composições falam sobre a terra, sobre as questões sociais, sobre o amor, sobre a humanidade, sobre nós mesmos.
Beto Ehongue – Bateu um branco
Em seu mais recente trabalho Beto Ehongue e os Canelas Preta consolida a inventividade do compositor para retratar não somente a crítica social, mas também o romantismo que alimenta a criação dos poetas e suas musas. Com arranjos que mesclam samplers, beats e percussão, a base do violão acústico, cordas e teclas elétricas dão novo formato à sonoridade da música de Canelas Preta com referências mais variadas possíveis.
Erivaldo Gomes – Málementa
Defende uma política cultural que coloque a música não numa condição de produto de mercado, mas numa condição onde ela possa circular e fazer-se conhecida dentro dos espaços alternativos. De uma família de músicos de corda e percussão da cidade de São João Batista, Erivaldo passou a desenvolver habilidade musical a partir da percussão. Aos 16 anos, entrou na banda musical da Escola Técnica Federal, regida pelo maestro João Carlos (pai da cantora Alcione). Logo depois, encontrou parceiros na vida, na música e na boemia e viajou por cidades do interior e outras cidades brasileiras. Erivaldo tocou com grandes nomes da música brasileira, como Alcione, Xangai, Terezinha de Jesus, Décio Marques, Antônio Carlos Nóbrega, Elomar, Heraldo do Monte, Oswaldinho do Acordeon, entre outros.
Cesar Teixeira – Flor do mal
Começou a compor ainda jovem; duas de suas primeiras composições são “Salmo 70” (c/ Viriato Gaspar) e “Sentinela” (c/ Zé Pereira). Em 1972 integrou a trupe que fundaria o Laboratório de Expressões Artísticas do Maranhão (Laboarte). Em 1978 o músico Papete gravou três músicas de sua autoria no disco “Bandeira de aço”, cuja faixa-título figura entre elas. Em 1985 a música “Oração latina” venceu o “Festival Viva de Música Popular Maranhense” e passou a ser cantada em mobilizações populares. Em 2004 lançou o CD “Shopping Brazil”, com 14 faixas, dentre as quais “Mutuca”, “Parangolé”, “Flor do mal” e a faixa-título. Teve composições gravadas por artistas como Alcione, Rita Benneditto, Flávia Bittencourt, Dércio Marques, Célia Maria, Chico Maranhão, Chico Saldanha, Lena Machado, entre outros.
Celso Borges – A posição da poesia é oposição
Poeta, jornalista e letrista, Celso Borges viveu 20 anos em São Paulo e voltou a morar em São Luís em 2009. Parceiro de Chico César e Zeca Baleiro, entre outros, além dos livros-CDs, possui cinco livros de poesia publicados: Cantanto (1981), No Instante da Cidade (1983), Pelo Avesso (1985), Persona Non Grata (1990) e Nenhuma das Respostas Anteriores (1996).
Dinho Araújo – Dos dias em que a ausência é marca
A exposição “Dos dias em que a ausência é marca” apresenta um olhar crítico e poético sobre a construção da identidade, contrapondo visões antagônicas sobre São Luís. No trabalho, memórias pessoais se entrelaçam à experiência coletiva, ambas servindo de inspiração a um registro sutil que sublinha como somos marcados pela ausência. Dinho Araujo é artista plástico, designer gráfico, fotógrafo e poeta de imagens. Já participou de diversas Mostras, como: Salão de Artes Visuais da Prefeitura de São Luís, Mostra de Intervenção Urbana “Desacordo Poético” (2013) apresentada na programação do Projeto Múltiplos Olhares (Sesc); 7ª Feira do Livro de São Luís e 8ª Aldeia Sesc Guajajara de Artes.
Hugo Bodansky – Eu quero botar meu bloco na rua
Apreciador da boa música e com um set list imensurável, Hugo Bodansky, pretende colocar todo mundo pra dançar. Com um repertório repleto de malditos, que vai de Sérgio Sampaio a Jim Morrisom, de Jorge Mautner a Cazuza e diversas surpresas, vai ser impossível não colocar seu bloco na rua!
Wagner Heineck – É o fim de tudo que para em pé
Ator e Produtor Cultural, nascido em São Paulo e radicado em São Luis/MA há 11 anos. Iniciou sua carreira artística no Teatro em 1990, onde atua, dirige, ilumina, customiza e produz. Há doze anos encena seu solo “Rambô”, inspirado no poeta francês Arthur Rimbaud. Produz eventos artísticos e sociais ligados à cultura de um determinado povo, de preferência aos menos favorecidos, como: Quilombolas, Indígenas, Afrodescendentes, Artistas, Movimentos sociais e outros. Atualmente é Produtor no Casa d’Arte Centro de Cultura, no município da Raposa/MA.
SERVIÇO
O quê? Noite Cultural MalDitos EmCantos
Quando? Amanhã (30), 21h
Onde? Casa D’arte – Centro De Cultura (Rua do Farol do Araçagy, 9 – Raposa)
Quanto? R$ 20/ Meia: R$ 10