ISABEL IBARRA

Entrevista: UFMA com foco no crescimento participativo

Em entrevista a O Imparcial, a professora Isabel Ibarra, que é candidata a reitoria da UFMA, revelou quais são os seus projetos para a instituição, caso seja eleita.

Isabel Ibarra, candidata à reitoria na UFMA. (Foto: Sansão Hortegal)

A Frente Ampla Democrática, movimento criado por docentes, técnicos administrativos e discentes e que surgiu antes de todos os demais coletivos que se anunciaram durante o período de campanha, indicou o nome da Prof. Isabel Ibarra, que ocupou o cargo de Pró-Reitoria de Ensino na UFMA, como candidata a reitora e o Prof. Dimas dos Reis Ribeiro, com experiência em gestão pública, como candidato a vice-reitor.

Desde o princípio a proposta sugerida pela candidata a reitora, Isabel Ibarra, foi de pautar sua ação na descentralização do poder, por meio de uma proposta construída a muitas vozes, denominada proposta participativa, baseada na liberdade de expressão, no diálogo e no respeito mútuo.

Nas palavras de Isabel Ibarra: “o processo democrático tem sido prejudicado, desde o princípio, com abuso de poder” – referindo-se ao desrespeito aos documentos regulatórios da instituição desde a reunião do CONSUN que votou pela alteração das regras, contrariando os prazos previstos em regimento. Agora vivemos, para quem quiser ver, diz Isabel Ibarra, a intervenção da justiça, por ação da APRUMA – comprovando o que já antecipamos desde a primeira reunião.

Com um currículo invejável, a Prof. Isabel Ibarra, esbanja experiência na gestão, tendo liderado com firmeza e sensibilidade a pró-reitoria de ensino da UFMA em diferentes períodos. Ressalte-se o desafio de conduzir o ensino na universidade durante o período de isolamento social, quando apontou estratégias, buscou alternativas e implantou políticas de valorização que nem sempre estavam alinhadas com a reitoria do momento, sempre com a coragem de realizar uma oposição pautada na ação profissional, na capacidade de prever e sugerir caminhos e de estabelecer canais de comunicação com as outras instituições nacionais e internacionais, participando dos fóruns de discussão e implantando espaços de diálogo na UFMA. Sua posição na PROEN – Pró-Reitoria de Ensino, lhe propiciou conhecer e dialogar com todas coordenações e departamentos da graduação, da instituição. 

Naturalizada brasileira, nascida em Cuba, foi educada no Brasil, na Espanha, em Cuba e nos Estados Unidos, nas diferentes etapas de sua formação. Uma mulher que ultrapassou os limites do que a sociedade de sua geração permitia. Isabel Ibarra salienta: “ No auge dos meus mais de 25 anos de profissão, é tempo de contribuir para criar espaços para dar voz a quem ainda não teve chance, independente de quem seja. Precisamos de equidade em muitos aspectos. Inclusão e participação, inclusive nos processos decisórios. Refiro-me à participação real e é por isso que proponho trabalhar pela descentralização, pelo multicampismo, pela liberdade de expressão, pela democracia e pelo envolvimento real de toda comunidade universitária”.

Um Plano de Desenvolvimento Institucional para UFMA

O IMPARCIAL pergunta: quais as principais propostas para a gestão?

Isabel Ibarra : O principal elemento é a descentralização dos recursos e, por consequência, das decisões e da definição de prioridades. Hoje a UFMA espalha migalhas aos câmpus que estão localizados no interior do estado do Maranhão e tem um Plano de Desenvolvimento Institucional em que basta uma leitura rápida para perceber que o planejamento está centrado em necessidades somente do campus de São Luís. Da descentralização, caminharemos para criar condições para o multicampismo. O Maranhão precisa de mais universidades federais. Apoiamos essa conquista. Como faremos? Com a gestão participativa. Quando o que cada um faz tem impacto real no próprio local de trabalho, quando cada pequena ação conta para o crescimento do todo, não há como prevalecer o autoritarismo e posições de abuso de poder. É preciso devolver a cada membro dessa comunidade universitária a esperança de realizar seus planos de docência, de aprendizagem, de capacitação e de políticas administrativas que reconheçam a capacidade de cada membro.

Não basta um plano estratégico no papel, na fala vazia que temos presenciado nos espaços de campanha, que muitas vezes mais nos atacam do que apresentam soluções, é necessário ter segurança de que após a consulta pública, após esse momento de votação, seja assegurada a transição rumo a uma construção coletiva. Isso já fazemos na Frente Ampla Democrática, todos os dias.

 Como tem sido a campanha? Como tem sido a adesão às propostas?

Nos bastidores da consulta pública para indicação de quem assumirá a reitoria da UFMA no próximo quadriênio, a FRENTE AMPLA DEMOCRÁTICA, tem recebido denúncias de assédio, discriminação, abuso de poder e xenofobia. Dá pra imaginar uma universidade como a UFMA vivendo isso? A nossa campanha tem sido recepcionada de maneira silenciosa e constante. São olhares, são acenos, são sorrisos e mensagens. É como um rio que foi canalizado, que quase não se vê mas, que passa silencioso, intenso e caudaloso, recebendo água que vai chegando de todos os lados. É assim que tem sido nossa experiência. Por um lado é assustador ver que o silenciamento ocorre e, de outro, é revelador saber que há uma onda de bonança, de bem estar, de segurança, se formando.

Quais os maiores desafios?

Para nós o maior dos desafios é permanecer com pouquíssimos recursos. A campanha foi financiada pelos membros da Frente Ampla Democrática enquanto assistimos a campanhas onde recurso financeiro não faltou. Nossa pergunta é: de onde vem esse dinheiro? Quais conchavos são feitos? Essa é mesmo uma postura democrática? É isso que representa o que somos nessa universidade?

Outro desafio é o de enfrentar as ameaças. Quando passamos a crescer na aceitação, passamos a receber ameaças, aquele tipo de ameaça velada. Um dizer que não se escancara, mas que fica bem demarcado, próprio de uma herança antiga de exploração e de assédio.

Por último, eu não diria que é um desafio, mas, diria que é uma dor que bate fundo, quando ao visitarmos as instalações da universidade nos deparamos com o sucateamento da instituição. Falo de um sucateamento estrutural, com prédios e laboratórios sem o mínimo para funcionar e, também, um sucateamento moral, com nossos colegas perdendo a alegria e a vontade de seguir, sejam alunos, técnicos administrativos ou docentes.

Qual sua mensagem final?

Buscamos o topo e ​​estar no topo quer dizer trabalhar por uma universidade que seja inclusiva e comprometida com a sociedade, que promova o desenvolvimento do Maranhão por meio do conhecimento e de ações concretas e efetivas, em todas as áreas, com equidade. Para isso, trabalharemos sem cessar nas diversas frentes, buscando a melhoria da qualidade do ensino, o fomento à pesquisa e inovação, a ampliação da extensão universitária, da internacionalização e a aproximação, cada vez maior, da UFMA com a sociedade.

Para concluir, me dirijo mais uma vez a essa comunidade que compõe a UFMA e assumo publicamente o compromisso de lutar, lado a lado, por um futuro possível, com decência, respeito, liberdade e qualidade. Comprometo-me a garantir o espaço de diálogo para que o nosso projeto participativo seja uma referência na educação superior do Brasil.

Estou ciente do enorme desafio, assim como estou confiante de que com a compreensão, a colaboração e a união de todos, podemos transformar a UFMA em uma universidade que nos brinde orgulho, para todos nós e que contribua efetivamente para o desenvolvimento do nosso estado.

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