A Fundação Municipal de Patrimônio Histórico e a Secretaria Municipal de Educação se somam para lançar na sexta-feira, dia 16 de setembro, às 15h00, na Associação Comercial do Maranhão, no salão nobre Arnaldo Ferreira, o programa “O Patrimônio nas Escolas”.

O objetivo é inserir na rede escolar municipal o tema da Educação Patrimonial, como instrumento de “alfabetização cultural” que possibilita as crianças e adolescentes, fazerem uma leitura do mundo que o rodeia, levando-os à compreensão do universo sociocultural e da trajetória histórico-temporal em que estão inseridos.

Este processo leva ao reforço da autoestima dos indivíduos e comunidades e à valorização da cultura ludovicense, compreendida como múltipla e plural.

 São Luís conserva um vasto e diversificado patrimônio cultural, cuja preservação, conforme o artigo 216, § 1º da Constituição brasileira, diz que o poder público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro.

Conhecida por ser uma cidade histórica de paisagens belíssimas, por sua localização privilegiada e uma grande diversidade cultural, representativa de uma confluência de povos que por aqui estiveram deixando as marcas de suas criações, construções e simbologias.

O Centro Histórico é representativo dessas ações e, para além da riqueza do conjunto arquitetônico que o caracteriza, este sítio é também representativo dos valores e referências culturais de seus habitantes.

No ano de 1997, São Luís foi reconhecida pela UNESCO como cidade Patrimônio Mundial, título justificado pelo caráter excepcional de seu conjunto urbano com o maior conjunto arquitetônico dos séculos XVIII e XIX da América Latina, preservando em seu núcleo central o traçado original da cidade datado do século XVII.

O seu patrimônio imaterial possui um grande destaque com o reconhecimento do Bumba meu boi, declarado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade e o tambor de crioula reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil além de tantas outras manifestações culturais e religiosas que tornam o patrimônio da cidade ainda mais rico.

Para que a população local possa de fato usufruir e sentir-se parte desse patrimônio, são necessárias, entre outras, ações de Educação Patrimonial com vistas a restabelecer os laços de identidade entre os moradores e seu próprio patrimônio, tornando-o, efetivamente, um conjunto de bens compartilhados por todos.

Nesse sentido, a Fundação Municipal de Patrimônio e a Secretaria Municipal de Educação vem desenvolvendo desde  o início da gestão do prefeito Eduardo Braide, o projeto “O  Patrimônio nas Escolas”.

O objetivo é instaurar junto às escolas municipais de um ciclo permanente de aprendizado e debate ligados à preservação patrimonial, por meio da produção e implantação de material paradidático sobre o tema.

O projeto está destinado a cerca de 34.500 estudantes do 6º ao 9º ano e da modalidade Educação de Jovens e Adultos, além da capacitação dos professores e monitoramento da aplicação do Programa nas salas de aula.

A Fundação Municipal de Patrimônio Histórico – FUMPH, segue as diretrizes de uma política de salvaguarda e proteção do patrimônio cultural do município através do desenvolvimento de ações relativas à preservação, restauração, manutenção, divulgação e revitalização do conjunto de bens tangíveis e intangíveis englobando o patrimônio edificado, a história da cidade dentre outras atribuições junto à comunidade do Centro Histórico de São Luís.

Compreendendo também como parte desse legado, como patrimônio suas manifestações culturais, festas, ritos, danças, ofícios, culinárias e tantas outras representações e criações fazem parte dos bens da cidade.

Buscando ampliar este conceito de patrimônio cultural junto à sociedade em geral, é necessário provocar reflexões sobre o significado deste conjunto de bens tangíveis e intangíveis e a sua relação com o cotidiano da comunidade.

Em um contexto marcado por profundos dilemas sociais, o consciente exercício da cidadania por parte do povo ludovicense está associado à valorização da memória, história e cultura da cidade, sendo urgente a necessidade de implementar políticas públicas que trabalhem tais aspectos de forma mais abrangente e eficaz e ajudem os indivíduos a se perceber e compreender seu papel nas circunstâncias diversas que coexistem ao seu redor.

Este intuito de despertar uma visão crítica da realidade encontra ressonância direta com as reflexões sobre a importância da inclusão de temas fundamentais à democracia e cidadania no currículo da educação básica no Brasil.

A pluralidade cultural é um dos temas propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que afirma que “o grande desafio da escola é reconhecer a diversidade como parte inseparável da identidade nacional” e tal diversidade étnico cultural compõe o patrimônio sociocultural brasileiro (BRASIL, 1998).

Com a continuidade desses debates, foi instituído a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no intuito de orientar e determinar os objetivos de aprendizagem de cada ano escolar da educação básica no Brasil, que, à luz do que já orientava os PCNs, traz como um dos seus Temas Contemporâneos Transversais o Multiculturalismo que engloba dois subtemas: Diversidade Cultural e Educação para a Valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras (BRASIL, 2017).

Quando inserida no espaço escolar de modo transversal, a Educação Patrimonial, em um processo paulatino e crescente, oportuniza a professores e alunos novos olhares sobre os diversos aspectos que compõem a cultura local, estimulando, em cada indivíduo, o sentimento de pertencimento a uma sociedade por meio do (re)conhecimento de sua história, memória, tradições e modos de vida presentes no dia a dia.

Baseada neste argumento, FUMPH e SEMED se propõe a realizar uma inserção mais efetiva no campo do ensino de São Luís de modo a contribuir com a formação dos professores e alunos da rede municipal por meio da implementação do Programa de Educação Patrimonial na Rede de Ensino Municipal.

Enquanto uma proposta permanente e sequenciada de inserção da Educação Patrimonial no currículo escolar, em completo acordo com o que rege a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a proposta deverá ser desenvolvida em parceria com a Secretaria Municipal de Educação (SEMED).

Em atendimento aos 34.500 estudantes do 6º ao 9º ano e da modalidade Educação de Jovens e Adultos, será proposto um livro paradidático para cada série com texto verbal e visual.

O livro terá a função de auxiliar o aprendizado usando uma linguagem mais lúdica em que os alunos possam entender a relação entre o que aprendem em duas ou mais disciplinas. A linguagem utilizada será dinâmica e lúdica, ao mesmo tempo em que é técnica e explicativa.

A proposta do livro é envolver o aluno em histórias divertidas com informações e curiosidades do universo do Patrimônio Cultural da Ilha de São Luís e seus bens reconhecidos pela UNESCO.

Valoriza também os bens reconhecidos pelos órgãos de patrimônio do estado e do município e as representações culturais que fazem parte da memória afetiva das comunidades e que também estão presentes nos bairros e regiões da cidade.

Além das publicações para os alunos será feita uma publicação dirigida aos professores com conceitos sobre o patrimônio cultural da Ilha de São Luís e sugestões de como trabalhar o tema em sala de aula.

O envolvimento e o engajamento dos professores e gestores de educação são fundamentais para o sucesso da ação educativa.

São eles que irão propiciar a abordagem do tema de forma transversal em várias disciplinas contribuindo para aproximar o patrimônio cultural do cotidiano do ambiente escolar.

Isto acaba por valorizar a história da cidade, do bairro, das comunidades tradicionais e da própria escola, como espaço de pertencimento carregado de referências culturais.