Educação disruptiva: o novo método que chegou às escolas de São Luís
Esse arquétipo passou ser criticado por volta dos anos 60 e, desde então, métodos inovadores têm sido desenvolvidos
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Divulgação
Por centenas de anos, o ensino tradicional prevaleceu em escolas ao redor do globo. A ideia Iluminista da universalização do conhecimento acabou por disseminar um modelo de sala de aula silenciosa com professores rigorosos e punições para os alunos que não acertassem os questionários.
Esse arquétipo passou ser criticado por volta dos anos 60 e, desde então, métodos inovadores têm sido desenvolvidos. Um deles é a educação disruptiva, que, de mãos dadas com a tecnologia, busca romper com métodos ultrapassados.
A educação disruptiva tem ganhado cada vez mais espaço nas escolas de São Luís. Na esfera pública, sua aplicação já pode ser vista no IEMA (Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão) e no IFMA (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão) com seus projetos na área de robótica, por exemplo; e na particular, em colégios como o COC, Dom Bosco, Upaon Açu e a Escola Crescimento, que é inclusive certificada pela Apple Educacional como Apple Distinguished School. Mas, afinal, de que se trata esse método e como ele funciona na prática?
Disrupção: bom ou ruim?
Anteriormente, a palavra ‘disrupção’ era interpretada como algo negativo por denotar a ruptura de um processo. Isso mudou na década de 90, quando o professor e economista Clayton M. Christensen, em seu livro “Tecnologias Disruptivas”, lhe deu um novo significado: da criação de novos artefatos que venham a mudar o rumo de um segmento industrial tecnológico.
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Um exemplo disso é a Wikipédia, que inovou para sempre o universo das enciclopédias. Nas escolas, a disrupção a mesma lógica. Segundo o professor Nilson Costa, um dos aplicadores do método na cidade, “a educação disruptiva é aquela que pretende romper com o estabelecido, transformando o processo de ensino aprendizagem em busca de mais eficiência”.
Diferentemente do método tradicional, onde alunos tinham pouco ou nenhum espaço para compartilhar experiências, opiniões e pontos de vista, um dos pontos mais importantes da educação disruptiva é a mentoria, ou seja, o comprometimento do professor em acompanhar o desenvolvimento mental de cada aluno. Muitas vezes, a tecnologia é uma parte essencial desse processo – por meio do ensino híbrido, o método que junta o online e o offline. Por conta disso, escolas que adotam a educação disruptiva geralmente contam com tablets, celulares, notebooks e outros artefatos.
“A cada dia, surgem novas plataformas que tornam a mediação e as orientações mais efetivas e dinâmicas, auxiliando na personalização do ensino por meio de ferramentas de aprendizagem online focadas na realidade e nas reais necessidades de cada estudante”, explicou o professor. “Ou seja, um professor disruptivo planeja experiências pedagógicas que tornam o processo de ensino aprendizagem muito mais acessível e simples do que os existentes no mercado, com uso de outras ferramentas já existentes, fazendo um misto criativo de plataformas, metodologias ativas e Edtechs” (plataformas de aprendizado online).
Mas a aplicação da tecnologia não se restringe à utilização de aparatos tecnológicos. De acordo com o educador, há como ser disruptivo sem precisar deles – basta que a capacidade de criação do professor seja boa para que se originem formas de trabalho mais hábeis e menos dispendiosas que as anteriores.
“O principal benefício [da educação disruptiva] está na quebra de um modelo tradicional com foco no professor e na memorização de conteúdos, abrindo espaço para a promoção de experiências que envolvem metodologias ativas que têm foco no aluno e, consequentemente, no desenvolvimento de sua autonomia, pois visa o desenvolvimento de habilidades e competências voltadas para a coletividade e para solução de problemas complexos e reais por meio da aplicação e criação do conhecimento. Desta forma, o processo de ensino aprendizagem se torna mais significativo”, discorreu Nilson Costa.
Ensino híbrido
O ensino híbrido é uma das formas de disrupção da educação – da inovação e da quebra com o ‘tradicionalismo’ – e consiste no equilíbrio entre o aprendizado presencial e tecnologias digitais. Ao contrário do método secular, onde o aluno era completamente dependente das ordens do professor e suas necessidades específicas eram ignoradas e para que a turma toda seguisse um só ritmo de aprendizado, com o ensino híbrido ele ganha seu próprio espaço para desenvolver autonomia e trabalha suas dificuldades em seu próprio tempo, respeitando as dificuldades e individualidades próprias e dos colegas.
No Brasil, a inserção tecnológica nas escolas públicas ainda pode ser considerada uma realidade distante. Um estudo do Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional) baseado em dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) de 2015 apontou que somente 28,3% dos estudantes do Brasil têm acesso a computadores com internet nas escolas – enquanto a média mundial de conexão dos países, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), é de 55,9%.
Uma outra pesquisa da TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) Educação de 2017, patrocinada pelo NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR), apontou que, das escolas públicas brasileiras, 40% das urbanas e 61% das rurais têm internet de, no máximo, 2Mbps. O cenário das escolas particulares, entretanto, é o oposto: 65% conta com conexões superiores a 3Mbps, sendo a maioria dessas de no mínimo 9Mbps. Os resultados do levantamento mostram a disparidade entre a rede pública e privada como um possível dificultador para a dissipação do ensino inovador para todos – mas, apesar disso, o professor vê com positividade o futuro da educação disruptiva.
“Acredito que a Educação Disruptiva será amplamente aplicada, pois estamos vivenciando um novo paradigma em decorrência do crescimento das tecnologias exponenciais e sua íntima relação com atributos como internet 5G, inteligência artificial, data science, big data, machine learning e tantos outros que fazem com que diversas áreas como a educação surfe numa onda mundial, favorecendo a evolução individual dos alunos, que irão se deparar com novas profissões – muitas ainda inexistentes – que exigirão profissionais com diferentes habilidades e com a capacidade de se reinventar”, sustentou Nilson.