Centenas de trabalhadores empreenderam e lucraram com a folia na Ilha
O Carnaval acabou, deixou rastros de alegria por onde se realizou, mas também foi a oportunidade perfeita de geração de emprego e renda para quem trabalhou no período.
“Nunca imaginei que a gente fosse passar dois anos sem viver essa festa. Essa festa que para muitos é só momento de diversão, para outros, como eu, é a oportunidade de dar uma condição de vida melhor para a minha família”. A fala é de Carla Santos, proprietária da empresa Carla Lanches, sobre o carnaval de 2023.
Este carnaval não foi igual aquele que passou, definitivamente. Até mesmo, porque a última festa realizada sem restrições foi em 2020. Logo em seguida, veio a pandemia de Covid-19, e tudo mudou no mundo todo. Em 2023, com as coisas mais amenas, foi a hora de voltar com a maior festa popular do Brasil. E enquanto muitos só pensaram em matar as saudades da folia, outros viram a possibilidade de conseguir equilibrar as contas depois de 2 anos tão conturbados.
Carla é Microempreendedora Individual (MEI), desde 2014. Mas bem antes, há 22 anos, já trabalhava com comércio informal vendendo lanches, refeições e bebidas. Neste carnaval, ela montou sua banca no circuito Beira-Mar, em São Luís. A alegria de poder voltar a trabalhar novamente no carnaval, período em que o lucro é grande, estava estampado no rosto dela.
“Tudo que eu boto ‘pra’ vender eu consigo vender. Tenho 5 filhos, não tenho marido, sustento minha família, dou uma vida confortável ‘pra’ eles desse meu trabalho, e gosto de trabalhar assim. Esse carnaval foi muito esperado, não só pelas pessoas que queriam se divertir, mas ‘pra’ todo mundo que precisava ganhar seu dinheirinho. Eu, graças a Deus, tenho a minha empresa, tenho meus deveres, mas meus direitos também. Acho que é importante a pessoa procurar se profissionalizar”, disse Carla.
Além de Carla, outros tantos profissionais aproveitaram o período para garantir uma renda extra, ou mesmo aumentar os ganhos, em várias áreas. Trancistas, maquiadoras, cabeleireiras, costureiras, bordadeiras, cozinheiras, barmen, fotógrafos, aderecistas, decoradores dentre tantos outros profissionais liberais, comemoraram a volta da festa e dos lucros.
Robert Abreu Macedo, engenheiro civil, desempregado há 7 meses e com vasta experiência na preparação de drinks e coquetéis, apostou em seu negócio e não teve decepções. “Sou concurseiro e nas horas vagas eu garanto a minha venda nas ruas e festas. Como já fazia drinks, montei um ‘palletezinho’ e fui trabalhar no carnaval. Com esse trabalho pago contas, mantenho a casa. Dá para tirar um bom dinheiro. Eu sou corretor de imóveis, engenheiro civil, mas se vou trabalhar em uma empresa, o cara às vezes tem menos conhecimento que eu e ganha mais. Por isso, trabalhar com meu negócio é melhor. E estou pensando realmente em me profissionalizar”, garante Robert, dono da My Drinks.
“Esse carnaval foi muito esperado, não só pelas pessoas que queriam se divertir, mas ‘pra’ todo mundo que precisava ganhar seu dinheirinho“, Carla Santos.
Assim como Robert, muitas pessoas planejaram entrar o ano já garantindo o seu próprio negócio, e investindo para isso pedindo crédito bancário, uma ajudinha para incrementar o empreendimento.
De acordo com o Banco do Nordeste, em 2022 o Crediamigo atendeu mais de 2 milhões de clientes. Especificamente no Maranhão, foram mais de 350 mil operações. O Crediamigo é voltado para microempreendedores formais e informais, como o maior programa de microcrédito produtivo e orientado do Brasil, que disponibiliza o acesso ao crédito facilitado e orientação financeira para a melhor aplicação dos recursos e o sucesso de um negócio.
MY DRINKS, MINHA RECEITA: Robert Abreu Macedo montou uma banca de drinks com ‘palletes’ e foi trabalhar no carnaval. “Com esse trabalho pago contas, mantenho a casa” . Disse Robert, engenheiro civil, desempregado há 7 meses
No estado funcionam dois polos do Crediamigo, em São Luís e em Imperatriz, perfazendo 46 unidades, e atendendo mais de 200 mil clientes. De acordo com o escritório de São Luís, a média de crédito é de R$3.500,00 por cliente, e os setores mais atendidos são os vendedores informais.
“Comecei na informalidade, vendendo cerveja depois que perdi a minha mãe. Sem emprego, sem conseguir aposentadoria, desde 2017 que sou trabalhadora informal”
Dona Arlete Maria do Nascimento Rocha, 60 anos
Segundo Marco Aurélio Coelho Ramos, Gerente do Escritório Crediamigo Maranhão/São Luís, neste ano, já foram aplicados R$155 milhões no Maranhão, em mais de 40 mil operações, com demanda mais forte no setor do comércio. Somente nas duas primeiras semanas de fevereiro foram aplicados 41 milhões em crédito.
“A demanda foi bem maior do que o mês de janeiro, por conta das festividades de carnaval, principalmente nessa área de alimentação e bebidas. Também, estávamos com dois anos sem carnaval por conta da pandemia, aí tanto o Governo do Estado, quanto as Prefeituras investiram nas programações. Então, para o empreendedor, é oportunidade de negócio, de retomar a economia que foi tão prejudicada nos anos anteriores, por isso ele busca investimento”, disse o gerente.
Acesso ao crédito
O Crediamigo atende aos segmentos do Comércio (ambulantes, vendedores em geral, mercadinhos, papelarias, armarinhos, bazares, farmácias, armazéns, restaurantes, lanchonetes, feirantes, pequenos lojistas, açougueiros, vendedores de cosméticos, dentre outros; Serviços (salões de beleza, oficinas mecânicas, borracharias etc); Indústria (marcenarias, sapatarias, carpintarias, artesanatos, alfaiatarias, gráficas, padarias, produções de alimentos, etc). Informações podem ser obtidas no 0800 728 3030 ou no portal https://bnb.gov.br/.
A folia que gera renda
Tudo bem, o carnaval acabou, as barracas e bancas foram desmontadas. Mas e para quem quer ganhar mais, e não apenas no período das festas? O que fazer?
Dona Arlete Maria do Nascimento Rocha, 60 anos, sonha em legalizar o seu negócio.
“Comecei na informalidade, vendendo cerveja depois que perdi a minha mãe. Sem emprego, sem conseguir aposentadoria, desde 2017 que sou trabalhadora informal”, disse.
Ela trabalhou na Beira-Mar durante o carnaval e disse que lucrou bem. Além disso, começou a pensar em profissionalizar o negócio. “Estou sobrevivendo dignamente, mas tenho vontade de ter meu negócio formalizado, ter tudo direitinho, legalizado. Vou ver os meios para isso”, contou.
Para sair da Informalidade
Para Fábio Braga, Coordenador de Acesso a Mercados do Sebrae no Maranhão, o empreendedor antenado pode aproveitar um momento desses, como o que foi o carnaval, para buscar alternativa e transformar essa sazonalidade em uma venda perene ao longo de todo o ano.
“A profissionalização é algo de suma importância nos negócios, porque à medida que ele busca conhecimento, informação, as ferramentas que ele precisa utilizar, o empresário começa a encarar o seu negócio de forma mais profissional, empresarial, e começa a ter mais credibilidade no mercado. Com mais credibilidade e utilizando as estratégias adequadas e as ferramentas necessárias, ele pode fazer com que o seu cliente seja mais fiel”, comentou Fábio Braga.
De acordo com o DataSebrae, até 11 de fevereiro de 2023 havia 177.260 MEIs ativos no Maranhão. Até essa mesma data, foram abertos 834 novos MEIs. Apenas em 2022 foram abertos 19.378 novos MEIs de todas as áreas.
MEI significa Microempreendedor Individual e é o profissional autônomo. Ao realizar um cadastro no MEI, o empreendedor passa a ter um CNPJ, o que permite a emissão de notas fiscais, facilitar a abertura de conta bancária e pedidos de empréstimos, além de ter os direitos e deveres de uma pessoa jurídica.
Programa Mais Renda: o apoio do governo do Maranhão
O secretário de Estado do Desenvolvimento Social, Paulo Casé Fernandes, destacou o compromisso do Governo do Estado em fortalecer o microempreendedor, por meio do programa Mais Renda, durante a programação do Carnaval do Maranhão 2. De acordo com Paulo Casé Fernandes, o Mais Renda já contemplou mais de 5 mil maranhenses. Só em 2022, sob a gestão do governador Carlos Brandão, foram mais de 1.400 trabalhadores, uma ampliação de 40% no número de beneficiados. “Nossa família de empreendedores do Mais Renda atendeu os maranhenses e turistas nos circuitos Litorânea e Beira-Mar”.