ECONOMIA

89% dos consumidores têm alguma dívida em São Luís

O estudo revelou ainda que o número de consumidores que afirmaram possuir dívidas em atraso

(Foto: Reprodução)

Uma parcela de um financiamento atrasada, um boleto vencido, dívidas de cartão de crédito, quem não passou ou não está passando por essa situação em 2020, deve agradecer, mas infelizmente essa parcela de consumidores faz parte de uma minoria da população ludovicense.

A pesquisa de endividamento e inadimplência do consumidor (Peic), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Maranhão (Fecomércio-MA), demonstra que 89% dos consumidores de São Luís apresentaram algum tipo de dívida no mês de novembro, o maior índice da série histórica iniciada em 2010. Esse resultado representa um aumento de 1,7% em relação ao mês anterior e uma elevação de 35% na comparação com o mesmo período do ano passado.

O estudo revelou ainda que o número de consumidores que afirmaram possuir dívidas em atraso, ou seja, encontram-se na situação de inadimplentes, alcançou 42,2% dos ludovicenses, indicando queda mensal de -2%, e avanço de 40,1% em relação ao índice registrado em novembro de 2019. Além disso, as famílias que afirmaram não ter condições de quitar suas dívidas chegou a 8,8%.

É o caso do atendente de loja Francisco Simas. Apenas no último mês ele conseguiu uma recolocação no mercado de trabalho. As contas ainda estão em atraso desde o mês de julho. “A gente teve perda financeira e não demos conta de pagar algumas coisas, entre elas, o cartão de crédito. Estamos esperando melhorar para conseguir pagar”, disse.

A gente teve perda financeira e não demos conta de pagar algumas coisas, entre elas, o cartão de crédito. Estamos esperando melhorar para conseguir pagar

O caso de Francisco não é o único. De acordo com a Fecomércio, dentre os principais tipos de dívida contraídos com maior impacto sobre a renda das famílias, o cartão de crédito permanece como destaque para 69,8% dos consumidores, seguido dos carnês (24,9%), cheque pré-datado (6,0%), crédito consignado (5,3%), crédito pessoal (3,7%).

O tempo médio de atraso para o pagamento das dívidas está em 49,6 dias. Entre aqueles endividados, 83,1% afirmaram ter de 11% a 50% de sua renda mensal comprometida com o pagamento dessas dívidas. Nesse sentido, o nível de comprometimento médio da renda com o pagamento das dívidas em São Luís é de 32,2% dos rendimentos das famílias.

Dívidas com despesas básicas

O quadro mostrado pela Fecomércio, em São Luís, é uma realidade do Brasil e do mundo. Um levantamento da Serasa, em parceria com a Blend New Reserch, divulgou um estudo sobre o perfil do endividamento dos brasileiros neste ano e concluiu que, com a pandemia e a alta taxa de desemprego, o consumidor passou a se endividar para manter despesas básicas como mantimentos e contas de luz, água e aluguel.

A pesquisa também apontou que mesmo com o período de lockdown no país, o que diminuiu e limitou as opções de gastos, o cartão de crédito ainda liderou o ranking de dívidas, um indicativo de que o recurso tem possivelmente sido utilizado para compras essenciais. “Quando a renda do brasileiro é cortada, seja em partes ou por completo, o cartão de crédito é o primeiro recurso para manter compras cotidianas, mesmo que isso possa se tornar uma dívida futuramente”, afirma a gerente de marketing da Serasa, Matheus Moura.

Quando a renda do brasileiro é cortada, seja em partes ou por completo, o cartão de crédito é o primeiro recurso para manter compras cotidianas, mesmo que isso possa se tornar uma dívida futuramente

A pesquisa também aponta que oportunidades de limpar o nome, ficar livre das dívidas e voltar a ter crédito no mercado são o que interessa para o consumidor. Tendo como maiores motivos para renegociar uma dívida ter o “nome limpo” (54%) e se deparar com uma ótima oferta para quitar o débito (24%).

Histórico

Os números de setembro da pesquisa feita pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Maranhão (Fecomércio-MA), que mostrou o índice de endividados na comparação mensal com julho, apontou que cerca de 85,9% dos consumidores da capital maranhense se endividou em agosto para fazer compras. E que esses números de endividamento através de crédito cresceram pelo terceiro mês consecutivo entre os consumidores de São Luís, motivados por uma renda frágil após os impactos econômicos causados pela pandemia.

A Fecomércio informou que o setor do comércio nos meses de março, abril e maio, foi obrigado a extinguir 1.725 postos de trabalho formais. Ou seja, centenas de famílias perderam a sua renda e, consequentemente, o seu poder de compra com recursos próprios.

No Brasil

De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) de outubro apresentou queda de 0,7 ponto percentual, com relação a setembro, e apontou que 66,5% dos consumidores estão endividados. No comparativo anual, contudo, o indicador registrou aumento de 1,8 ponto percentual. 

“A redução do endividamento das famílias de menor renda nos dois últimos meses é um reflexo da diminuição dos valores dos benefícios emergenciais, o que exige mais rigor na organização dos orçamentos domésticos. Já o aumento das dívidas entre as famílias com mais de 10 salários indica que elas estão, aos poucos, retomando o consumo”, indica Izis Ferreira, economista da CNC responsável pela pesquisa.

A redução do endividamento das famílias de menor renda nos dois últimos meses é um reflexo da diminuição dos valores dos benefícios emergenciais

O cartão de crédito continua como a principal modalidade de endividamento para 78,5% das famílias. Na sequência, aparecem os carnês (16,4%) e o financiamento de veículos (10,7%).

Em comparação com o mesmo mês do ano passado, a proporção cresceu 1,2 ponto percentual. A parcela das famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que, portanto, permaneceriam inadimplentes teve ligeira queda, passando de 12%, no mês passado, para 11,9%, em outubro.

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