PIB francês cai 6% no 1º trimestre e país entra em recessão
Durante confinamento em março, atividade econômica caiu 32%
O Produto Interno Bruto (PIB), a soma PIB francês, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, caiu 6% no primeiro trimestre deste ano, em relação aos três meses anteriores. Segundo o Banco de França, a atividade econômica caiu 32% durante a quinzena de confinamento em março. Este é o pior desempenho da economia francesa desde 1945.
“Cada quinzena de confinamento custa cerca de 1,5% do nível anual do PIB e 1% do déficit público adicional”, afirmou o governador do Banco de França, Villeroy de Galhau.
Os dados, coletados em pesquisa realizada entre 27 de março e 3 de abril com 8.500 empresas francesas, indica que a atividade econômica geral caiu 32%, um valor comparável ao publicado pelo Instituto de Estatística francês (Insee), que era de uma queda de 35%.
A construção civil, que perdeu cerca de três quartos de sua atividade normal, é um dos setores mais afetados.
Todos esses setores juntos representam 55% do PIB francês. Os setores do comércio, transporte, turismo e restauração viram a sua atividade recuar dois terços.
A indústria de transformação também é substancialmente afetada, com uma perda de atividade de quase metade, assim como outros serviços de mercado, com queda de cerca de um terço.
Por outro lado, os setores menos afetados são a agricultura e a indústria agroalimentar, energia, tratamento e refinação de carvão e os serviços financeiros e imobiliários.
Quando comparada à crise financeira de 2008, a queda na atividade induzida pelo confinamento é superior. Na indústria, a atividade caiu cerca de 1,5 vez a mais no primeiro trimestre de 2020 do que no quarto trimestre de 2008. Nos serviços, a queda foi quatro vezes maior.
Está é a maior contração da economia francesa desde a Segunda Guerra Mundial e supera o segundo trimestre de 1968, quando o país foi dominado por conflitos civis, protestos estudantis em massa e greves gerais. O momento ficou marcado na história de França como “Maio de 1968”. No início de março, antes do período de confinamento, o Banco de França apresentou uma projeção de crescimento para o primeiro trimestre de 2020 de 0,1%.
Em nota, o Banco de França lembrou que o único declínio trimestral do PIB dessa magnitude foi registrado no segundo trimestre de 1968, durante as revoltas sociais de maio, quando a queda foi de 5,3%, antes de recuperar 8% no terceiro trimestre.
O Ministério das Finanças francês já tinha admitido que por cada semana de confinamento a atividade económica diminuía pelo menos 1%.
Cerca de 5.8 milhões de franceses estão com suspensão temporária do contrato de trabalho, com o Estado garantindo 84% dos salários desses trabalhadores.
Em meados de março, o governo francês anunciou um pacote de 45 bilhões de euros para apoiar trabalhadores e empresas devido à pandemia de covid-19.
Segundo os últimos dados oficiais, o número total de mortos na França devido à pandemia é de 10.328 e quase 110 mil infectados.
A França está na quarta semana consecutiva de confinamento. O ministro da Saúde já afirmou que “ainda é cedo para falar em fim da quarentena”.
As exceções para saídas autorizadas no país são o trabalho, compras de bens essenciais, assistência à família, saídas curtas para exercício físico num raio de 1 quilômetro da residência, idas ao médico em caso de urgência e intimação das autoridades.
*Emissora pública de televisão de Portugal