Medicamentos ficarão mais caros se dólar continuar subindo
Mais de 80% dos insumos usados pelo setor são importados
A disparada do dólar — que, nesta quarta-feira (04), encostou nos R$ 4,60 — vai encarecer os medicamentos muito brevemente, avisa Hernâni Serio, presidente do Laboratório Fresenius Kabi, que têm três fábricas do Brasil. Segundo ele, mais de 80% dos insumos usados pelo setor são importados.
“Os custos de produção estão aumentado, portanto, em algum momento, alguém terá que pagar isso”, afirma Serio. Isso vale tanto para os consumidores pessoas físicas quanto para hospitais e governos. “Sem dúvidas, o dólar é hoje a nossa maior preocupação”, afirma o executivo.
Para ele, é preciso que as autoridades tomem medidas mais firmes a fim de conter a escalada do dólar. O Banco Central vem fazendo intervenções no mercado, mas tais ações não têm impedido que as cotações da moeda norte-americana sigam em escalada. Já são 10 recordes consecutivos.
Coronavírus
Além do aumento dos preços do dólar, os laboratórios estão atentos aos problemas que podem vir do surto do novo coronavírus. Boa parte dos insumos usados na fabricação de medicamentos vem da China, que reduziu drasticamente a produção industrial. Também a Índia é importante supridora dos laboratórios.
“No nosso caso, especificamente, estamos com os estoques confortáveis. Além disso, temos várias fábricas pelo mundo e podemos remanejar insumos e medicamentos”, ressalta o presidente da Fresenius Kabi. O laboratório vende, basicamente, para hospitais.
Ele conta que associações do setor estão procurado mapear qual é o real estrago do coronavírus no suprimento de insumos aos laboratórios. A boa notícia é que, tradicionalmente, janeiro e fevereiro são meses de férias na China. Por conta disso, as empresas sempre reforçam seus estoques.
Em meio a tantas incertezas, o executivo recomenda que o Brasil diminua a instabilidade política e crie um ambiente mais favorável aos investimentos produtivos. Serio ressalta que, para o laboratório que dirige, é mais fácil digerir essas turbulências, já que a empresa está no país há mais de 30 anos. “Mas fica difícil explicar o que acontece aqui aos que estão fora do Brasil”, diz.