ENTREVISTA

César Nascimento lança novo DVD no Teatro Arthur Azevedo

O cantor e compositor César Nascimento apresenta nesta noite seu mais novo trabalho: Violão Coreiro. Em entrevista a O Imparcial, o cantor conversou sobre diversos assuntos, entre eles, os próximos projetos culturais

Nascido em Teresina, no Piauí, e criado na cidade de Caxias, no Maranhão, o cantor e compositor César Nascimento foi cedo, por volta dos quatro anos, para Região Sudeste, onde morou em São Paulo e passou um tempo no Rio de Janeiro, retornando depois para estudar em Caxias. Aos 18 anos, o cantor veio para São Luís fazer vestibular e encantou-se com a cultura popular do estado, passando a frequentar, rodas de bumba meu boi, tambor de crioula e outros ritmos maranhenses, fontes de inspiração de sua trajetória musical.

O reflexo de toda essa vivência cultural está presente em todos os seus trabalhos, assim como no novo CD/DVD Violão de Coreiro – A composição de César Nascimento e seu violão, que será lançado hoje, às 21h, no Teatro Arthur Azevedo, localizado na Rua do Sol, Centro. Os ingressos serão trocados por um quilo de alimento não perecível. A arrecadação será doada ao Lar Pouso da Esperança. O trabalho é fruto de projeto via Lei Estadual de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Cemar. Além do show, estão previstas ainda oficinas e apresentações nos municípios maranhenses Caxias e Paço do Lumiar, entre os dias 6 e 12 de maio.

No show do TAA, César Nascimento recebe no palco: Nelson Faria, Paulo Calasans e Manassés de Sousa, referências da música instrumental brasileira, reconhecidos e bastante requisitados no mercado internacional. Além de Renata e Ícaro Gaspar, o cantor e compositor, líder da Banda Tribo de Jah, Fauzi Beydoun, e o baixista Gérson da Conceição. Todos participaram da gravação do CD/DVD. No show, César Nascimento será acompanhado pelos músicos: Moisés Mota (bateria), Gérson da Conceição (baixo), Rui Mário (piano e acordeon), Edson Bastos (violões aço e nylon), Carlos Pial (percussão), Ícaro Gaspar (vocal). A sonorização técnica leva a assinatura de Gabriel Tauk e coordenação geral do próprio César Nascimento, que concedeu uma entrevista a O Imparcial para falar sobre o novo trabalho e de outros assuntos.

Foto: Reprodução

O Imparcial – Você recentemente recebeu o título de cidadão maranhense. Fale sobre isso…

Cesar Nascimento – Embora anteriormente eu já tivesse recebido o título de cidadão ludovicense, através de um projeto do então vereador Pedro Fernandes, foi agora, nesse ano de 2017, que recebi, através de um projeto da deputada Graça Paz, o título de cidadão maranhense. Somou-se a esta honraria a transformação da minha música Ilha Magnética em ‘Bem cultural do Estado’. Fiquei muito feliz com estes dois momentos !

O Imparcial – No aniversário de 400 anos da cidade de São Luís, você lançou o CD e o DVD Ilha Magnética, que contou com depoimentos de Ferreira Gullar, Alcione e outras referências culturais. Qual a importância deste trabalho para você?

Cesar Nascimento – O projeto Ilha Magnética foi um marco na minha carreira artística porque traduziu em um disco a forte ligação que eu tenho com Maranhão e com a Ilha de São Luís. A gente fez esse disco na comemoração dos 400 anos de fundação da cidade e conseguimos incluir nele praticamente as composições que tiveram maior destaque na minha vida artística. Isso também foi traduzido na arte do disco feita pelo Jesiel Pontes com fotografias do Meireles Júnior. Sob a direção de Natanael Júnior, nós saímos pelo Maranhão, gravamos nos Lençóis Maranhenses, nas cachoeiras do sul do Maranhão, em Alcântara, Caxias e em vários outras locações. O DVD teve também depoimentos do poeta Ferreira Gullar, da cantora Alcione, do Ademar Danilo falando sobre o reggae, do doutor Carlão falando sobre a influência africana na nossa Cultura, e tantos outros com este objetivo de mostrar no dvd um pouco da alma do Maranhão.

O Imparcial – Como você se inspirou para compor Ilha Magnética, que hoje é considerada um hino contemporâneo para a cidade de São Luís?

Cesar Nascimento – Assim que cheguei em São Luís, em 1979, fiquei encantado com tudo à minha volta. Todas estas sensações acabaram compondo, de forma simples e sintética, minha paixão pela Ilha.

O Imparcial – Violão de Coreiro é seu mais recente trabalho. Desde quando você vem maturando e como surgiu a ideia deste trabalho?

Cesar Nascimento – Toda vez que eu ia pra outros lugares e tocava algo, as pessoas em geral, inclusive grandes músicos brasileiros, notavam algo diferente na minha forma de tocar e compor. Até que, quando cheguei em Petrópolis (RJ), o músico e técnico de som Gabriel Tauk, que gravou e mixou o Violão de Coreiro, ao me ouvir tocar numa roda de amigos artistas, falou: ‘César Nascimento, nós temos que registrar esse violão’. Temos depois o cineasta Felipe Hutter, que disse o mesmo e ambos se juntaram neste propósito que, através da Lei de Incentivo do Governo do Estado do Maranhão e com o patrocínio da Cemar, conseguimos realizar.

Foto: Reprodução

O Imparcial – O que difere este novo trabalho do último?

Cesar Nascimento – Este é um disco com o foco no violão. Onde, em cada faixa, temos um ou mais convidados especiais. Foi gravado ao vivo no estúdio Aldeia, em Petrópolis, Rio de Janeiro, com uma equipe competente e completamente envolvida emocionalmente com as gravações.

O Imparcial – Em Violão de Coreiro você transpôs para as seis cordas a polirritmia dos diversos sotaques do bumba meu boi, a batida do tambor de crioula e a pulsação do reggae, entre outras levadas. Como foi esse processo de criação?

Cesar Nascimento – Essa transposição deu-se naturalmente em meus contatos com a cultura popular daqui. O que fizemos foi registrar a minha forma de compor e de tocar violão, que foram o grande presente musical que ganhei do Maranhão.

O Imparcial – Como você lida com relação as críticas sobre seus shows serem somente durante a temporada junina e não em outros períodos?

Cesar Nascimento – Já fiz shows em várias épocas do ano. Contudo, além de termos duas grandes festas, que são o carnaval e o São João, vejo acontecer um maior número de apresentações na época junina também como uma questão de mercado

Foto: Reprodução

O Imparcial – Este trabalho tem a participação de Fauzy e Gérson da Conceição. Fale sobre essa parceria…

Cesar Nascimento – O Fauzi Beydoun e o Gérson da Conceição são dois ícones da cultura reggae no Brasil. Ao colocar Maguinha do Sá Viana, parceria minha com o Alê Muniz, no repertório, achei que esta regravação ficaria perfeita com eles junto.

O Imparcial – De que forma você analisa o novo momento da cena cultural da música feita no Maranhão?

Cesar Nascimento – Embora não saiba de tudo que está rolando, gostei muito de alguns cantores/grupos que já ouvi. O que percebo é que, infelizmente, caiu muito a execução das nossas músicas em rádio. Por outro lado, como a criação não pode parar ou ficar escondida num cantinho da estante, a internet tem sido uma grande aliada para a exposição de novas produções.

O Imparcial – Quais são os próximos projetos de César Nascimento?

Cesar Nascimento – No momento, tenho quatro projetos em alinhavo, o Eletrônica Nascimento, em parceria com meu filho Ícaro Gaspar, o Arrasta-pé do César Nascimento 2, dando continuidade ao primeiro, do qual gostei muito, um disco de reggae e o quarto projeto, César Nascimento e Trio Cazumbá, numa formação com três grandes músicos do Rio, que já apareceram comigo em duas faixas neste Violão de Coreiro.

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