Pesquisador do IFMA encontra flores pré-históricas
As heranças que podem revelar como era o clima na terra há muitos anos atrás foram encontradas pelo pesquisador Rafael Lindoso
![](https://oimparcial.com.br/app/uploads/2018/02/Rafael-Lindoso-manuseando-fósseis-de-botões-florais-1024x678.jpg)
Rafael Lindoso é professor do Instituto Federal do Maranhão (IFMA). Foto: Divulgação/ IFMA
Novas descobertas paleontológicas encontradas na região de Brejo (MA), município localizado a 314 km da capital São Luís, revelaram fósseis de plantas que podem fornecer informações sobre o clima e o ambiente do planeta Terra há cerca de 110 milhões de anos atrás (período Cretáceo). A pesquisa foi realizada pelo professor do Instituto Federal do Maranhão (IFMA), Rafael Lindoso.
Durante o seu trabalho, o pesquisador encontrou os registros de botões florais em uma espécie de lama petrificada, um tipo de rocha sedimentar. O material foi catalogado durante a sua pesquisa de doutorado, realizada no Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e hoje se encontra no acervo da mesma universidade.
![](http://oimparcial.com.br/media/2018/02/Fotografias-dos-fósseis-de-plantas-que-originaram-a-pesquisa-de-Rafael-Lindoso-1.jpg)
Os fósseis encontrados representam os primeiros momentos evolutivos de espécies de plantas florais que conhecemos hoje, tais como as orquídeas ou as margaridas, por exemplo. No período Cretáceo, essas plantas iniciavam o seu domínio em ambiente global, já que naquela época os continentes eram supostamente unidos em só conglomerado. “A nossa pesquisa identificou relações existentes entre a flora fóssil de Brejo e a existente, no mesmo período, no sul dos Estados Unidos (Grupo Potomac), atualmente separadas pelo Oceano Atlântico Central, mas que no Cretáceo Inferior sugere links terrestres entre estes continentes. Portanto, o registro fossilífero de Brejo possibilita a reconstituição da paleogeografia do planeta, ou seja, como os antigos continentes encontravam-se dispostos no globo”, revelou.
Registros inéditos
O município de Brejo (MA), onde foram identificados os botões florais, está localizado na Bacia do Parnaíba, região que fica no Nordeste do país e possui cerca de 344 mil km².
Segundo Rafael Lindoso, esse foi o primeiro registro de fósseis de plantas encontrados na região. “A flora cretácea na área da Bacia do Parnaíba era conhecida apenas por grãos de pólen, esporos e fragmentos de lenhos. Dessa forma, os fósseis descobertos em Brejo representam o primeiro registro macroscópico de plantas, revelando detalhes de sua morfologia e aparência”, explicou o pesquisador.
![](http://oimparcial.com.br/media/2018/02/Rafael-Lindoso-à-esquerda-e-o-paleontólogo-John-Maisey-do-Museu-de-História-Natural-de-Nova-York-na-Fazenda-Perneta-Brejo.jpg)
Estudos dessa natureza podem fornecem respostas sobre as condições climáticas e ambientais que prevaleciam na região da Bacia do Parnaíba naquele período geológico. “Entre os materiais identificados em nosso estudo temos representantes das coníferas que, atualmente, estão restritas a latitudes mais altas, portanto mais frias. Por outro lado, o mesmo conjunto de plantas fósseis (e microfósseis) que encontramos indica um clima árido ou semiárido para a região durante o período Cretáceo Inferior. Assim, no Maranhão de 110 milhões de anos atrás, plantas que hoje habitam zonas mais frias estavam adaptadas a climas mais áridos naquela época”, analisou Rafael Lindoso.
O professor Rafael Lindoso explica que estudos sobre restos de plantas fósseis no Maranhão são extremamente raros e que, por isso, a sua pesquisa possui grande relevância no mundo científico. “As informações recolhidas em nosso trabalho permitem a compreensão da história evolutiva deste grupo de plantas, bem como o seu potencial para inferências ecológicas e biogeográficas. Nesse sentido, é indubitável o interesse científico internacional dessa pesquisa.
O estudo do professor Rafael Lindoso intitulado “Novas plantas fósseis do Cretáceo Inferior da Bacia do Parnaíba, Nordeste do Brasil: conexões com a Laurásia meridional” foi aceito para publicação na revista Brazilian Journal of Geology (BJG) – publicação de repercussão internacional da Sociedade Brasileira de Geologia e deve ser publicada em breve.