CIRCUITO BEIRA MAR

Elza Soares confirma presença no Carnaval da Ilha

Cantora será um destaques na programação oficial do carnaval de São Luís e promete muita alegria durante a sua participação especial no Bloco Criolina, que sai na segunda-feira

Foto: Reprodução

A mulher do fim do mundo será uma das atrações do carnaval de São Luís. Considerada uma das grandes cantoras da Música Popular Brasileira, Elza Soares desembarca na Ilha para a alegria dos seus fãs. Elza Soares, que é conhecida por sua voz de timbre singular e único, promete muita animação durante participação especial no Bloco Criolina. Ela vai se apresentar no Circuito Beira-Mar, na segunda de carnaval (12), dentro da programação montada pelo governo do estado.

A última vez que a cantora se apresentou em São Luís foi no ano de 2008, quando apresentou o show Do cóccix até o pescoço, no Ceprama, que contou com a participação especial do saudoso Mestre Antonio Vieira. Neste show, que levou a assinatura de Opera Nigth Produções, o público foi presenteado com sucessos como – Dura na queda, Hoje é dia de festa, Haiti, Dor de cotovelo, Bambino, A carne, Eu vou ficar aqui, Etnocopop, Fadas, Flores horizontais, A cigarra, Quebra lá que eu quebro cá, Todo dia, e Façamos, entre outros sambas de sucesso. O álbum Do cóccix até o pescoço, que havia sido lançado em 2002, garantiu-lhe uma indicação ao Grammy. O disco foi bem recebido pelos críticos musicais e divulgou uma espécie de “quem é quem” dos artistas brasileiros que com ela colaboraram: Caetano Veloso, Chico Buarque, Carlinhos Brown e Jorge Ben Jor, entre outros. O lançamento impulsionou numerosas e bem-sucedidas turnês pelo mundo.

A cantora, que foi eleita pela BBC de Londres “a cantora do milênio”, venceu preconceitos e tornou-se uma referência para as mulheres por conta de seus posicionamentos contra a violência feminina e por conta da música que faz. A Elza Soares que sempre conseguiu se reinventar ao longo de sua trajetória mostrou toda a sua versatilidade ao passear pelo bossa/soul/samba/pop/rock/reggae/hip-hop/funk e outros gêneros musicais, dando a eles a sua identidade que tem como “carimbo” uma voz rouca e vibrante que tornou-se a sua marca.

Elza, que foi ao Chile representando o Brasil na Copa do Mundo da Fifa de 1962, onde conheceu pessoalmente Louis Armstrong, já atuou como puxadora de samba-enredo, tendo passagens pelo Salgueiro, Mocidade e Cubango. Ela teve a sua vida e obra, a partir de 2008, pesquisada pela cineasta e jornalista Elizabete Martins Campos, que roteirizou, dirigiu e produziu o longa-metragem My Name is Now, Elza Soares, no qual vai mostrar aos maranhenses por que tornou-se uma grande referência na música brasileira. “Há muito tempo não me apresento em um carnaval de rua. Trio elétrico então, nem sei quando fiz pela última vez. Topei o desafio porque amo o povo do Maranhão e essa turma boa de serviço que tocará comigo. O que vai ser eu não sei, mas estou com frio na barriga já”, conta Elza. A cantora promete fazer o público se mexer na apresentação. “Especial é cantar. Isso que alimenta minha alma. O repertório nós estamos escolhendo com jeitinho, mas o que for, será para balançar a turma”, completou Elza Soares. O Bloco Criolina se apresentará no Circuito Beira-Mar, na programação que abre a segunda-feira de carnaval, e conta com a dupla maranhense Criolina como puxadora da alegria.

Conheça Elza Soares, a mulher do Fim do Mundo

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Filha do operário Avelino Gomes Soares e da lavadeira Rosária da Conceição Soares, Elza da Conceição Soares nasceu na favela da Moça Bonita, em Padre Miguel (hoje Vila Vintém), e ainda pequena mudou-se para o bairro da Água Santa, onde foi criada. Em sua infância, vivia a brincar na rua, soltar pipa, piões de madeira, até brigar com os meninos. Era uma vida pobre, porém feliz para uma criança, apesar de ter que trabalhar, levando latas d’água na cabeça. Aos treze anos de idade, casou-se com Alaurdes Antônio Soares. Aos catorze anos de idade, deu à luz seu primeiro filho.

Aos quinze anos de idade, passou por outro grande trauma: seu segundo filho faleceu. Com o marido doente, acometido por tuberculose, passou a trabalhar como encaixotadora e conferente na fábrica de sabão Véritas, no Engenho de Dentro. Com a recuperação do marido um ano depois, ele a proibiu de trabalhar fora novamente, e Elza voltou a ser dona de casa. Aos 21 anos, ficou viúva, e já estava com cinco filhos para criar, três meninos e duas meninas. Desempregada e passando necessidades, começou a trabalhar como faxineira e empregada doméstica, funções que exerceu por muitos anos. Mesmo nesta vida de batalhas, jamais desistiu do sonho de cantar, e sempre se inscrevia em seleções musicais e mandava suas letras de músicas para rádios.

Aos vinte e sete anos, já atuando como cantora. Após outros relacionamentos, conheceu o jogador de futebol Garrincha. Ela sofreu preconceito com esse relacionamento, por ser uma cantora de início de carreira se envolvendo com um jogador de futebol que havia se divorciado. Isso causou a fúria da sociedade, e Elza era xingada, ameaçada de morte, sua casa era alvejada por ovos e tomates, tudo porque seu namorado quis se separar da esposa e todos a acusavam de ter acabado com o casamento de Garrincha, mas, antes de Elza, ele já havia tido três esposas, mas a acusavam por ela ser famosa. Após quatro anos de namoro, casaram-se oficialmente em 1968.

Em 13 de abril de 1969, mais uma dura perda para Elza: Josefa Maria da Conceição Soares, mãe de Elza, morreu num acidente de carro em que Garrincha, Elza e a filha Sara também saíram machucadas. Garrincha, que estava alcoolizado, dirigia um Galaxie pela Rodovia Presidente Dutra quando foi fechado por um caminhão que entrava em baixa velocidade na pista. Todos se machucaram sem gravidade, mas Dona Josefa morreu na hora (foi arremessada para fora do carro).

Em 1982, o casamento de Elza e Garrincha chegou ao fim após dezesseis anos. O divórcio ocorreu após diversas crises conjugais e brigas violentas por causa do alcoolismo de Garrincha e de seus ciúmes exagerados. Os amigos de seu marido não aceitavam Elza como esposa, e a xingavam de bruxa, que queria controlar o marido, pois ela rodava os bares pedindo para ninguém dar bebida alcoólica ao marido.

O casal teve apenas um filho, um menino, nascido em 9 de julho de 1976, que o jogador queria tanto, pois teve nove filhas mulheres com a outra esposa e queria um filho homem. Apesar de ter tido dois meninos com a segunda e terceira esposa, quase não os via. O garoto recebeu o mesmo nome de seu pai, Manoel Francisco dos Santos Filho, sendo apelidado de Garrinchinha. Em 1983, Garrincha morreu de cirrose, o que a fez ficar arrasada, mesmo já estando separada dele. Em 11 de janeiro de 1986, outra tragédia em sua vida: seu filho Garinchinha morreu em um acidente de carro aos 9 anos de idade, ao voltar da primeira visita que fez à terra do pai, no distrito de Pau Grande, em Magé. Chovia muito, e o motorista do carro perdeu o controle, a porta do carro se abriu e o menino foi arremessado para dentro do Rio Imbariê, na Rodovia Rio-Teresópolis. Elza ficou derrotada com a perda desse filho, tentou o suicídio, felizmente sem sucesso, e decidiu sair do Brasil, morando fora por alguns anos, fazendo turnês pela Europa e EUA. Depois de muitos anos investigando onde sua filha estava, ao voltar ao Brasil descobriu seu paradeiro, o que foi um recomeço em sua vida. Ela já estava formada, tinha boa educação e uma vida estruturada, e a aceitou como mãe ao longo do tempo.

Apesar de tantas atribulações, Elza é conhecida na mídia por sempre aparecer feliz e cantando, sorrindo, o que mostra um exemplo de vitória para quem passa por dificuldades como ela passou. Elza teve oito filhos: Seus dois primeiros filhos, ambos meninos, que faleceram recém-nascidos, e posteriormente teve João Carlos, Gerson, Gilson, Dilma, Sara e Manoel Francisco (Garrinchinha). Em 26 de julho de 2015, Elza perdeu seu quinto filho, Gilson, de 59 anos de idade, vítima de complicações de uma infecção urinária. O fato a abalou muito, e comoveu o Brasil.

Beira-Mar e Madre Deus

Foto: Reprodução

O Circuito Beira-Mar vai agitar o carnaval em São Luís a partir do domingo (11), quando se apresentam o Grupo Lamparina, Gaby Amarantos e Pinduca, entre outros. Na segunda (12), é a vez de Criolina e Elza Soares. E na terça (13), vêm Péricles e Fundo de Quintal. O Circuito Madre Deus terá cinco dias de folia, a começar pela sexta-feira com o que há de mais tradicional no carnaval maranhense, com destaque para os blocos organizados, tambor de crioula e shows de artistas locais. Para a programação do segundo dia de festa oficial do governo do estado, o Ceprama será palco do Baile dos Alternativos com a participação dos Blocos Confraria do Copo, Jegue Folia, O Bloco do Reggae, Sem limite, Bloco 24×48, Bloco Samba di Rua e Bloco do Jacaré. O Carnaval de Todos 2018 acontecerá em vários pontos turísticos da cidade, como os foliões nas ruas, brincando ao som das mais consagradas bandas de carnaval de São Luís.

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