PRIMEIRA VEZ

O primeiro dia de aula traz desafios para crianças e adultos

Os filhos vão para seu primeiro ano escolar, mas são os pais que estão ansiosos para esta nova etapa no crescimento das crianças que mudará totalmente sua rotina

Foto: Honório Moreira

O período de volta às aulas está chegando e, para uma galerinha, será apenas o momento de voltar à rotina, rever os amigos e estudar bastante. Mas, para uma turma um pouco menor, 2018 vai ser de novidades, pois terá a primeira experiência de ir à escola, algo que mudará totalmente a rotina que era comum até pouco tempo.

A preocupação com a adaptação ao ambiente, rotina, interação social é comum e para muitas famílias a preparação começa bem antes de colocar os pés na escola. Há quem procure incessantemente pelo local que melhor atenderá aos anseios de acolhimento que os pais esperam, outros optam por algo já conhecido, como a escola onde estudaram buscando nas lembranças o juízo de valor de sua própria educação.

Escolha dos pais, gosto dos filhos

Ao decidir sobre em que lugar se iniciará a formação social do filho, um passo importante é dado na direção da construção individual do caráter dele. E como cada vez mais cedo as crianças participam de escolhas pessoais, é importante saber medir os limites de quem decide e quem segue.

Segundo a psicopedagoga e gestora pedagógica de uma escola da capital, Luciana Coelho, é importante que a escolha do ambiente escolar seja dos pais, sendo também necessário que a criança participe do processo conhecendo este ambiente e o aprovando. “É importante que ela faça parte da escolha do ambiente onde vai ficar, por mais que não seja dela essa decisão se vai ficar ou não, pois esta cabe ao adulto, mas é importante que a família traga a criança para conhecer o ambiente com antecedência”.

A especialista lembra que não é preciso levar os filhos para uma maratona escolar, mas apenas para a escola que já foi escolhida previamente no intuito de que ele possa assimilar positivamente o ambiente. “Eu vou levar o meu filho na escola em que eu já escolhi, para que ele conheça o ambiente. A decisão é minha, mas a criança precisa conhecer previamente. Nós proporcionamos um momento, por exemplo, onde a criança vai explorar o ambiente da escola, conhecer o espaço onde ela vai ficar e assim se sentir mais a vontade”.

Josy Nicola trabalha com atendimento publicitário e conta que realizou um crivo bastante seletivo antes de escolher a escola da Rafaela Vitória, de apenas 2 anos. Ele destaca que precisava sentir total segurança antes de ampliar os laços que até então eram apenas de mãe e filha. “Eu pesquisei dez escolas. Dessas, escolhi três e daí avaliei as que poderiam proporcionar o melhor para ela, para que a tratassem assim como eu trato e tivessem o maior cuidado do mundo. O ponto que considerei de extrema importância foi a estrutura escolar que seria oferecida, para dar segurança para ele e tranquilidade para mim”.

Período de adaptação

A criança que inicia a vida escolar muito cedo guarda as informações na mente por meio de registros emocionais. Por isso, uma experiência que não seja tranquila pode fazer com que ela tema a escola por muito tempo.

A psicopedagoga Luciana Coelho diz que o acolhimento na instituição de ensino, assim como o período de pré-adaptação colaboram de modo positivo para que a criança sinta o novo espaço de maneira menos estranha ou traumática. “Nós consideramos como algo fundamental, porque a criança precisa saber para onde ela vai, quem são as pessoas que vão ficar com ela no decorrer do ano. É importante que a família se faça presente nesse momento de visita também, para que a criança veja que a família está segura em deixar ela ali, com isso a adaptação da criança se torna muito mais prazerosa, mais tranquilo”.

A dentista Nathalia Baima Maluf tem três filhas, e já passou pela experiência do primeiro dia de aula duas vezes. “Eu costumo dizer que embora seja a terceira, a ansiedade, expectativa é diferente. Apesar da gente já ter uma experiência, cada uma tem um jeito. A Maria Luiza (filha) está entrando um pouco mais cedo que as outras, por ser do segundo semestre, então a minha ansiedade está um pouco maior por ela estar muito novinha. Mas como eu já conheço a escola, inclusive estudei lá, fico um pouco menos preocupada”.

Interação social

A preocupação de muitos pais é voltada, principalmente, para a relação dos filhos com as demais crianças. Em idades menores, eventuais acidentes, como mordidas, disputa por brinquedos ou até isolamento, podem acontecer. Isso, no entanto, não pode ser levado como argumento para delongar o momento do filho ir à escola. É importante estabelecer convencimentos de que a criança precisa de um espaço para brincar com outras crianças e aprender coisas novas.

Josy Nicola acredita que a oportunidade de interação social que a filha terá será de grande importância para o desenvolvimento da sua independência, assim como de características motoras como a fala. “Eu tenho aflição com o relacionamento com outras crianças, até porque eu sofri quando era criança também. E nós morávamos em um condomínio fechado sem crianças, então a relação dela com crianças da mesma idade é pouca. De certa forma, confio na proteção que a escola pode oferecer”.

Para a dentista Nathalia Maluf, a pouca idade da filha gera preocupação, mas sabe que, para lidar com isso, ela terá que ser paciente e principalmente estar presente em cada momento da escola. “Eu tenho receio, porque, como ela tem um pouco mais de um ano, então, ela não anda muito bem, ainda não fala, e a gente fica à mercê apenas do que a professora fala”.

De acordo com a especialista Luciana Coelho, a rotina escolar faz com que aos poucos a criança vá perdendo a inibição dentro do ambiente escolar, sentindo-se mais à vontade à medida que vai participando das atividades oferecidas pelas escolas. “Nós precisamos dar tempo ao tempo, cada criança tem o seu momento, suas predileções. Algumas crianças logo querem estar com outras, outras preferem o mundo dos brinquedos e, aos poucos, sendo inseridas nesses grupos, elas vão aprendendo a gostar de outros amigos, a dividir brinquedos e se socializar mais”.

A psicopedagoga lembra que a indicação correta para iniciar a vida escolar é algo muito relativo a cada família, mas que iniciar mais cedo tem pontos positivos no desenvolvimento da criança. “Como psicopedagoga, eu posso te afirmar que, quanto mais cedo uma criança é estimulada, mais ela tem a oferecer no futuro. Uma criança que vem para a escola com um ano de idade não vai se escolarizar, nós estaremos inserindo ela em um universo de troca, de partilha, de convivência, e ela vai aprender em um universo onde a ludicidade estará muito presente”.

Pai preparado

Foto: Honório Moreira

Muitos pais se preocupam tanto com a recepção positiva da criança ao novo ambiente que esquecem a possibilidade da separação com seu filho ser sentida muito mais por ele, e pode causar tristeza e sentimento de vazio. Por isso, algumas ações podem servir de alento e já preparar os pais amis apegados para este momento.
Antes do começo das aulas, deixar o filho brincar com outras pessoas ou, se possível, leva-lo para a casa da avó, tias ou padrinhos enquanto faz outras atividades pode ser um bom teste para o momento que for preciso ficar longe um do outro.

Se for difícil controlar a hora do adeus, é possível pedir para que outra pessoa leve o filho para a escola durante alguns dias. Com o tempo, esse momento será menos angustiante e deve ser possível assumir a função outra vez.
Passar o dia pensando em como o filho está e o que está fazendo não é saudável. Por isso, é importante manter a cabeça ocupada no período em que estiver sozinho. Passatempos agradáveis podem ser almoços com amigos, ou caso não esteja no trabalho, atividades ao ar livre como exercícios físicos.

Conversar com outros pais que já passaram por isso é um método mais que eficaz para passar pelo momento de preocupação. Eles podem transmitir conforto, comentar experiências vividas e dar dicas de como agir em determinadas situações.

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