Opinião

A ambiência

A impressão que tenho, é que apesar dos milênios que vivemos na terra, ainda não entendemos, plenamente, que o ambiente em que vivemos é a nossa cara-metade. Parece que fazemos questão de preservamos uma “imbecilidade atávica”, que nos impede de perceber que nós somos o ambiente onde vivemos e vice-versa. Homem/ambiente, embora sejam coisas distintas, […]

A impressão que tenho, é que apesar dos milênios que vivemos na terra, ainda não entendemos, plenamente, que o ambiente em que vivemos é a nossa cara-metade. Parece que fazemos questão de preservamos uma “imbecilidade atávica”, que nos impede de perceber que nós somos o ambiente onde vivemos e vice-versa. Homem/ambiente, embora sejam coisas distintas, no fundo, um é a extensão do outro. Esse binômio é a maior revelação da natureza.  E, isso significa dizer que, o ambiente onde se vive é parte fundamental de algo dentro de nós, que nos completa, nos dá sentido e define nossa existência. E nós, do nosso lado, somos a parte fundamental do ambiente pois seremos nós que iremos manter, preservar e protege-lo. Homem/ambiente, constituem-se lados distintos de uma mesma moeda, portanto, inseparáveis, um não existe sem o outro.

Nós somos o mar, o sol, a lua, os planetas, as estrelas. Somos o ar, a terra, os pássaros, as árvores e tudo mais que nos rodeia e, somos, inclusive, o outro homem e é isso que nos faz nascer, crescer, desenvolver e morrer. Essa relação, altamente complexa e íntima, entre essas dimensões, se dá desde o nascimento até a morte. E a vida surge nessa integração fenomenal e é ela que garantirá nosso ciclo vital. A vida, é o ambiente e o homem em seu habitat. Somos, absolutamente, incapazes de prescindir dessa condição e sem a qual não existiríamos. Essa é nossa maior das nossas realidades. Homem/ambiente/homem, definem o valor e a importância da vida, do mundo e de nós mesmos. Nenhum, igualmente, é mais importante que o outro, pois ambos se complementam de forma imprescindível. 

Enganam-se, os tolos e insensatos, ou os que não respeitam essa realidade que, ao não promoverem, a igualdade, a justiça, o amor, o respeito, a gratidão, ou mesmo os que não protegem as nossas circunstâncias naturais, como as florestas e o meio ambiente e tudo mais que nos cerca, que não pagaremos um preço caro por esse desleixo vergonhoso. As repercussões dessas idiossincrasias e incúrias são profundas e causarão marcas indeléveis na vida social e pessoal em cada um de nós.

A realidade da vida moderna e da sociedade contemporânea não preserva nem garante a perfeição desse enlace entre homem e seu ambiente. Um sistema de vida desvairado pelo egoísmo, pelo desrespeito acintoso ao meio ambiente e ao eco sistema, a corrida desenfreada pelo dinheiro, pela posse e pelo poder, bem como as incompreensões entre os próprios seres humanos, a maldade, os desmandos na vida pública, o desrespeito repudiável ás regras, normas e leis de convivências e as transgressões a tudo que é natural e que pertente ao meio ambiente, provocam alterações e prejuízos incalculável à vida de todos nós.  Cada acontecimento contra a natureza deve ser entendido como algo contra nós mesmos, tal como citados acima. Desmatar, desgovernar, desleixar no trato da coisa pública, é por demais constrangedor, pois restringe nossa existência e denigre nosso valor como seres humanos, além de interferir, frontalmente, contra a referida natureza. Esses padrões comportamentais são contundentes, pois ferem os princípios que regem nossa existência.  Quando alguém mata alguém, ou mata os rios, os animais, joga lixo nas ruas, polui o ambiente, destrói as florestas e as plantas, interrompe esse equilíbrio e, as consequências aos poucos vão se revelando.  O mal-estar geral da sociedade contemporânea, que tem o homem como seu próprio algoz está impedindo de alcançarmos níveis mais evoluídos diante nossa vida e do nosso bem-estar social. Nesse sentido, quando a Organização Mundial da Saúde – OMS, define nossa saúde como algo que depende do nosso bem-estar, físico, psíquico e social, ela simplesmente, garante que para vivermos bem e plenamente saudáveis é preciso que haja essa perfeita integração entre as dimensões humanas, ambientais e comportamentais, condições indispensáveis que consolida o desenvolvimento sadio dos humanos. E, infelizmente é o que está ocorrendo, de forma rápida e inevitável. 

O adoecer, nessa perspectiva, é entre outras coisas, a ruptura, o desequilíbrio a desarmonia dessas dimensões, que não são coisas distintas, mas se intrincam umas às outras, garantindo a vida. Um braço, uma cabeça, um coração, a pele os pulmões e tudo mais que nos compõe, só tem significado e importância em seus lugres e fazendo o que fazem, fora do corpo, nada disso serve para nada e não tem qualquer valor. A vida é assim, nós dentro de nosso sistema só temos importância e sentido, quando estamos em paz conosco, com nosso ambiente e com os outros, fora disso, temos muito pouco significado. 

Eis a vida, simples, bela e linda, mas exigente. E, será que a vida que levamos hoje, sem rumo e sem sentido e inspirados em uma corrida desvairada de poder, posse e prazer, faz sentido? Será que poderemos pensar em saúde, se o que mais fazemos é nos destruir juntamente com nosso ambiente?  Veja o que está acontecendo com o clima do planeta, com as águas e com o ar que respiramos. E quem é o agente principal de tudo isso? Somos nós. Alias, na vida somos os autores, diretores, protagonistas e editores das nossas próprias histórias, de tal forma, que o que está acontecendo, nós somos, absolutamente, os responsáveis por tudo. Ninguém está nos destruindo, nem o ET de “varginha” nem outros extraterrenos, nós estamos nos destruímos.  E vejo que a cada dia essa situação é cada vez pior.  E, contraditoriamente, estamos estagnados no tempo, pois de um lado surge um homem cibernético, com inteligência artificial, mecatrônico e altamente evoluído quanto aos seus inventos tecnológicos. Por outro lado, esse mesmo homem, disfarçado de humano, se imbeciliza a todo instante tornando-se insensato e negligente, por não consegui entrar em paz com seu ambiente nem com os outros. Funciona na atualidade como funcionava o homem de Neandertal, de Java ou de Pequim, primitivo, assustado e tolo. 

O crescimento tecnológico, tão almejado e aplaudido por todos, está mais a serviço da vaidade, da arrogância e do fetiche e menos a serviço da vida humana e do seu meio natural. Quando digo: está a serviço, não significa que esse crescimento não tem valor, mas sim que esses conhecimentos ainda não estão sendo plenamente utilizados a serviço de nós mesmos.

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