Pontes, Viadutos e demais Obras de Arte Especiais
Rogério Moreira Lima – Eng. Eletric. Mestre e Doutor em Engenharia Elétrica, Coordenador da CEEE, CAPA e CEALOS do CREA-MA, Diretor de Inovação da ABTELECOM, Professor da UEMA Membro efetivo da AMC, titular da cadeira nº 54 Adv. José Lucas Medeiros Guimarães, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Direito e Instituições do Sistema de Justiça (PPGDIR) da UFMA Eng. Civil Nagib Duailibe, Bel. em Direito e Mestre em Ciência Jurídica (Univali/SC) / Coordenador da Comissão de Orçamento e Tomadas de Conta do CREA-MA.
O desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, conectando Aguiarnópolis, no Tocantins, a Estreito, no Maranhão, em 22 de dezembro de 2024, destacou a necessidade urgente de reavaliar as práticas de manutenção e gestão de estruturas no Brasil. Essa tragédia evidenciou a importância de engenheiros civis devidamente habilitados, com formação sólida em cálculo diferencial e integral, álgebra linear, mecânica dos sólidos e análise estrutural. Conhecimentos sobre esforços normais, cortantes e momentos fletores, além da aplicação da equação diferencial de Euler-Bernoulli para modelagem de vigas simples, são imprescindíveis. Projetos mais complexos, como os de obras de arte especiais, exigem a teoria do Estado Plano de Tensões de Timoshenko, essencial para analisar placas e vigas sob cargas dinâmicas.
Mas o que são obras de arte especiais?
Obras de arte especiais são estruturas de engenharia civil de alta complexidade projetadas para superar obstáculos ou atender demandas específicas de funcionalidade, segurança e durabilidade em sistemas de infraestrutura. Exemplos incluem pontes, viadutos, túneis, barragens e passarelas, que se destacam pela sofisticação técnica, uso de materiais avançados e soluções personalizadas para desafios como geologia e impacto ambiental. Essas obras desempenham um papel essencial no desenvolvimento econômico e social, conectando regiões, gerenciando recursos hídricos e promovendo a mobilidade com segurança e eficiência.
Projetar obras de arte especiais exige dos engenheiros conhecimentos de superfícies e linhas de influência, as quais são ferramentas essenciais na análise de pontes, permitindo determinar os efeitos de cargas móveis em diferentes partes da estrutura. As linhas de influência representam graficamente a variação de esforços, como momento fletor, força cortante e reações, em uma seção específica, ajudando a identificar os pontos mais críticos para o dimensionamento e otimização de materiais. Já as superfícies de influência, aplicadas a tabuleiros e lajes, avaliam como os esforços variam em função da posição de cargas distribuídas em várias faixas, sendo indispensáveis para pontes largas ou com múltiplas faixas, enquanto o Método dos Elementos Finitos possibilita simulações detalhadas que identificam vulnerabilidades estruturais.
A compreensão da propagação de esforços no tabuleiro de pontes é vital para determinar a distribuição de cargas aplicadas, como as de veículos e pedestres.
Modelagens matemáticas baseadas na Série de Fourier e na Transformada de Fourier são eficazes para cargas periódicas e dinâmicas, respectivamente.
O dimensionamento das fundações de pontes é especialmente desafiador devido à necessidade de resistir a cargas dinâmicas e à exposição contínua à água. Soluções como estacas cravadas ou escavadas e o uso de concreto protendido nas vigas são comuns, sempre em conformidade com normas técnicas como a NBR 7187:2022, que trata do projeto de pontes, e a NBR 7188:2024, que classifica a capacidade de carga móvel. A inspeção estrutural regular, regulamentada pela NBR 9452:2023, é essencial para garantir a integridade das pontes ao longo do tempo.
A tragédia da ponte reforça a necessidade de revisões periódicas e de adequação às normas modernas para atender ao aumento significativo de tráfego e cargas não previstas em projetos antigos. Além disso, é crucial implementar uma legislação federal para tornar obrigatórias inspeções regulares e manutenções preventivas, reduzindo riscos e prolongando a vida útil dessas estruturas. Monitoramento com sensores de deformação, vibração e corrosão pode detectar falhas iniciais e prevenir colapsos futuros. O cumprimento das normas e recomendações técnicas é essencial para evitar novas tragédias, garantindo segurança e confiabilidade nas infraestruturas brasileiras.
Em suma, o Brasil precisa de mais engenharia, parar com achismos e decisões sem fundamentação técnica. É necessário não apenas ouvir, mas cumprir as determinações dos laudos e relatórios técnicos dos engenheiros. Chega de amadorismo: profissionalizar a engenharia é mais do que cumprir a lei e combater o exercício ilegal da profissão (art. 6º da Lei Federal nº 5.194/1966); é salvar vidas!