opinião

Fora da bacia

Renato Dionísio- Historiador, Poeta, Compositor e Produtor Cultural

É grande a movimentação entre aqueles que fazem a feira do bairro da Cohab, seus usuários e todos em seu entorno. O pomo da discórdia e descontentamentos se estabelece a partir de uma portaria assinada pelo administrador daquele entreposto comercial, proibindo a comercialização, por parte dos permissionários, de bebidas alcoólicas nas dependências daquele logradouro público. Tal determinação não tem caráter geral, segundo a circular, se aplica unicamente à feira da Cohab.

Por não está assinada pelo secretário da pasta. Por não ser ato de iniciativa do prefeito Braide, menos ainda, lei municipal, fica difícil, até onde sabemos, se aquelas autoridades fazem par aos ditames do S.r. Alexsandro Brandão, superintendente de comercialização e abastecimento da SEMAPA, se concordam ou pelo menos tomaram conhecimento da propositura desta determinação. Que, segundo o comunicante, tem como origem na solicitação da 51ª Promotoria de Justiça.

Penso que o conceito mais atualizado, para não falar em modernidade, de locais, com estas características mundo afora, começa a ser transformado, ultrapassando sua utilização tão somente como área de comércio para abraçar, incorporar, o conceito de espaço de visitação e harmonização. Ajuda, para tal finalidade, a extensão de seu horário de funcionamento e a diversificação dos produtos ali comercializados. Veja esta realidade em Fortaleza, São Paulo ou em Nova Déli. Onde os centros de negócios informal são estimulados a receberem visitações. Neste sentido, até os cemitérios cobram para visitação pública.

Num aspecto, estamos todos, inclusive o missivista, em total concordância; apesar de ser um dos mais apresentáveis centros de distribuição de alimentos de São Luís: com relativa área de estacionamento. Fácil acesso a toda cidade. Alta qualidade dos produtos comercializados e diversificação das ofertas. Ainda assim, existe a permanente necessidade de melhorias e adequações. Dentre estas, aponto como premente a proibição da venda de drogas ilícitas em suas dependências, fruto da falta de um combate mais eficiente por parte de quem é obrigado a fazê-lo. É esta ausência, unicamente ela, que estimula o desenvolvimento de uma “Cracolândia” em seu frontispício.

Com toda certeza, a responsabilidade pelo comércio de drogas não pode ser debitada aos donos dos bares, menos ainda, pode se constituir impedimento para exercerem suas atividades laborais de forma legal. Por oportuno, penso que podemos fazer deste limão uma limonada. Basta constatarmos que temos pontos convergentes: somos a favor do fim da venda de drogas, com a punição de quem de

direito. Somos a favor do aumento da segurança neste shopping popular. Somos a favor, pela localização privilegiada, da extensão de seu horário de funcionamento e estímulo à visitação pública.

A medida adotada, em princípio, é autoritária, injusta e discriminatória: é autoritária, pois construída sem a participação dos interessados ou seus representantes. É injusta ao estabelecer que os bares e não todo ou qualquer permissionário pode estar em situação de desrespeito a norma legal. É discriminatória ao legislar apenas para este mercado quando a rede comporta mais de trinta unidades.

Se houver vontade política, não é difícil solucionar o problema. O que não pode é o pau quebrar do lado do mais fraco. Porque a promotoria não solicitou a colocação, nas dependências da feira, de um posto policial? Se não tiver contingente na PM, exija-se do prefeito um ponto para a guarda municipal, já que ela tem poder de polícia. Corte-se a concessão do box de quem está na ilegalidade. Vai doer menos esta solução e não pune quem nada deve.

Olhar para a frente e vislumbrar o futuro são conceitos que devem permear a cabeça de um administrador, sobretudo, se cabe a este a tarefa, nada insignificante, de governar uma cidade universal. São Luís, como patrimônio da humanidade é mais que o nosso berço, é a mais universal das capitais brasileiras e, pasmem os senhores, até nossas feiras devem participar de nosso esforço em transformá-las em oportunidades futuras. Não podemos cometer a loucura de jogar fora a criança que está sendo banhada, porque desejamos dispensar a água que enche a bacia.

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