Vices na rota da seda
Em março de 2018, o ainda presidenciável Jair Bolsonaro visitou Taiwan e, na volta, tuitou que o norte que queria dar ao Brasil na relação com a China era algo “bem diferente do que foram os governos anteriores, simpáticos a regimes comunistas”. Pronto, o estrago estava feito. A embaixada chinesa em Brasília respondeu com uma […]
Em março de 2018, o ainda presidenciável Jair Bolsonaro visitou Taiwan e, na volta, tuitou que o norte que queria dar ao Brasil na relação com a China era algo “bem diferente do que foram os governos anteriores, simpáticos a regimes comunistas”. Pronto, o estrago estava feito. A embaixada chinesa em Brasília respondeu com uma nota de repúdio. Pequim interpretou a colocação de Bolsonaro como ameaça do Brasil às tentativas da China de consolidar a sua influência na América Latina e Caribe. Agora, o debate é sobre a nova rota da seda – a China se abrindo para o mundo e o mundo conectado à China.
Só na América Latina estão nove dos 17 países que ainda mantêm relações diplomáticas com Taiwan. Os investimentos chineses no Brasil encolheram de US$ 11,3 bilhões em 2017 para US$ 2,8 bilhões em 2018. Pode-se incluir nessa planilha os US$ 8 bilhões previstos para um porto e uma siderúrgica em São Luís e Bacabeira. A ascensão de Bolsonaro ao Planalto virou uma tensão, difícil e incerta na relação diplomática sino-brasileira, estabelecida em 1974, quando o chanceler Azeredo da Silveira convenceu o então presidente Ernesto Geisel a reconhecer a República Popular da China.
Agora, felizmente, pela palavra do vice-presidente Hamilton Mourão, o Brasil não enxerga a China como ameaça, e sim como parceiro estratégico. Com isso, o general conseguiu desarmar a bomba armada pelo capitão, segundo o jornal espanhol El País. Nos próximos dias, quando Hamilton Mourão aterrissar na capital do gigante asiático, “poderá se orgulhar de ter consertado, a duras penas, parte do estrago feito pelo presidente da República na relação bilateral com a China”, destaca o El País.
Com objetivo bem parecido, mas em situação política totalmente oposta à do Brasil, o vice-governador do Maranhão, Carlos Brandão, estará embarcando, junto com uma missão empresarial de mais de 50 integrantes, para a terceira visita à China. Além de uma feira mundial, Brandão terá contatos oficiais com várias autoridades chinesas. O objetivo é tentar reanimar os investidores dos projetos do Porto São Luís e da siderúrgica, das facilidades permitidas no Maranhão. Brandão espera realinhar com sucesso essa etapa importante e necessária para o desenvolvimento do Maranhão.