Recado aos fariseus
Antes mesmo de ser eleito, o então deputado federal Jair Bolsonaro já espinafrava o educador Paulo Freire, o mais influente professor brasileiro no século XX. Em palestra para empresários do Espírito Santo, em agosto do ano passado, Bolsonaro disse que se fosse eleito iria entrar com um “lança-chamas no MEC para tirar de lá Paulo […]
Antes mesmo de ser eleito, o então deputado federal Jair Bolsonaro já espinafrava o educador Paulo Freire, o mais influente professor brasileiro no século XX. Em palestra para empresários do Espírito Santo, em agosto do ano passado, Bolsonaro disse que se fosse eleito iria entrar com um “lança-chamas no MEC para tirar de lá Paulo Freire!”. Ao se referir a Paulo Freire, o hoje presidente da República disse que Freire trouxe um viés marxista para o ensino brasileiro, o que seria o motivo do pouco desenvolvimento dos estudantes.
O então deputado também prometeu ampliar as escolas militares no ensino público como contraponto à “Pedagogia Oprimida”, pela qual Freire pregava que a escola deve ensinar o estudante a “ler o mundo para poder dominá-lo”. Em outro ponto de sua fala, o ainda presidenciável Bolsonaro já mostrava a sua indignação com a política indigenista no país.
“Se eleito, vou dar um foiçada na Funai que vive de atrapalhar o desenvolvimento do país”. Para ele, o órgão vive exigindo laudos e mais laudos “porque tem – desculpem a linguagem – um cocô de índio petrificado no terreno”.
Muita coincidência. Depois de empossado no Planalto, o seu guru Olavo de Carvalho passou a atacar na mesma linha de raciocínio a Paulo Freire. Ele é autor de método de alfabetização que estimula alunos a refletirem sobre sua realidade. Por isso passou a ser visto por Olavo como inimigo público e responsabilizado por maus resultados educacionais do país. Não sem motivo, o governador Flávio Dino decidiu homenagear Paulo Freire, sempre na linha de oposição ao bolsonarismo.
Durante a homenagem, perante a viúva de Paulo Freire, Ana Maria Freire, o chefe do governo do Maranhão disse que é patriota e não fariseu que usa verde e amarelo para “esconder instintos antinacionais”. Ele criticou àqueles que se vendem como patriotas e fazem questão de ostentar camisa verde e amarela para mascarar o verdadeiro intuito de entregar o Brasil para os interesses internacionais. O governador ilustrou a sua fala citando as cores da bandeira do Maranhão e o significado do vermelha nela: “Aqui o vermelho não é antítese do verde e amarelo. Pelo contrário, o vermelho complementa o verde e amarelo. O coração fica do lado esquerdo do peito, e o sangue que corre nas nossas veias é vermelho!”