coluna

Para Lula, o 2026 já chegou, e para Brandão, está chegando

Raimundo Borges – Bastidores

Na primeira reunião ministerial de 2025, realizada na última segunda-feira (20/01), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um alerta e uma constatação ao mesmo tempo. No alerta ele disse aos ministros que “o ano de 2026 já começou”. A oposição, em sua visão já está em campanha para impedir sua reeleição no próximo ano. Na constatação, Lula deixa claro que, no meio do mandato, não há mais tempo para planejar algo significativo no governo para os próximos dois anos. 

O momento é de colher os frutos do trabalho plantado a partir de 2023. “Daqui para frente a gente não pode inventar, tem que colher o que semeamos; todos os atos que fizemos”, disse Lula. Realmente, os últimos dois anos para qualquer governo é o período mais complicado. A gestão já aparece envelhecida, os discursos são repetitivos e a população passa a ser mais exigente nas cobranças, já olhando o tempo que resta. É diferente dos dois primeiros anos, quando tudo é novo e a liga entre governo e povo ainda não se desgastou. Vive a etapa de estabilidade plena. Portanto, o olhar de Lula sobre o tempo de governança é igual ao do governador Carlos Brandão, guardada a devida proporção de valores. Brandão está o meio do mandato e vive o período de incerteza sobre 2026. A diferença dele em relação a Lula é que, até o momento, o presidente é o candidato à reeleição, já o governador não pode ser reeleito. 

O PT tem apenas Lula com potencial para enfrentar a onda da extrema direita, configurada na pessoa de Jair Bolsonaro, mesmo diante do cipoal que ele se encontra, além da inelegibilidade. Na hipótese de Bolsonaro não conseguir limpar o nome e se tornar candidato, o bolsonarismo tem várias opções para substituí-lo. Não é o caso de Lula e da esquerda. Já no Maranhão, Brandão tem o controle do poder estadual, diante de uma oposição quase invisível. O PL bolsonarista no Estado perdeu a prefeitura de Imperatriz, mas ficou com 40 prefeitos, um a mais do que os 39 de 2020. Porém, todos têm “padrinhos” maranhenses, sendo o principal deles, Josimar do Maranhãozinho, que não é bolsonarista.

No Brasil, com eleições a cada dois anos, o de intervalo é de arrumação. Para Brandão e Lula, portanto, a colheita já está pronta, e 2026 será o ano de brigar pelo poder, cuja refrega no âmbito nacional já começou. Por isso, o governador do PSB maranhense também não tem tempo para planejar ações. Só aquelas de curtíssimo prazo, pois quando passarem-se as celebrações do ano novo de 2026, será de corrida contra o tempo. O governador Luiz Rocha (1983-86) viveu o último ano de mandato em profunda solidão.

Os aliados sumiram e a oposição, liderada por Epitácio Cafeteira, o substituto, batia forte, apoiada por José Sarney, então presidente da República. – Estou aqui neste Palácio olhando todo dia o sol poente sumir no horizonte – disse, certa vez, Luiz Rocha, em melancólico, a este jornalista, em conversa no Palácio dos Leões. Os aliados e visitantes desapareceram depois que ele decidiu ficar no mandato até o último dia, quando Cafeteira se recusou a receber dele a faixa e o governo. Quem exerceu o ato simbólico da faixa foi o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ricardo Murad. O ocaso da gestão de Luiz Rocha foi parecido com o ocaso de Newton Bello. Sozinho no gabinete palaciano, ouvia batida na porta e pedia à secretária: “Veja quem está batendo aí e manda entrar”. Ela, envergonhada, respondia: “Não é ninguém, governador. É o vento”.

Assim como Lula, Brandão também já enxerga a proximidade do ano de 2026, crucial para decidir o que fazer de sua vida política: ser ou não candidato a senador; passar ou não a faixa ao vice Felipe Camarão. Mas já constatou que a união é o melhor caminho para manter o grupo dinista-brandonista no poder. As condições atuais são tão favoráveis que o levou a pensar até em fazer a estreia do sobrinho Orleans Brandão, disputando sua sucessão. Mas como a política é uma ciência em permanente mutação, logicamente que o bom político não arrisca perder, fazendo malabarismo sem a providencial rede de proteção contra a queda.

VER COMENTÁRIOS
Polícia
Concursos e Emprego
Esportes
Entretenimento e Cultura
Saúde
Negócios
Mais Notícias