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Os ciclos da política do Maranhão correm risco de acabar em 2026

Raimundo Borges – Bastidores

De 1947 a 1965 o Maranhão viveu sob o regime político chamado de vitorinismo, cujo cabeça desse ciclo de mando chamava-se senador Vitorino Freire. Era filho de Pernambuco que, porém, apesar de mandachuva no Estado, nunca foi governador. De 1965 a 2014, o sarneísmo foi o sistema de poder que mais durou no Maranhão e no Brasil, com José Sarney se tornando a figura política de maior relevância na história contemporânea nacional. O último ciclo político maranhense foi liderado por Flávio Dino, eleito governador entre 2014 e 2022, período em que desmontou o sarneísmo do mesmo modo que José Sarney acabou com o vitorinismo – pela via democrática do voto popular.  Agora, no começo deste ano de 2025, o governador Carlos Brandão encontra-se numa encruzilhada política em busca da via preferencial que o leve a 2026 sem provocar ruptura no dinismo e nem o faça perder o comando do Palácio dos Leões. O caminho é longo e cheio de novas encruzilhadas. Até agora pelo menos seis nomes despontam como pré-candidatos a governador, mesmo sem alguns deles assumirem tal pretensão. O prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), Lahesio Bonfim (Novo), Felipe Camarão (vice-governador, PT), Roberto Rocha (ex-senador), deputada Iracema Vale (PSB) e Hilton Gonçalo, ex-prefeito de Santa Rita formam o quinteto com intenções no Palácio dos Leões.

Exceção de Felipe Camarão e Iracema Vale, os demais pré-candidatos estão embolados no centro direita, como Eduardo Braide e Hilton Gonçalo, ou na extrema direita bolsonarista, como Lahesio Bonfim e Roberto Rocha. Daí a dificuldade de Brandão decidir por um nome que não seja tão à esquerda, muito menos extremista de direita. O ideal seria alguém com o perfil de centro, como ele próprio – embora filiado ao PSB. Como o Brasil chegará a 2026 na sua pior divisão histórica entre direita bolsonarista e esquerda lulista, qualquer previsão sobre o que ocorrerá nos estados é pura especulação, até para os institutos de pesquisa traçarem algum cenário que mereça credibilidade dos partidos e do eleitor.

A história política do Maranhão passou pelo longo ciclo do coronelismo, cruzou o vitorinismo, superou o sarneísmo e em 2024 saiu do dinismo, quando Flávio Dino foi nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal, deixando dúvidas e expectativas sobre o que vem pela frente. Se Carlos Brandão conseguir construir o ‘brandonismo’ ou se surgirá algo de novo no cenário político ninguém sabe ainda. O prefeito Eduardo Braide já pontua nas pesquisas com ampla vantagem à frente de Lahesio Bonfim que, em 2022, ficou um segundo lugar atrás de Brandão, provocando enorme surpresa ao ultrapassar o senador Weverton Rocha (PDT).

A regra de poder no Maranhão se repete desde o vitorinismo. A estratégia é o entrosamento do Poder estadual com o federal, uma forte aliança partidária tendo como ferramenta de ação eleitoral a máquina púbica. Portanto, desde o mandonismo lá de trás, o poder passou pelos conceitos informais de coronelismo, clientelismo e patrimonialismo. Hoje, com o Brasil rachado no fundamentalismo evangélico ideológico de extrema direita, Centrão e esquerda, surge como o movimento político de maior impacto, as plataformas digitais donas das redes sociais, mudando costumes e regras, onde até o conceito de liberdade de expressão é deturpado para permitir a dominação via fake news.

 A visão política mudou de lugar e os valores inerentes aos gestores públicos, também. O mundo digital distorce a verdade e faz da política o vale-tudo das fake News se sobrepor aos valores pessoais, lideranças e competências. Se o governante carrega a responsabilidade para com o povo, seus pré-requisitos à gestão pública, porém, passam pelo crivo das redes sociais sem regras. No Brasil é bolsonarismo versus lulismo. No Maranhão, as eleições de 2026 estão num cenário de imprevisibilidade. Até a posse do presidente dos Estados Unidos, Donaldo Trump, com seu extremismo de direita, vai impactar na divisão ideológica do Brasil e na agenda planetária do clima, da pobreza e da fome.

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