O que MA tem a ver com governo Trump
Raimundo Borges – Bastidores
A economia do o Maranhão, fortemente sustentada pelo agro, celulose, minério de ferro, alumínio e alumina, pode vir a ser impactada negativamente pelo governo do republicano Donaldo Trump. Afinal, os Estados Unidos é o terceiro destino das exportações maranhenses, depois da China e Canadá. Trump derrotou a democrata Kamala Harris com o plano de deportar milhões e milhões de imigrantes ilegais, impor alíquotas de 60% ou mais às importações da China e taxar de 10 a 20% mercadorias de outros país, inclusive do Brasil que concorre fortemente com a produção de soja e milho dos americanos. Obviamente que, diante desse festival de ameaças, Brasil está com o pé atrás sobre o que vem por aí.
O Brasil é um dos mais importantes fornecedores de alimentos para os EUA. O café é o maior deles, seguido de itens como suco de laranja, carne bovina, frango, produtos da cana-de-açúcar e soja. Já o Maranhão, por sua vez, leva suas exportações de soja, milho e celulose, minério de ferro, alumínio e alumina, escoadas pelo Porto do Itaqui que, pela sua localização geográfica e profundidade única tornou-se referência para boa parte do comércio internacional de várias regiões do Brasil. Dados da Federação das Indústrias do Maranhão (Fiema) apontam que em 2024, o agronegócio do Maranhão produziu o equivalente a R$ 11,4 bilhões, sendo 95,6% nas comoditeis soja e milho.
Se o Maranhão, com sua pobreza secular tem motivo para se preocupar com a gestão de Donaldo Trump na Casa Branca, imagine o que passa pela cabeça dos que formulam o comércio externo do governo Lula. Porém, a maior economia da América Latina não depende de vendas apenas para os Estados Unidos, pois existe a China como o maior país parceiro comercial, além da União Europeia, Argentina, Japão, Emirados Árabes Unidos, Costa Rica e Austrália. Em 2024, Brasil já abriu 13 novos mercados a seus produtos. Desde 2023, são 91 destinos, graças ao trabalho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em fortalecer a posição do país no contexto das grandes nações democráticas do mundo.
Foi-se o tempo em que a economia do Maranhão dependia em grande escala da produção de amêndoas do Babaçu, extraída pelas mulheres quebradeiras de coco enquanto os maridos trabalhavam na agricultura de subsistência, sem tecnologia e sem apoio do poder pública. No entanto, essa economia invisível desde a época colonial servia para sobrevivência nas áreas de maior concentração de babaçuais nas bacias do Mearim e Itapecuru. Até a chamada torta de babaçu, subproduto da extração do óleo usado na alimentação, na indústria de produtos de limpeza e de cosméticos fazia parte da pauta de exportação brasileira.
Mas tudo isso faz parte da história. O presente começa hoje. Donaldo Trump promete desde a campanha sobretaxar as importações da China e de qualquer outro país, incluindo o Brasil que ele disse ser “a mesma coisa”, por cobrar taxa de suas importações dos Estados Unidos. A fala reverberou no setor produtivo brasileiro como uma alerta. A agenda do protecionismo do novo governo Trump vem com muito mais força do que da vez anterior. Além da votação avassaladora que recebeu e da maioria no Congresso, Donaldo Trump agrada o seu púbico com a agenda do protecionismo extremo dos Estados Unidos. “Se eles querem nos cobrar, tudo bem, mas vamos cobrar a mesma coisa”, disse ele à imprensa.
O presidente sempre prega o favorecimento prioritário à atividade doméstica dos EUA, considerando a concorrência estrangeira . Isso pode ser feito limitando ou reduzindo a importação de produtos, incentivando o desenvolvimento interno com subsídios, entre outras formas. Mais do que esse tipo de ameaça, Trump já começa o governo fazendo muito do que prometeu, cujas promessas empolgaram como nenhum outro presidente, a população americana. Ele inicia o novo governo levando o ativista antivacina Robert F. Kennedy Jr; o bilionário Elon Musk; o homem apontado como “czar das fronteiras”, Tom Homan; e dois ‘falcões’: Michael Waltz e o latino Marco Rubio, todos bilionários financiadores da campanha, seguidores fervorosos e conservadores extremados.