O nó cego da corrida ao Senado pelo Maranhão
Raimundo Borges – Bastidores
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Para qualquer político chegar ao Senado Federal existem dois caminhos naturais que são percorridos pela grande maioria da chamada “Câmara Alta” do País: passar pelo governo do Estado ou ascender de deputado federal. O único caso que fugiu dessa realidade na história contemporânea do Brasil é o de Ana Paula Lobato, a maranhense de 40 anos, filha de Pinheiro, que ganhou oito anos no Senado, como 1ª suplente de Flávio Dino, quando ele renunciou ao mandato para se tornar ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Ela ganhou, de mão beijada, a titularidade no Senado num mandato que vai até 1º de fevereiro de 2031, período em que pode trabalhar por sua reeleição.
A partir de agora as duas vagas de senador a serem abertas em 2026 podem ter uma disputa mais acirrada do que a de 2022. Até o momento o governador Carlos Brandão (PSB) é visto como principal concorrente ao Senado. Caso se confirme essa projeção, ele terá de renunciar ao governo em 3 de abril de 2026, passando-o ao vice Felipe Camarão.
No páreo pelas duas cadeiras estarão os senadores Weverton Rocha (PDT), sua colega Eliziane Gama (PSD) e o deputado federal licenciado, ministro dos Esportes André Fufuca (PP). Há ainda a expectativa de o deputado federal Josimar do Maranhãozinho (PL) também entrar, único a não pleitear o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Já a senadora Ana Paula, ao contrário do ex-titular de sua cadeira que completa em fevereiro um ano no STF como um dos ministros de maior destaque, ainda não conseguiu se projetar em temas que a tornem conhecida nacionalmente. No Maranhão ela continua carregando o peso da imagem do marido deputado Othelino Neto (SD), que lidera na Assembleia Legislativa a bancada de oposição ao governo Brandão. Por sua vez, Flávio Dino além de dividir os holofotes com o ministro Alexandre de Moraes, relator de investigações contra os golpistas de 8 de janeiro, assumiu a campanha pela transparência e rastreabilidade na aplicação de R$ 53 bilhões em emendas parlamentares pelo país afora.
Apesar de mais novo no STF, Dino é o mais popular entre os colegas nas redes sociais: Reúne 1,4 milhão de seguidores no Instagram e 1,2 milhão no X, que deixou de usar após o embate do dono da plataforma Elon Musk com a Suprema Corte no fim do ano passado. No Maranhão nenhum político conta com tamanho apoio nas mídias virtuais. Mas o que importa é a disputa do Senado, casa em que Eliziane Gama acumula enorme projeção, desde a CPI da Pandemia, em que participou informalmente, até se tornar relatora da CPI dos Atos Golpistas de 01 de janeiro. Entre os pedidos de indiciamento, listados no parecer, está o ex-presidente Jair Bolsonaro que acabou no rol dos indiciados.
Já o senador Weverton é mandachuva no PDT, cujo presidente nacional Carlos Lupi ocupa o Ministério da Previdência no governo Lula. Portanto, no Maranhão, Lula terá séria dificuldade em participar da campanha eleitoral de 2026, caso seja candidato. Carlos Brandão, Weverton e Eliziane são da base política, cujos partidos ocupam ministérios no governo. Agora, com a possibilidade de o PSD e PSDB tornarem-se um único partido, a situação fica ainda mais complicada na próxima eleição no Maranhão. O prefeito, Eduardo Braide é do mesmo PSD de Eliziane, pode concorrer ao governo na oposição a Brandão e distante da senadora.
O curioso é que, no Maranhão, os bolsonarista estão escondendo o jogo ou esperando os desdobramentos dos acontecimentos nacionais para só então definir nomes para o governo e Senado. Se o PSD se fundir com o PSDB, no Maranhão forma um problema para o governador Carlos Brandão e para Eduardo Braide. Brandão foi tucano histórico e tem o chefe da Casa Civil, Sebastião Madeira, no comando do PSDB. Assim como Braide, todos têm perfil de centro direita, mas por aqui até o presidente regional do PL, Josimar do Maranhãozinho virou inimigo de Jair Bolsonaro, mas sendo aliado de Brandão.