No epicentro do terremoto
Na esteira embaraçada da reforma da Previdência no Congresso, movem-se nos bastidores dos poderes da República as pedras do jogo eleitoral de 2022. Enquanto políticos, juristas e ministros do Supremo Tribunal avaliam que a nova publicação de diálogos entre o ex-juiz Sérgio Moro e procuradores da Lava-Jato elevou a pressão sobre o agora ministro da […]
Na esteira embaraçada da reforma da Previdência no Congresso, movem-se nos bastidores dos poderes da República as pedras do jogo eleitoral de 2022. Enquanto políticos, juristas e ministros do Supremo Tribunal avaliam que a nova publicação de diálogos entre o ex-juiz Sérgio Moro e procuradores da Lava-Jato elevou a pressão sobre o agora ministro da Justiça, o debate sobre a sucessão presidencial corre solto.
Dois integrantes do STF disseram que, nas conversas publicadas pela revista Veja, em parceria com The Intercept, há, pela primeira vez, indicação cristalina de, no mínimo, falta administrativa grave. Até operadores do direito que estavam ao lado de Moro ou em posição de observação deram passo atrás, segundo informa a coluna Painel da Folha. Não é sem motivo que o movimento Lula Livre cresce no Brasil e já ganha vários países da Europa, mostrando que o ex-presidente é um preso político injustiçado.
Uma parte do universo político de Brasília começa a trabalhar com a possibilidade de Sérgio Moro ser candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro em 2022. Avalia-se que uma chapa Bolsonaro-Moro é considerada forte —o ministro da Justiça tem até mais apoio popular do que o presidente, segundo pesquisas. De olho nessa movimentação é que Flávio Dino amplia seus diálogos com ex-presidentes da República, incluindo, obviamente, José Sarney, num projeto de construir uma frente de centro-esquerda em defesa da democracia e da Constituição, mas também em oposição ao governo Bolsonaro.
A divulgação das conversas Moro-procuradores da Lava-Jato fez o ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União, determinar que o ministro da Economia, Paulo Guedes, responda em 24 horas se o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) está analisando as movimentações financeiras do jornalista Glenn Greenwald, editor de The Intercept Brasil, site responsável pelos dissabores que o ministro Sérgio Moro tem passado nas últimas semanas. Se tiver é ilegal e intimidação.