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Lula lança programa para evitar ‘apagão’ de professores no país

Raimundo Borges – Bastidores

Um sistema de educação sem professores valorizados e qualificados faz desabar toda a estrutura social de qualquer país, levando de roldão a juventude, as esperanças de futuro e a base do desenvolvimento. lamentavelmente no Brasil milhares de professores estão abandonando a profissão e já se fala até em extinguir nas universidades, os cursos de pedagogia, história e outros correlatos ao ensino em geral. Cada ano menos jovens se dispõem a seguir a profissão no Magistério, pelo desestímulo à atividade, baixos salários e excesso de cobranças tanto social quanto do poder público por elevação nos indicadores educacionais. Na área privada, o ensino virou um negócio lucrativo, mas os aumentos das mensalidades não correspondem ao reajuste salarial dos mestres.

Tendo à frente o ex-governador do Ceará Camilo Santana, o Ministério da Educação lançou, esta semana, um decreto assinado pelo presidente Lula, sobre o programa “Mais Professores para o Brasil”. A iniciativa vai promover valorização e qualificação de 2,3 milhões de docentes em todo o país, com ações integradas que compõem os cinco eixos do programa, com impacto em 47,3 milhões de estudantes. É algo parecido com o sistema que fez do Ceará um modelo de Educação de qualidade no país. Para se ter ideia, em 2024, um total de 633 estudantes de escolas públicas cearenses conquistaram notas acima de 950 pontos na redação do Enem, 32 com notas acima de 980 pontos e 631, notas entre 950 a 980.

Uma das principais premiações internacionais da educação, o World’s Best School Prizes 2023 reconhece o trabalho de duas escolas do Brasil entre as melhores do mundo: uma fica em Carnaubal (CE) e outra em Belo Horizonte (MG). Seguindo um modelo parecido com o do Ceará, o Maranhão avançou no Ideb, com 5,4 nos anos iniciais do fundamental (1º ao 5º). Nos anos finais (6º ao 9º) do ciclo fundamental, registrou 4,5 pontos e no ensino médio, 3,8 pontos – neste, porém, abaixo da meta para as duas etapas. No entanto, já conta com quase 20 mil matrículas em escola de tempo integral e fez crescer 172% no segmento de Educação Profissional e Tecnológica.

Já o programa federal “Mais Professores” considera que os docentes representam o fator intraescolar mais impactantes no aprendizado. Estudo de 2024 da Fundação Getúlio Vargas constata que o professor é responsável por 65,7% do resultado de aprendizagem no fundamental e 47% no ensino médio. O decreto de Lula estrutura o programa em cinco eixo: seleção para o ingresso na docência; atratividade para as licenciaturas; alocação de professores; formação docente; e valorização. Visa melhorar a qualidade da formação, reduzir o apagão na profissão de docentes, estimular concursos púbicos e induzir o aumento de professores na rede pública.

O governo federal quer mostrar aos estados e municípios que não se pode falar em crescimento do Brasil, com a Educação desvalorizada a partir do professor. Muitos mestres aproveitaram os anos de ensino remoto na pandemia da Covid19 para abandonar a profissão e buscar outra atividade no mercado de trabalho. O MEC sabe que sem estímulos ao magistério com boa formação e renumeração compatível, será difícil reverter o apagão da escassez de mestres nas salas de aula. O ensino é um tema tão importante que não pode sair das agendas do Poder Legislativo em todos os níveis, universidades, entidades de professores e estudantes, assim como dos estados e municípios, alinhados com o setor privado.

Pesquisa do Semesp, que representa mantenedoras de ensino superior do Brasil, aponta que o envelhecimento, a aposentadoria no magistério e o desinteresse da classe estudantil pela profissão pedagógica pode provocar em breve uma escassez irreversível de profissionais da área. Olhando esse universo educacional com preocupação, a Comissão de Educação do Senado fez uma audiência pública para debater maneiras de tornar os cursos de licenciatura mais atraentes. Há previsão de que o Brasil tenha um déficit de 235 mil professores na educação básica até 2040. Em 2022, 58% de alunos de licenciatura desistiram de se formar. O que restará de um país com professores desestimulados?

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