Encontro desencontrado
No encontro entre o presidente Jair Bolsonaro e os governadores, anteontem em Brasília, foi repetido o velho lengalenga do Pacto Federativo, que se resume em muitas letras mortas, quando os estados precisam urgentemente de dinheiro vivo. Os governadores têm velhas demandas pendentes junto ao Palácio do Planalto e Bolsonaro tem um acerto de contas com […]
No encontro entre o presidente Jair Bolsonaro e os governadores, anteontem em Brasília, foi repetido o velho lengalenga do Pacto Federativo, que se resume em muitas letras mortas, quando os estados precisam urgentemente de dinheiro vivo. Os governadores têm velhas demandas pendentes junto ao Palácio do Planalto e Bolsonaro tem um acerto de contas com eles que esbarra na aprovação da Reforma da Previdência. Bolsonaro quer economizar com a reforma R$ 1,2 trilhão e os governadores querem alguns bilhões ou milhões para pagar o inadiável: folha de pessoal, infraestrutura de saúde, de educação e precatórios judiciais, por exemplo.
Flávio Dino, o mais contundente opositor do governo Bolsonarista, ficou na ponta da mesa, de onde olhava diretamente o presidente. Os dois se confrontam nas redes sociais com posições ideológicas antagônicas. Dino na esquerda e Bolsonaro na direita. Porém, acima dessa postura, está a crise econômica que abate a indústria, que derruba a arrecadação do IPI, fonte das transferências aos estados, como o Fundo de Participação. De quebra, o desemprego no centro da ciranda que inibe o consumo, desacelera a produção, aumenta o endividamento familiar e desalenta a população.
Nas mãos de Flávio Dino, o governo do Maranhão tem conseguido driblar parte da crise conjuntural do país e investir em programas sociais, na educação, na saúde e no cumprimento das obrigações constitucionais, como o pagamento dos salários dos servidores em dia. No começo do segundo mandato, em cuja eleição ele mandou para casa praticamente toda a estrutura política sustentada na oligarquia Sarney, Flávio Dino tem os próximos anos para consolidar seu modelo político e provar que o Maranhão, apesar da crise, estará melhor do que ele o encontrou.
Ter o apoio do governo federal é fundamental. Porém, o Maranhão, por incrível que pareça, está no centro do debate nacional que se arrasta rumo às eleições de 2022. Flávio Dino trabalha para se viabilizar como eventual candidato das esquerdas – sem Lula – na sucessão de Jair Bolsonaro. Enquanto isso, o próprio Jair vai tentar permanecer no cargo, apoiado pela direita. São duas realidades que só o tempo será capaz de medi-la num contexto lógico de Brasil dos dias atuais. Chafurdado, mas resistente.