Devassa no laranjal
Depois do escândalo de inúmeras irregularidades que vem se verificando sobre o cumprimento das cotas de candidatas nas eleições no país, os partidos se movimentam na Câmara para abrandar a exigência legal. Como há realmente dificuldades para preencher as vagas de candidatos com 30% de mulheres, as fraudes acabam sendo o caminho para o disfarce […]
Depois do escândalo de inúmeras irregularidades que vem se verificando sobre o cumprimento das cotas de candidatas nas eleições no país, os partidos se movimentam na Câmara para abrandar a exigência legal. Como há realmente dificuldades para preencher as vagas de candidatos com 30% de mulheres, as fraudes acabam sendo o caminho para o disfarce de inúmeras candidatas postas na lista apenas para receber o dinheiro dos fundos Partidário e o de Financiamento de Campanha.
O que chama a atenção para a tal exigência das cotas é que o Brasil, assim como o Maranhão em particular, tem mais eleitoras do que eleitores e mais mulheres do que homens na população em geral. Até nas universidades, as mulheres batem numericamente os homens nos cursos de graduação. Agora, depois das fraudes com candidaturas “laranjas”, apanhadas no PSL, mas sem dúvida uma recorrência nos demais partidos, os líderes querem reduzir de 30% para 10% o porcentual mínimo obrigatório de candidatas a cargos no Legislativo já em 2020.
Outra ideia já em tramitação na Câmara, pronta para votação na Comissão de Constituição e Justiça, prevê o fim das punições às legendas que não cumprirem a cota. Para valer em 2020, quando serão escolhidos novos vereadores em 5 570 municípios do País, as medidas precisam ser aprovadas até o início de outubro – um ano antes da votação. Significa que os deputados vão ter que correr contra o tempo para não dar com os burros n’água.
Depois do “laranjal” de candidatas de faz de conta no PSL na eleição passada, que resultou na operação Sufrágio Ostentação, da PF, acendeu a luz vermelha para todo mundo. Causou surpresa o fato de que, dos 24 candidatos que não receberam um único voto em 2018 – nem o próprio -, 21 eram mulheres. Destas, 17 não arrecadaram nem gastaram nada. Mas várias receberam e de mentirinha. Na Câmara, a bancada passou de 51 para 77 deputadas. Apesar do avanço, elas representam apenas 15% dos 584 parlamentares no Congresso Nacional. Está provado que as cotas podem ser o caminho, mas a solução para a desigualdade na representação está ainda longe.
Ocupando espaço
Mesmo de férias, desde terça-feira, o governador Flávio Dino aproveitou para se reunir em São Paulo com o ex-governador Márcio França, do PSB, e com o presidente nacional da legenda, Carlos Siqueira. Tema: a construção de uma frente ampla em defesa do país e da democracia.
Frente ampla
A mesma proposta, Flávio Dino já debateu com os ex-presidentes Lula (preso em Curitiba), Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e José Sarney (MDB), além do presidenciável Fernando Haddad. Ainda vai a Dilma Rousseff. Não sem motivo, Bolsonaro já alvejou Flávio Dino em suas falações contra o Nordeste.
Retaliação?
O deputado César Pires (PV), hoje o opositor mais duro do governo Flávio Dino na Assembleia Legislativa, disse que as “provocações pessoais” de Dino a Jair Bolsonaro “têm fins eleitoreiros e sem motivações técnicas”. Segundo ele, o Maranhão pode pagar uma conta que não é sua. Seria retaliação?