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Crise no PL em 2024 ganha novo rumo para 2026

Raimundo Borges – Bastidores

Em 2024, o PL viveu momentos de tensão interna, depois que o ex-presidente Jair Bolsonaro desacatou, em tom raivoso, os deputados Josimar do Maranhãozinho, um dos políticos de maior lastro eleitoral no Estado, e seu companheiro de Câmara, o pastor Gildenemyr a quem os chamou de “corruptos e marginais”. E não ficou só nisso: em novembro, a presidente de honra do PL nacional, ex-primeira dama Michele Bolsonaro destituiu a deputada federal Detinha, mulher de Josimar e campeão de voto em 2022, do comando do PL Mulher estadual, passando-o à vereadora de São Luís Flávia Berthier, que acabara de ser eleita.

A crise explodiu no PL depois que o jornal O Globo publicou uma matéria dizendo que no Maranhão não havia bolsonarismo. Falava da articulação do governador Carlos Brandão (PSB) e seu irmão, Marcus Brandão que resultou na participação do PL na coligação que sustentou à candidatura do deputado federal Duarte Jr (PSB) à prefeitura de São Luís. Quem deu a palavra final sobre a aliança foi Maranhãozinho, apoiado pelo presidente regional, ex-deputado Hélio Soares. Na mesma coligação de Duarte, estava o PT, PCdoB e PSB, fato que deixou Jair Bolsonaro possesso, ao visitar Imperatriz na campanha municipal local.

É fato real que o bolsonarismo no Maranhão vive num espaço sem fronteira definida e sem uma liderança que corresponda ao tamanho do PL e à lealdade cobrada pelo seu presidente de honra Jair Bolsonaro. Como o maior partido no Maranhão, o PL tem 40 prefeitos eleitos em 2024, quatro deputados federais e cinco estaduais. Esta semana, o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (Novo) se lançou como pré-candidato a governador do Maranhão em 2026 e apontou a vereadora Flávia Berthier, do PL, para o Senado Federal. É o suficiente para novo choque de Josimar com Bolsonaro sobre a disputa de 2026. Josimar já deixou claro que a esposa Detinha poderá concorrer ao Senado.

Lahesio Bonfim, do Novo, ficou em segundo lugar na disputa de o governo do Estado em 2022, quando bateu n voto, o senador Weverton Rocha (PDT). Na época em que Bolsonaro xingou Josimar e o Pastor Gildenemyr, a senadora Eliziane Gama (PSD) e o ministro dos Esportes André Fufuca (PP) prestaram lhes solidariedade, o que não ocorreu com os deputados e prefeitos do PL, todos eleitos sob o cobertor de Josimar. Outro fato curioso observado no bolsonarismo do Maranhão é a dispersão política sobre essa corrente. A deputada mais leal a Bolsonaro na Alema é Mical Damasceno, eleita pelo PSD, com forte reduto eleitoral no universo evangélico.

Ainda na Assembleia Legislativa, o deputado Yglésio Moises, filiado do PRTB, mas eleito pelo PSB em 2022, é o mais próximo de Jair Bolsonaro. Em 2024, ele percebeu que havia um ambiente nebuloso no ambiente bolsonarista e resolveu ocupar o espaço com toda força. Fez reunião com o ex-presidente, mantém contato permanente com ele e adotou a postura de direitista como nenhum outro. Aproveitou suas férias com a família nos Estados Unidos neste mês, para comparecer à festa de posse do presidente Donaldo Trump. É assim que o PL e o bolsonarismo vão se portando, envolvendo vários partidos e figuras políticas do Maranhão governado por Carlos Brandão, filiado ao PSB sem ser de esquerda, e se relaciona com o PL sem ser de extrema direita nem bolsonarista.

Todo esse enredo mostra que, no Maranhão quem manda no PL é Josimar do Maranhãozinho, um político de larga experiência no ramo do clientelismo eleitoral. No âmbito nacional ele consegue, como inimigo de Bolsonaro, ter o apoio do presidente Valdemar da Costa Neto. Bolsonaro gravou um vídeo em 2024 exigindo a dissolução da aliança do PL com partidos de esquerda, mas não conseguiu. Significa que Bolsonaro é uma coisa, o bolsonarismo, outra. É uma corrente que sabe o significado do pragmatismo e aprendeu andar sem a muleta do ex-presidente. Com sua inelegibilidade em pleno vigor e um calhamaço de processos ainda por julgar sobre o golpe frustrado de 8 de janeiro, Jair Bolsonaro depende de Alexandre de Moraes para sonhar com o Planalto em 2026.

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