Centro-direita desmantela e avança para 2026
Raimundo Borges – Bastidores
A vitória do deputado estadual Rildo Amaral (PP) em Imperatriz, com uma vantagem de 8 mil votos sobre Mariana Carvalho, candidata do Republicanos foi uma tremenda derrota do casal Bolsonaro que, separadamente, visitou a cidade por duas vezes, e a vitória de Carlos Brandão e André Fufuca (PP), que apoiaram Rildo. Pela posição geográfica estratégica de Imperatriz, no Sudoeste do Maranhão entre Pará (norte) e Tocantins (centro-oeste), o ex-capitão imaginou que, elegendo Mariana transformaria a cidade no centro irradiador do bolsonarismo em vários rumos, além de derrotar Brandão (PSB), sucessor do algoz dele e da extrema direita, Flávio Dino. E, de quebra, o ministro dos Esportes de Lula, André Fufuca.
No Maranhão, o centro ideológico está no centro do poder. Carlos Brandão no Governo, Eduardo Braide na prefeitura da capital e Rildo Amaral na principal cidade do interior, André Fufuca com uma penca de 50 prefeitos que apoiou, Josimar do Maranhãozinho, com outra e Iracema Vale, também, embora sendo do PSB, ela transita com desenvoltura na direita e na esquerda, graças a sua origem petista. Imperatriz era o único reduto importante no Maranhão e no Nordeste em que Jair Bolsonaro derrotou em 2022, o petista Luiz Inácio Lula da Silva. Logo, a vitória de Mariana era um troféu para ele pendurar no peito.
A principal lição que ficou das eleições municipais do Maranhão é que sobrou um caderno de borrão de letras garatujadas, com várias lideranças tentando decifrar os recados das urnas. Brandão é a principal liderança, mas sustentada na força do Palácio dos Leões. Ficou neutro no primeiro turno em Imperatriz e só arregaçou as mangas por Rildo no segundo. Braide saiu da zona de conforto de sua vitória estrondosa de 70,12% dos votos, para apoiar Mariana Carvalho, tentando demarcar terreno para 2026 na cidade que simboliza o sucesso econômico do interior do Maranhão, e no terreno bolsonarista, caso ela vencesse. Mas um passo em falso no momento errado.
O Bolsonarismo está mancando no Estado, apesar dos 40 prefeitos eleitos no PL, mas puxados pela ação de Maranhãozinho, duramente acatado por Bolsonaro. Já o PP de Fufuca e o PSD de Eduardo Braide, isoladamente saíram revigorados das urnas e, ainda por cima, com Eliziane Gama (PSD) tentando disputar a presidência do Senado Federal. Ficou claro que o cenários das eleições majoritárias no Maranhão está tão confuso depois das eleições quanto estava antes. A única certeza é o nascimento de uma política diferente no Brasil, na qual o eleitor renegou os extremismos polarizantes da direita e da esquerda, que colocou comida na mesa das periferias famintas, deu emprego e melhorou salário e eles foram para o centro querendo sair do bolsa família, fazer faculdade e virar empreendedor.
No Brasil, o velho MDB de José Sarney, de Lobão, de Barbalho e de Calheiros se adaptou e se agigantou no centro, com 864 prefeitos e uma multidão de 27,9 milhões de votantes. Ricardo Nunes (SP) aproveitou a decadência do PSDB e deixou o PT nanico. O PSD, de Gilberto Kassab, com 27,7 milhões de votos, é a segunda força, seguida do PL e da UB. Juntos, dominam o centro da política nacional e isolam o extremismo de Jair Bolsonaro, que perdeu espaço, está sem mandato, inelegível e com um cipoal jurídico pela frente. Com as urnas bombando no eleitorado do centro, inclusive nas periferias onde o PT deitava e rolava, os novos prefeitos são jovens, brancos e a maioria esmagadora, homens.
Sem dúvida, as eleições de 2024 deixaram escombros políticos a serem reconstruídos até 2026 por essas lideranças jovens e seus partidos de centro-direita, como o PSD. O PT das militâncias, dos programas sociais das periferias e dos sindicatos, definhou, a prática envelheceu e não tem quadro renovado. Depois de Lula, aos 79 e três mandatos presidenciais e dois de Dilma, o PT busca um substituto à altura e não acha. Já o bolsonarismo já busca um rumo, sem Jair Bolsonaro no Poder, inelegível e o PL rachado. O Centro bombou nas redes sociais e na interlocução com as massas. Aprendeu a linguagem da “nova pobreza”, usou e abusou da máquina pública e das emendas pix, que elegeram 93% dos novos prefeitos.