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Brandão optará por Orleans em 2026

Raimundo Borges – Bastidores

O enredo da sucessão estadual de 2026 não é nada parecido com o script que projetou em 2014 a chapa liderada por Flávio Dino – um candidato do PCdoB – de mãos dadas com o tucano histórico, Carlos Brandão que, porém, nem de longe transitou um por partido ou movimento social de esquerda. O presidente regional do PSDB foi a antítese que Dino usou para justificar que não pretendia implantar o comunismo no Maranhão, nem se armar para o confronto da batalha que pôs fim ao meio século de sarneísmo. Além do PSDB, Dino atraiu para sua coligação o PDT, PSB, PPS, PP, PTC, PROS e SD – mistura que projetou para o país uma liderança que fez a ruptura histórica como ninguém ousou antes, ao derrotar Lobão Filho (MDB), aliado a outros 17 partidos, inclusive o PT.

Dessa forma, a vermelhidão do PCdoB comunista, que chega assustar eleitores de diferentes faixas sociais no Brasil e mundo afora, foi amenizada, embora Flávio Dino nunca tenha se livrado da pecha de “comunista”, até mesmo vestindo a toga do Supremo Tribunal Federal. Com o fim do governo dinista em abril de 2022 e a eleição do vice Carlos Brandão em outubro (já filiado ao PSB), a história do ‘comunismo’ maranhense de 2014 passou a perder a coloração vermelha acentuada nas práticas de governança, e retomar à mistura do emedebismo dos Sarney com o tucanismo do próprio governador. Portanto, nos quase três anos de governo Brandão, a sucessão de 2026 está mergulhada em tensas indefinições.  A histórica ruptura política do Maranhão, marcada por sucessivas oligarquias que trocavam de nomes, mas permaneciam as práticas de governança, agora está aos frangalhos. O MDB sarneísta e o PSDB tucanista estão dentro do governo do ‘socialista’ Carlos Brandão, filiado ao PSB, mas de cara amuada. O PCdoB mantém pouco espaço, porém, nem de longe, com a relevância de antes. O deputado Márcio Jerry jura que o seu partido é da base governista, mas parece fechar os olhos para a postura de parte da bancada ‘comunista’ na Assembleia Legislativa que se incorporou ao bloco de oposição à gestão de Brandão.

Faltando 13 meses para acabar o prazo de desincompatibilização de mandatários que desejam disputar as eleições de 2026, o governador Carlos Brandão não diz claramente se fica no palácio dos Leões até o fim do mandato ou se passará a faixa ao vice Felipe Camarão, já como candidato ao governo. Se disputar uma das duas vagas no Senado, Brandão tem chance de vencer, assim como jogar todo o esforço da máquina para tentar eleger o petista Camarão, apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sendo ou não candidato à reeleição. Mas o cenário não é tão claro assim, na medida em que a relação de Brandão com o vice segue em vias de estrangulamento completo. No entorno de Brandão, não há dúvida de que ele vai ficar no governo até o fim e lutar pela candidatura do sobrinho Orleans Brandão (MDB). Trata-se de um jovem que vai estrear na política já concorrendo ao cargo máximo do Maranhão, uma proeza ocorrida em 2014, com Edison Lobão Filho (MDB), exatamente contra Flávio Dino e Brandão. Roseana Sarney ficou no cargo durante a campanha e só em dezembro passou-o, por poucos dias, ao deputado Arnaldo Melo, presidente da Alema. O Lobão obteve 33,69% dos votos contra Dino (PCdoB), 63,52%. Vale destacar que, o Brasil e o Maranhão de 2026 serão, politicamente, totalmente diferentes de 12 anos atrás. A polarização entre esquerda e direita é algo tão surpreendente que nenhum cientista político será capaz de prever. Pelas pesquisas até aqui realizadas, o prefeito de São Luís, Eduardo Braide, reeleito com mais de 70% dos votos em 2024, sustenta uma liderança folgada na corrida ao Palácio dos Leões. Assim mesmo sem que se declare pré-candidato como filiado ao PSD, partido que só elegeu ele como único prefeito no Maranhão. Braide não comunga o bolsonarista nem o renega, mas têm atrás de si o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim nesse papel. Já Orleans Brandão seria o terceiro a disputar o mesmo eleitorado do centro à extrema direita, que pode ter ainda Roberto Rocha no mesmo quadrado, enquanto Felipe Camarão ficaria com o universo da esquerda, num estado historicamente apoiador do presidente Lula.

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