A base é nossa
Já se passaram mais de 30 anos em que o Centro de Lançamentos Espaciais de Alcântara é discutido, analisado, contestado, apoiado e motivo de muitas controvérsias. Já se foram vários governos no país, governadores no Maranhão e prefeitos em Alcântara, sem que nenhum foguete ou satélite de alta tecnologia tenha sido lançado ao espaço. Agora, […]
Já se passaram mais de 30 anos em que o Centro de Lançamentos Espaciais de Alcântara é discutido, analisado, contestado, apoiado e motivo de muitas controvérsias. Já se foram vários governos no país, governadores no Maranhão e prefeitos em Alcântara, sem que nenhum foguete ou satélite de alta tecnologia tenha sido lançado ao espaço. Agora, no governo Bolsonaro, de extrema-direita, e do governador Flávio Dino, de esquerda, a base de Alcântara transformou-se no centro de políticas ideológicas.
Para definir os pontos que amaram o AST, deputados, cientistas e autoridades do governo federal debateram ontem, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, todos os aspectos legais, técnicos, científicos e financeiros do acordo. O deputado Hildo Rocha (MDB) é entusiasta do acordo, assim como o senador Roberto Rocha. Até o governador Flávio Dino apoia o AST, porém, com ressalva sobre os impactos sociais e econômicos nas comunidades de Alcântara, especialmente as quilombolas habitantes da área do projeto.
Há 18 anos, o tal acordo vem sendo negociado entre Brasil e Estados Unidos, com um período em que a Ucrânia também participou de foguetes que acabaram numa tragédia. A base explodiu-se, matando engenheiros, técnicos e cientistas e destroçando todo o CLA. Hoje, o que menos importa são eventuais decisões tomadas ao sabor de ideologias entre direita e esquerda. O Brasil precisa dar um passo à frente junto com o Maranhão, para que o CLA finalmente cumpra a sua missão especial.
No primeiro debate na Câmara com o ministro Marcos Pontes, os deputados Bira do Pindaré, ex-secretário de Ciência e Tecnologia do Maranhão, e seu colega do PCdoB, Márcio Jerry, mostraram preocupação com a questão dos quilombolas, deslocados da região do centro espacial na década de 80. As promessas de titularização e outros benefícios sociais, nunca foram cumpridos. Marcos Pontes disse que quer resolver a questão dos quilombolas e concordou com proposta do deputado Márcio Jerry, de criação de um grupo de trabalho com a comunidade e autoridades locais. Talvez esse seja um dos caminhos para desatar os nós que amarram no chão, o CLA e seus lançamentos.