Valdemar tenta aplacar ódio de Bolsonaro contra Josimar
Raimundo Borges – Bastidores
Dois meses depois de Jair Bolsonaro soltar os cachorros contra o deputado federal Josimar do Maranhãozinho, chamando-o de “bandido” e defender seu expurgo do PL, o presidente nacional da legenda liberal, Valdemar da Costa Neto veio ao Maranhão, no último fim de semana, carregado de boa bondade. Derramou elogios no mesmo parlamentar, principal liderança regional do partido. No auge da exaltação, Valdemar chegou a dizer que, no futuro, o PL vai chegar ao governo do Maranhão – como quem estivesse falando do próprio Josimar ou de sua esposa, deputada Detinha, campeã de votos para a Câmara em 2022.
A deputada foi destituída da função de presidente regional do PL Mulher pela ex-primeira Dama Michelle Bolsonaro. Ela a substituiu pela vereadora eleita de São Luís, Flávia Berthier. Josimar engoliu em seco, mas não se engasgou. Quando foi perguntado na reunião do PL em São Luís se será candidato ao Senado, o deputado respondeu com meias palavras. Admitiu, ao lado de Valdemar Costa, que ainda é cedo para debater a eleição majoritária de 2026, mas admitiu que Detinha, sim, poderá vir a disputar uma vaga no Senado Federal. Josimar sempre foge de polêmica e sabe como poucos transitar pelas entranhas da política maranhense e colocar o seu partido no epicentro das maiores votações.
O deputado que enfrenta vários processos no Judiciário, no entanto, é uma máquina de fazer votos. Reeleito em 2008 prefeito de Maranhãozinho, com 85,6% dos votos, em 2014 foi o deputado estadual mais votado no Maranhão, com 99,2 mil votos. Em 2018, repetiu a maior votação para a Câmara Federal, com 195,7 mil votos, pelo PR. Tem vários parentes em cargos eletivos, como o vereador de São Luís Aldir Júnior, as sobrinhas Flavinha Cunha (prefeita de Zé Doca) e Fabiana Vilar, deputada estadual da Alema. A esposa Detinha foi prefeita de Centro do Guilherme e reeleita em 2012 com 82% dos votos. Em 2018, deputada estadual mais votada, com 88,8 mil votos, repetindo o feito em 2022, para a Câmara dos Deputados, com maior votação de 161 mil votos.
Em 2024, na campanha municipal, Jair Bolsonaro ficou irritado com Josimar por ele nunca assumir a postura de bolsonarista, simplesmente porque não precisa do ex-presidente para fazer sua política clientelista que o tornou um fenômeno de urna. Bolsonaro esbravejou numa rádio online, que três ou quatro “não podem usar o seu nome para a eleição de 2026”. E disse mais: “Não tem cabimento isso, são bandidos, um pessoal que tá no Maranhão. A maioria tem que ser expurgada.” Essa “maioria” significa quatro deputados federais do PL, quatro estaduais e 40 prefeitos, todos eleitos pela “máquina eleitoral” de Josimar.
Ao comparecer à reunião do PL em São Luís, Valdemar elogiou Bolsonaro, dizendo que ele “não é uma pessoa normal, mas acima do normal’, mesmo com o carisma, tem dificuldade de se comunicar”. Josimar não endossou nem comentou as palavras do presidente do PL, depois que fez espalhar nas mídias eletrônicas a possibilidade de trocar de partido, levando consigo toda o seu grandioso capital político-eleitoral. Josimar, por enquanto, vai continuar no PL, mas sem se submeter ao extremismo de Bolsonaro. Em tom apaziguador, Valdemar disse que também não é radical e tem espaço para dialogar com a esquerda e o centro.
De fato, Costa Neto foi um dos articuladores, em 2002, da aliança do PL com a coligação que elegeu Lula no PT. Também, ele se opôs aos favoráveis à aliança com o MDB de Roseana Sarney no Maranhão. Valdemar havia relatado as dificuldades, em 2001, de convencer os 246 prefeitos do PL contrários à aliança com o PT, que lhes fazia oposição nos municípios. De qualquer forma, foi o artífice da aliança PT/PL, que indicou o empresário José Alencar como vice de Lula nas eleições de 2002 e 2006. Este ano, no Maranhão, o PL e o PT protagonizaram a única chapa no Brasil que elegeu, em Estreito, o prefeito Léo Cunha (PL) com a vice, professora Irenildes (PT), numa costura de Maranhãozinho, único mandachuva do PL no Maranhão.