Faltando poucos dias para o recesso de fim de ano que, oficialmente, começa no dia 19, a Assembleia Legislativa do Maranhão realizou ontem uma sessão de autêntico quebra-pau entre deputados da oposição e governistas. 

Como não havia nada significativo na pauta dos trabalhos, nem mesmo sobre o orçamento do governo para 2025, os deputados travaram um acirrado debate sobre regras regimentais que disciplinam o rito dos discursos por partidos e blocos. Começou com uma reclamação do deputado Rodrigo Lago (PCdoB) à mesa dos trabalhos, presidida naquele momento pelo veterano Antônio Pereira (PSB), e acabou em bate-boca.

Vários deputados se manifestaram sobre um assunto que não estava na pauta, mas rendeu muito tumulto, num dos momentos nada dignificante para o parlamento maranhense, que passou todos os 24 meses da atual legislativa numa convivência civilizada, comparados com esses últimos dias legislativos de 2024. Os debatedores adotaram um vocabulário recheado das palavras “covarde”, “mentira”, “extramuros” e até a colocação de que o poder Legislativo “chegou ao nível do “pré-sal”. Em meio ao tumulto, o decano da Casa, deputado Arnaldo Mello (PSD), com oito mandatos, permaneceu calado, com ar de perplexidade sobre presenciava ali.

Uma certeza ficou patenteada na sessão de ontem da Alema: Se “forças extramuros” estão realmente interferindo no parlamento estadual para estimular debates tão irrelevantes com intuito de demarcar espaço na oposição, melhor seria que as “forças intramuros” permaneçam onde sempre estiveram. 

A presidente Iracema Vale, que está chegando à metade do primeiro mandato na Alema e enfrentando a judicialização no STF de sua reeleição, está vivendo momentos de pura adrenalina. Pelo menos cinco processos questionam decisões, nomeações de servidores, que o STF cancelou e até prerrogativa de foro dos diretores.

Iracema Vale começou esta semana reunindo-se com deputados da Mesa Diretora e os diretores da Casa para definir a programação dos 190 anos daquele Poder. O evento comemorativo acontecerá entre os dias 16 e 20 de fevereiro do próximo ano. Para a realização de todo o roteiro, foi montado um grupo de trabalho, coordenado pelo deputado Neto Evangelista e do qual também participam os deputados Glalbert Cutrim (PDT), Solange Almeida (PL) e Florêncio Neto (PSB). Antes da fresta haverá o recesso de fim de ano que pode servir também para apaziguar o estado de beligerância local.

Desde a Grécia Antiga, a palavra parlamento já traz o significado de falar ou discursar com inspiração no modelo democrático da política. Hoje em dia, em pleno século 21, muitos parlamentares ainda não entenderam a nobre missão que lhes atribui o povo como seu mandatário. Tal representatividade não pode ser confundida pelos parlamentares não apenas nos discursos mal produzidos, como também na própria função definida na Constituição e no regimento de cada casa legislativa. Toda vez que um legislador se descuida da nobreza do exercício do mandato eletivo quem perde é o eleitorado, verdadeiro dono da representação no parlamento.

O Maranhão vive um período de expectativas favoráveis e confiança em seus representantes eleitos para os Poderes Legislativo e Executivo. Ao mesmo tempo em que a judicialização entre tinindo no Legislativo, com reflexo não apenas na briga entre aliados do ex-governador e atual ministro do STF Flávio Dino e o governador Carlos Brandão, Essa ruptura pode chegando a desfechos totalmente imprevisíveis da política maranhense.