Só 48 horas de cochicho no ouvido dos eleitores dos 217 municípios do MA
Raimundo Borges – Bastidores
A campanha eleitoral no rádio e na TV chegou ao fim e a caçada ao eleitor persiste até domingo, dentro de novas regras definidas pela Justiça Eleitoral. Nessas 48 horas que separam o candidato do eleitor e o eleitor da urna, são cruciais para as diferentes estratégias, principalmente dos candidatos. Os que lideram as pesquisas têm poucas horas para garantir o favoritismo revelado. Os que estão atrás, podem até virar o jogo na véspera, mas sempre é arriscado cair na tentação de burlar a lei e partir para o vale-tudo do desespero de conquistar votos onde não tem ou não se fez convincente na campanha.
No Maranhão são 152 prefeitos, dos 217, que vão tentar ser reeleitos. O que cada um fez desde 2021 é o cartão de visita para a reeleição ou desocupar a cadeira. Poucos desistiram de concorrer ao novo mandato, como ocorreu em Barreirinhas, com o prefeito Amílcar Rocha, que apoia seu opositor até 2020, Léo Costa. Mesmo assim, as pesquisas indicam favoritismo de Vinícius Vale, um estreante na política, filiado ao PSB de Carlos Brandão e da mãe, a deputado Iracema Vale. Um estudo produzido pela Estratégia Pesquisa de Opinião (EPO) revela que no Maranhão, 37 prefeitos trocaram de partido, após as eleições de 2020. Desses, oito estão sem partido e um prefeito e um vice morreram no período.
Fora da tabulação de números de candidatos a prefeito – 15.574 – e a vereador – 431.995 em todo o Brasil, as eleições municipais deste domingo vão deixar um legado muito forte para as próximas gerais de 2026. As tentativas de desmoralizar a Justiça Eleitoral e o sistema do voto adotado no Brasil antes, durante e depois da eleição de 2022 ainda persistem. As instituições democráticas venceram a empulhação, mas seus cabeças e articuladores continuam vivos e atuantes, principalmente nas ferramentas instrumentalizadas na internet. Logo, se conclui que a democracia saiu fortalecida em 2023, mas não salva de novos solavancos.
A eleição municipal é a base que sustenta a democracia. Os vereadores e prefeitos são peças de extremo valor para a vida da cidade e de seus habitantes. Portanto, quanto mais forte for a consciência política do eleitor, mais fortalecida será o sistema produzido pelo voto. Tanto o prefeito quanto o vereador precisam ser bem escolhidos para que as cidades saiam ganhando. A escola, o hospital, a limpeza púbica, a urbanização, o trânsito urbano e todos os demais serviços públicos só funcionam a contento se o prefeito tiver compromisso com a aplicação do dinheiro do orçamento e o vereadores souberem exercer a função de legisladores e fiscais da população perante o Poder Executivo.
Os candidatos estão literalmente em pé de guerra em todos os municípios. Nestas poucas horas que separam o eleitor da urna, tudo o cuidado é pouco para que cada um saiba o que significa o ato de votar. O que sua decisão representa na escolha de quem sairá neste domingo com a ordem expressa para representar todos das cidades, povoados e localidades das zonas rurais do Brasil. Nunca esquecer que, além de eleger seu mandatário, o eleitor precisa estar consciente sobre a importância destas eleições para as próximas que vão eleger o presidente do Brasil, os governadores, senadores e deputados. Se errar agora, as consequências serão malignas para os próximos quatro anos e depois deles.
O horário eleitoral acabou, mas resta espaço para a busca silenciosa do voto. O arremate que significa muito. Tanto pode haver reviravolta de última hora, quanto aumentar o favoritismo de quem lidera as intenções de voto. Há um movimento nacional pelo “voto útil”. É uma estratégia adotada pelo eleitor para votar num candidato que, de antemão, não é, necessariamente, a sua primeira opção. A intenção é levar um terceiro candidato à derrota nas urnas. Em São Paulo, com três nomes empatados nas pesquisas, a pregação do voto útil ganhou enorme apoio nas redes sociais nos comitês das campanhas. É o jogo sendo jogado nos 48 minutos do segundo tempo.