Semana contraindicada para os cardíacos da Ilha
Raimundo Borges – Bastidores
Como sempre acontece em toda eleição, a de 2024 não poderia ser diferente. Os candidatos a prefeito e vereador estão com os nervos em brasa e a mente aos frangalhos. Afinal, eles só têm até esta quinta-feira de programa eleitoral na TV e rádio para “vender” suas propostas. Apesar da internet, essas duas mídias são as principais forças de convencimento do eleitor. Tanto serve para garantir o voto definido, quanto para atrair indecisos e fazer alguém trocar de candidato. Portanto, entre as 48 horas antes e 24 horas depois da eleição, fica proibida propaganda política na TV, rádio, circulação paga ou impulsionada na internet, mesmo se a contratação do serviço tiver sido realizada antes do prazo estipulado.
No Maranhão, nesse tempinho, o clima de tensão, definição e dúvida marcham juntos. Em dezenas de municípios em que as pesquisas indicam empate entre os candidatos, o ambiente é de completa estresse. Como, por exemplo, em Imperatriz entre Rildo Amaral (PP) e Josivaldo JP (PSD); Timon – Dinair Veloso (PDT) e Rafael (PSB); Caxias – Paulinho Jr (PL) e Gentil Neto (PP); – e em Codó – Dr. Zé Francisco e o empresário Chiquinho FC. Ainda nos grandes municípios, como São Luís, com Eduardo Braide; Paço do Lumiar, com Fred Campos; e São José de Ribamar, com Dr. Julinho, a eleição está decidida – dizem as pesquisas ao longo da campanha. A não ser que ocorra uma improvável hecatombe política até domingo.
Na reta final da campanha não há tempo para blá-blá-blás. Tudo precisa de planejamento nos gastos, nas ações de rua, na obediências às regras da legislação e na definição de prioridade. É proibido desperdiçar tempo, energia e recursos financeiros. O foco está nos indecisos, em provar que as propostas são viáveis, que será capaz de resolver pelo menos três problemas explorados na campanha; ir direto ao ponto, reforçar a visibilidade do número que está na urna, colocar a equipe para suar a camisa nas redes e na rua; criar jingles de mensagens curtas, alegres e engraçadas; e não perder tempo falando mal dos adversários. Isso não faz mais ninguém mudar o voto na véspera da eleição.
O eleitor também não pode vacilar nesses dias que o separa da urna. Tem que estar bem informado sobre cada candidato e suas propostas. Saber que o voto é a alma da democracia. O voto é olhar da cidade sobre o hospital, a limpeza, o saneamento básico, a escola municipal e a questão social. Afinal, São Luís é patrimônio da humanidade. É bom ver os disparates de uma pesquisa para outra; desprezar as patacoadas da campanha; também analisar quem mentiu e quem falou a verdade. O Brasil está polarizado entre Lulismo e Bolsonarismo, mas isso não está no jogo municipal que começa e acaba na praça central da cidade.
As pesquisas indicam um universo significativo de eleitores indecisos e outro tanto disposto a não votar ou anular o voto. Eles formam uma legião de ignorantes políticos e covardes para com o interesse de todos. Aqueles que batem no peito e dizem com orgulho não gostar de política, são sempre governados por quem gosta. E nem sempre os que gostam de política são os que gostam de representar bem quem vota. O cidadão que não gosta de política, no entanto, de dois em dois anos abre mão de servir à cidade, ao Estado e ao Brasil. Prefere pagar a multa de não votar; vender o voto, ou ainda, eleger picareta, avacalhando a democracia por achar que “todos são iguais”.
Por comportamento errático dessa natureza é que o Brasil acaba tendo uma representação política totalmente desconectada da sociedade. São legisladores e gestores criando leis e executando obras que atendem a interesses de grupos econômicos, religiosos, grileiros de terras públicas, incendiários das florestas, ladrões de madeira e de ouro nos garimpos ilegais. São esses que indiretamente elegem a política da bala, negam o poder das vacinas, adoram o orçamento pix; são contra o Bolsa Família, o aumento real do salário mínimo, das cotas raciais e de gênero; de negros na universidade. Tudo isso está embutido na eleição dos que rejeitam a política por achar que todos políticos são iguais.