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O MDB rachou na eleição de São Luís e repete na eleição para presidência da Famem

Raimundo Borges – Bastidores

Desde 2004, com 1.052 prefeitos eleitos, até 2020, com 797, o MDB liderou no Brasil o ranking nacional de chefes municipais e uma performance inigualável dentro do Congresso Nacional e na governadoria dos Estados, tendo o Maranhão como o maior exemplo dessa força partidária. Porém, 2024, em 20 anos, foi a primeira vez que o partido  perdeu a hegemonia municipal no país, elegendo 847 prefeitos contra os 878 do PSD. No Maranhão, o PL assumiu a liderança no ranking dos eleitos, com 40 prefeitos, contra 37 do MDB, que tinha apenas sete de 2020.

Essa evolução do MDB se deu graças ao empresário Marcus Brandão, irmão de Carlos Brandão, filiado ao PSB. Em novembro de 2023, Marcus recebeu a direção local do MDB, da deputada federal Roseana Sarney, que substituiu o ex-governador João Alberto – sarneísta de primeira ordem. Com Brandão, o partido continua encravado na engrenagem política do Palácio dos Leões desde 1984, quando José Sarney trocou a presidência do PDS pelo MDB e se tornou vice de Tancredo Neves, quando acabou presidente do Brasil entre 1985 e 1990.

Agora o ex-deputado federal e histórico do MDB, Hildo Rocha, rachou o partido, pelo qual foi prefeito de Cantanhede, deputado federal duas vezes e secretário de Estado. Ele nunca aplaudiu a transferência do partido para Marcus Brandão. Assim, portanto, ele está empenhado em lançar o prefeito reeleito de Cantanhede, José Matinho (MDB) candidato à presidência da Federação dos Municípios do Maranhão (Famem). Se vingar a candidatura, será o contraponto, dentro do MDB, com o prefeito eleitos de Bacabal, deputado estadual Roberto Costa, apoiado pelos Brandão. O governador já fez até encontro-almoço no Palácio dos Leões para pedir voto para Costa.

A priori, parece um contrassenso essa disputa interna no MDB. José Martinho também realizou almoço com 49 prefeitos, bem longe da maioria dos 217, mas representa força suficiente para tornar a eleição da Famem uma estranha disputa dentro do mesmo partido. Roberto Costa é vice-presidente regional e tem toda a sua carreira política como deputado estadual, vinculada ao MDB. Tem ligação estreita com João Alberto, que o ajudou a ser eleito vereador de Bacabal, aos 89 anos, com a maior votação do interior Estado, algo acima de 2,5 mil votos.

Desde as longas décadas das famílias Sarney e Lobão como lideranças que deram voz e peso político ao MDB maranhense, nunca se viu qualquer tipo de dissidência interna. Agora, caso se concretize a disputa na eleição da Famem entre dois emedebistas será um pleito bastante agitado, principalmente num partido que elegeu 37 prefeitos num total de 217, o que vai exigir todo um jogo bem articulado junto às demais legendas, como o PL, com 40 chefe municipais, o PSB do governador Carlos Brandão, com 19. Nesse cenário, é pouco provável que Hildo Rocha consiga finalizar a candidatura de seu afilhado de Cantanhede.

Convém explicar que o MDB já entrou na eleição municipal de 2024 dividido. O presidente Marcus Brandão foi coordenador da campanha do candidato a prefeito de São Luís pelo PSB, deputado Duarte Júnior, que ganhou o apoio do colega de Câmara, Josimar do Maranhãozinho, do PL. Já o deputado federal Cleber Verde, que comanda o MDB de São Luís, preferiu colocar o partido na aliança liderada pelo prefeito Eduardo Braide (PSD) que, no entanto, até agora se mantém equidistante da eleição da Famem. Ele repete os demais prefeitos da capital. Mas é curiosa essa divisão do MDB no Estado em que mandou por mais tempo e mais abrangência de poder na história do Partido no país.

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