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Nem esquerda nem direita, o Maranhão é do Centrão

Raimundo Borges – Bastidores

Contabilizados os resultados das eleições municipais no Maranhão, o mapa desenhado pelas urnas não tem nitidez de coloração político-ideológica. Principalmente, na tonalidade dos partidos localizados nas fronteiras entre esquerda e direita. O que prevaleceu como, aliás, acontece em todas eleições pelo país afora, foi o peso da força de quem está no Palácio dos Leões. Este ano, o partido que mais cresceu foi o PSB do governador Carlos Brandão, que tinha seis prefeitos e saltou para 19. O PL, por incrível que pareça, foi o que menos cresceu. Tinha 39 eleitos em 2020 e ficou com 40 agora – mas numericamente é o maior.

O PCdoB, que em 2016, no começo do 1º mandato de Flávio Dino, produziu uma explosão de crescimento, passando do zero a 46 prefeitos, seguido do PSDB, presidido no Maranhão pelo então vice-governador Carlos Brandão, ficou em segundo lugar, com 29, e o PDT do senador Weverton Rocha, aliado de Dino naquela eleição, elegeu 28 prefeitos. Este ano, o PCdoB não passou de dois prefeitos, o mesmo número do PT, que só tinha um de 2020. Portanto, de uma eleição para outra, a força do partido não tem nenhum significado. O que move a política no Maranhão são as emendas pix de verbas federais e o poder emanado dos Leões.

Além de ser o partido que mais cresceu no Maranhão em quatro anos, o PSB elegeu nos grandes municípios, Timon, Rafael, 42, (que suprimiu o sobrenome Leitoa) com 44% dos votos, contra a prefeita Dinair Veloso. Em Paço do Lumiar, o empresário e advogado Fred Campos, 42, obteve uma vitória acachapante, de 69,92% dos votos, deixando o segundo colocado Felipe Gonçalo, com apenas 22%. Frede é caxiense, bisneto de Alderico Silva, o “Seu Dá”, figura mais rica no século 20 em Caxias, lendário empreendedor com influência política e empresarial no comércio, na pecuária e em várias outras áreas da economia. Fred é o único prefeito eleito fora do mandato, na Ilha Upaon-Açu. Os demais são: Eduardo Braide, Dr. Julinho Matos (Ribamar) Eudes Barros.

A eleição de segundo turno em Imperatriz, principal município do interior do Maranhão terá um capítulo à parte. É o encontro do bolsonarismo de Maria Carvalho (REP) contra Rildo Amaral (PP), partido capitaneado no Estado pelo ministro dos Esportes, André Fufuca, que elegeu 80 prefeitos domingo e se cacifou para disputar uma cadeira no Senado em 2026. No 1º turno Bolsonaro e a esposa Michelle estiveram em Imperatriz e deverão voltar agora. Como se pode ver, é o Centrão se engalfinhado na terra do Frei Procópio. No mesmo campo centrista jogam Carlos Brandão e o seu chefe da Casa Civil, Sebastião Madeira, líder político de Imperatriz, que apoia Rildo.

Seja como for, as eleições do Maranhão foram ganhas por partidos do centrão, que reúne uma plêiade de vários segmentos empresariais do agronegócio, da indústria, do comércio, evangélicos e até alguns setores trabalhistas. Eles estão no MDB, PSDB, Podemos, PSD, Republicanos, Avante, etc. Mas na realidade, cada estado apresenta uma configuração diferente no mapa eleitoral produzido pelas urnas do dia 6 e que ainda vai receber novas colorações no 2º turno, dia 27 deste. Sem a sombra do dinismo no cenário político maranhense, Brandão é sujeito da oração que vai “concordar” com o verbo suceder, das eleições estaduais em 2026.

Eleito com a maior votação na história de São Luís, 403,981, o prefeito Eduardo Braide passa a ser um nome considerado na disputa do governo do Maranhão. Sobre esse assunto ele falou logo após ser reeleito domingo passado. “Cada situação no seu tempo”, disse, numa frase de Eclesiastes, com significados cifrados. Braide deixou claro que a possibilidade de candidatura existe, mas ele prefere não alimentar uma discussão fora do tempo. O objetivo é continuar sua programação das obras em andamento e novo planejamento para os próximos anos. Também o governador Carlos Brandão vai jogar nesse campo a partir de agora, alimentando as opções de candidatura à sua sucessão: Orleans Brandão, Iracema Vale e Felipe Camarão.

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