Mulheres avançam na busca do poder municipal
Raimundo Borges – Bastidores
A cada eleição as mulheres vão ampliando seu protagonismo na política brasileira, não por “permissão” dos homens que historicamente tinham as mulheres apenas com o humilhante carimbo de “dona de casa”. A presença delas na política pode ter agora a maior referência mundial, caso a vice-presidente dos Estados Unidos Kamala Harris confirme seu favoritismo hoje e se torne a primeira mulher a presidir a super potência econômica do planeta. O Brasil, onde o eleitorado feminino é 52% do total, viu a sua primeira presidente, Dilma Rousseff ser derrubada por um golpe político-judiciário em 2016. Porém, chega a 2024 com as mulheres ultrapassando os 30% de candidaturas à prefeitura e câmaras municipais.
O Maranhão tem dado exemplo do avança feminino na política. Mesmo com enorme atraso, a Assembleia Legislativa elegeu a 2022, com 197 anos, elegendo 12 deputadas, do total de 43 cadeira no plenário. Todas estão desbravando o mundo da política, com talento e respeito ao mandato. Principalmente, a sua primeira presidente Iracema Vale, que atua com desenvoltura, liderança e efetiva valorização do parlamento estadual. Em 2024, as mulheres poderão bater recorde de conquistas dos mandatos municipais nas câmaras e prefeituras, embora elas tenham ainda baixa representatividade em relação ao gênero masculino, mas estão chegando com desembaraço e força total.
Sem uma equivalência de poder político entre mulheres e homens, a democracia brasileira permanecerá mancando. E para mudar essa história, é fundamental que as mulheres como maioria na população, nas escolas e nas universidades, não desistam de ampliar seus espaços, mostrando talento, ética e compreensão da realidade brasileira e da maranhense. Só elas podem ocupar o espaço que lhes cabe na sociedade e nas esferas de poder. Afinal, o que se passa no momento na política americana é algo fenomenal que o mundo jamais perderá de vista. Uma negra, filha de imigrantes no centro da histórica convenção do Partido Democrata – simplesmente monumental.
A essência da democracia brasileira, conceituada pelas elites de “racial”, no entanto nunca foi feita com base em concessões pelo poder dominante, mas sim de luta das mulheres, dos trabalhadores, dos negros, dos intelectuais, dos quilombolas, indígenas e outras minorias de gêneros. O conceito de “democracia racial” e o contraponto ao racismo estrutural. É um mito ideológico, baseado nas desigualdades sociais e nas discriminações. Se os americanos poderão colocar a primeira mulher na Casa Branca, no Brasil as eleições municipais já têm um número recorde de mulheres, negros e outras identidades de gênero.
A sub-representatividade política de setores da sociedade começa a ser abalada no Brasil desde os anos 90, por uma série de regras eleitorais que permitem as cotas de gênero nas eleições proporcionais. Inclusive com punições severas para quem fraudar tais regras, que redundam também na divisão proporcional dos recursos dos fundos Partidário e Eleitoral. Em relação a 2024, o número de candidatas avançou para 39,94%, segundo mapeamento do TSE. Na eleição de quatro anos atrás, elas representavam 33,5%. Agora, as mulheres chegaram a 149,8 mil registros, sendo 144,1 mil para vereadores. Os homens são apenas 5,5 mil para cargos majoritários – prefeitos e vices.
Jogo pesado (1)
A Câmara de Vereadores de São José de Ribamar protocolou nesta terça-feira, 20, pedido de afastamento do presidente Dudu Diniz do cargo, por práticas ditas incompatíveis com o exercício do mandato, em resposta a denúncias do Ministério Público.
Jogo pesado (2)
O MP acusa Diniz, que é candidato a prefeito da cidade, de nomear funcionário fantasma, fato que gerou tensão na casa legislativa. Ele chegou a cancelar a sessão de 3ª feira da Câmara para não permitir que o pedido de afastamento fosse protocolado. As sessões serão apenas uma por semana.