Lula e Bolsonaro no centro das campanhas
Raimundo Borges – Bastidores
Apesar da polarização raivosa entre seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos mais variados temas político, sociais e econômicos, não é fácil identificar em qual município cada um deles tem mais influência nas eleições municipais deste ano. No Maranhão onde o poder público é o maior empregador e maior investidor em infraestrutura, o peso eleitoral dos dois líderes está mais difícil do que nunca de ser capturado nas pesquisa eleitorais. Portanto, o jogo é tão diferenciado do restante do Brasil que em 28 municípios maranhenses e em 82 no país, o PL de Bolsonaro e o PT de Lula estão coligados. Se até São Luís está nesse imbróglio ideológico, imagine lá nos grotões do interior.
Pelo Brasil afora, tanto Bolsonaro quanto Lula se tornaram cabos eleitorais, a partir de São Paulo, maior cidade da América Latina, com 11,4 milhões de habitantes e um orçamento de R$ 111,8 bilhões em 2024. Na capital paulista, Lula participa diretamente da campanha do candidato do PSOL, deputado federal Guilherme Boulos, que tem como vice a petista Marta Suplicy. Por sua vez, Jair Bolsonaro está dividido entre o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o coach bolsonarista Pablo Marçal, do PRTB. Essa postura dúbia está embolando o centro da campanha municipal paulistana.
Em São Luís, o jogo pela prefeitura não tem a presença de Bolsonaro como não tem candidato do PL entre os oito postulantes. O ex-presidente ainda gravou vídeo apoiando o candidato do PRTB, Yglésio Moises, mas não passou disso. No momento, Yglésio ainda não chegou aos 10% nas últimas pesquisas. Como ele nunca foi bolsonarista engajado, os seguidores do ex-capitão estão espalhados em volta das candidaturas de Eduardo Braide, o líder favorito nas pesquisas; de Duarte Júnior (PSB), que tem o PL em sua coligação; e de Welington do Curso (Novo), ex-sargento do Exército, com forte influência no meio militar.
Como o PT também não tem candidato a prefeito, colocou a advogada Isabelle Passinho como vice de Duarte Júnior, que usa à exaustão a imagem do presidente Lula em seu programa de TV e rádio, elogiando e pedindo voto para o socialista. O que chama a atenção, até agora, é a ausência de Carlos Brandão na TV, manifestando apoio a Duarte, embora esteja engajado em sua campanha institucional. O irmão do governador, empresário Marcus Brandão é o coordenador da campanha de Duarte, como presidente do MDB, cuja legenda rachou na eleição de São Luís e ingressou na coligação do prefeito Eduardo Braide.
Pesquisa da Quaest aponta Bolsonaro superando Lula em nove capitais, enquanto o presidente fica à frente em três. O petista ganha Bolsonaro em Recife, Fortaleza e Salvador, em empata com o antecessor em Belém, Macapá, Belo Horizonte, Florianópolis, Aracaju, João Pessoa, Vitória, São Paulo e Porto Alegre. O jogo é complicado quando a pesquisa quer saber se os eleitores votariam em um desconhecido indicado pelo petista ou pelo ex-presidente: em 21 capitais, a maioria das respostas é sim. Certamente por acreditar na força política de Lula é que Duarte Jr está apostando forte na presença do presidente da República em sua campanha televisiva e, possivelmente, em ato na capital.
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Quem quer dinheiro?
Os candidatos Eduardo Braide (PSD), Duarte Júnior (PSB), Flávia Alves (SD) e Fábio Câmara (PDT) receberam milhões de seus partidos para a campanha de prefeito. Braide ficou com R$ 2,8 milhões; Duarte R$ 2,5 milhões; Flávia Alves, 2 milhões; e Fábio Câmara R$ 1 milhão.
Todo o dinheiro dos quatro candidatos foi enviado pela direção nacional dos respectivos partidos. Chama a atenção, o valor de Câmara, que declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio pessoal, uma merreca para quem
Já o candidato Dr. Yglésio (PRTB), que declarou possuir R$ 260 mil, recebeu outros R$ 100 do partido e doou R$ 150 do bolso. Wellington do Curso (Novo) doou para a própria campanha eleitoral R$ 100 mil. Ele é o único que ainda não recebeu aporte de seu próprio partido.